quinta-feira, 3 de setembro de 2020

SEIS SUGESTÕES


Hoje na Sábado.

Os prelos continuam activos e, apesar do Verão, há novidades de todo o tipo. Além de nova tradução da Eneida, o mais famoso épico latino, merecem destaque um romance autobiográfico de Édouard Louis, memórias de Patti Smith, o relato de Malaparte feito a partir de Leninegrado, o ensaio colérico que Bernard-Henri Lévy dedica à pandemia e a biografia política de Amália escrita pelo jornalista Miguel Carvalho.

Não é a primeira vez que os doze livros da Eneida de Virgílio são vertidos para português. Agostinho da Silva já o havia feito, mas a nova tradução de Carlos Ascenso André, além de anotações ao poema, tem a vantagem de lhe acrescentar uma introdução em forma de exegese (acção, personagens, modelo neotérico), auxiliar precioso para o leitor menos versado em cultura latina. Quem não conhece a epopeia do troiano encontra nestes quase dez mil hexâmetros heróicos, extremamente fluentes na língua de chegada, a suma de uma vida. Imprescindível. Esta edição segue de perto a de Jacques Perret. Editou a Cotovia.

Com poucos meses de intervalo foram traduzidos dois romances autobiográficos do francês Édouard Louis (n. 1992), sendo o mais recente Quem Matou o Meu Pai. Ao contrário do anterior, o foco não são os preconceitos de classe nem as várias formas de xenofobia e homofobia. O autor responsabiliza directamente quatro presidentes (Chirac, Sarkozy, Hollande e Macron) pela morte do pai: «Porque é que nunca se dizem estes nomes numa biografia?...» Citado assim, parece um panfleto. Longe disso. Quem Matou o Meu Pai é uma evocação pungente dos desencontros entre pai e filho. As “reformas” que partiram a espinha à classe trabalhadora francesa explicam o título. Setenta páginas de um libelo seco, sem resquício de auto-complacência. Editou a Elsinore.

Foi agora traduzido O Ano do Macaco, terceiro volume das memórias de Patti Smith (n. 1946). O mais recente ano do macaco foi 2016, aquele em que Patti fez 70 anos e Trump foi eleito: «O fanfarrão urrou. E o silêncio tomou conta de todos. […] Um grande viva à apatia americana.» Patti tinha razão: «quem decide são os que estão quietos e calados…» Aproveitou para viajar. Entre Manhattan e Venice Beach, a errância incluiu Lisboa, «cidade das noites calcetadas», com um punhado de páginas dedicadas a Pessoa. Vagabundagem, recordações de amigos moribundos (Sam Shepard, Sandy Pearlman) e, claro, a velha obsessão com os sonhos. Patti nunca desilude. Editou a Quetzal.

Actualmente já poucos se lembram do italiano Curzio Malaparte (1898-1957), autor de uma obra muito vasta, em vários géneros. Escritor maldito, cinco anos em degredo por delito de opinião, misto de repórter, diplomata e agente secreto, Malaparte publicou Kaputt em 1944, logo após a queda de Mussolini. A história de como fez chegar o manuscrito (dividido em três partes) a Milão ilustra bem o melindre da situação. Kaputt narra o cerco a Leninegrado visto a partir do lado alemão, enquanto correspondente do Corriere della Sera. Palavras suas: «A guerra é a paisagem objectiva deste livro.» Pese embora a quota ficcional, os factos estão lá. Traduzido em todo o mundo, Kaputt deu ressonância planetária a Malaparte. Editou a Cavalo de Ferro.

Os leitores de Bernard-Henri Lévy (n. 1948) não ficaram surpreendidos com a ira do filósofo perante a gestão política da pandemia Covid-19, Este Vírus Que Nos Enlouquece. O «medo que se abateu sobre o mundo» seria uma consequência irracional da ascensão do poder médico. Lévy exorciza os novos aprendizes de feiticeiro, o confinamento das sociedades, a lamentável combinação de «maus sentimentos e maus reflexos», o inevitável «regresso dos bufos à antiga», a rapidez com que o Ocidente se deixou subjugar pelo totalitarismo chinês. Controverso, decerto. Ou não seria BHL. Editou a Guerra & Paz.

No ano do centenário de Amália, o jornalista Miguel Carvalho (n. 1970) publicou uma minuciosa biografia da fadista — Amália. Ditadura e Revolução. O autor desconstrói a lenda que “amarra” Amália ao Estado Novo. Quem não sabe, fica a saber que Amália apoiou as famílias de presos políticos, militantes comunistas na clandestinidade e até sequazes de Humberto Delgado. As revelações não ficam por aqui. Bem documentada, essa “história secreta” é narrada com desenvoltura. Miguel Carvalho entrevistou cerca de cem pessoas, cotejou fontes e fez uma síntese de seiscentas páginas. O volume inclui cronologia, bibliografia, portfolio fotográfico e índice onomástico. Um documento para a História. Editou a Dom Quixote.

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

CIDADANIA

A pretexto da birra de uma família de Famalicão que proibiu os filhos de frequentar a disciplina de Educação para a Cidadania — objecção de consciência, dizem —, várias personalidades da Direita (Cavaco Silva, Passos Coelho, Adriano Moreira, Ribeiro e Castro, David Justino, o cardeal Manuel Clemente, etc.), às quais se juntou o deputado socialista Sérgio Sousa Pinto, divulgaram o manifesto Em defesa das liberdades de educação.

Alega a família de Famalicão que compete aos pais, e não ao Estado, educar os filhos em matérias como comportamento cívico, Direitos Humanos, educação ambiental, educação rodoviária, educação para o desenvolvimento sustentável, saúde e sexualidade, igualdade de género, segurança e defesa nacional, voluntariado e outras.

Tendo faltado a todas as aulas da disciplina, os alunos chumbaram. O caso chegou a tribunal. E o Presidente da República recebeu em audiência (ontem) os professores Braga da Cruz e Mário Pinto, primeiros subscritores do referido manifesto.

Então e se agora todos achássemos que compete às famílias, e não ao Estado, ensinar física e matemática?

terça-feira, 1 de setembro de 2020

A ORDEM NÃO PIA?


Por causa do que se passou no Lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, em Reguengos de Monsaraz, instituição onde morreram 18 pessoas, a Ordem dos Médicos, controlada pelo PSD, tentou provocar uma crise política.

Agora que morreram 16 pessoas nas Residências Montepio, um lar de luxo situado na Rua do Breiner, no Porto, não se ouve um pio, embora a situação seja do conhecimento da ARS NORTE desde 4 de Agosto.

Nada de novo. A Ordem dos Médicos também ignorou a tragédia do Lar do Comércio de Matosinhos, onde morreram 24 pessoas.

Em vez de se preocuparem com festas, onde só vai quem quer, as pessoas deviam preocupar-se com a situação dos Lares (em todo o país existem 60 com surtos infecciosos), instituições onde 747 pessoas, utentes e trabalhadores, estão infectados.

Não esquecer que, do total de óbitos verificados até anteontem em Portugal, 39% correspondem a utentes de Lares.

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domingo, 30 de agosto de 2020

E.M. DE MELO E CASTRO 1932-2020


E. M. de Melo e Castro, poeta e ensaísta, morreu ontem em São Paulo, no Brasil.

Engenheiro têxtil de formação e antigo professor de design, Melo e Castro foi um dos fundadores — e porventura o nome mais mediático — do Experimentalismo na poesia portuguesa.

Conheci-o pessoalmente em Agosto de 1986, nas terceiras Jornadas Poéticas de Cuenca, onde ambos participámos juntamente com Al Berto. O autor de Caralhamas (1975) revelou-se um homem afável.

Anos mais tarde partiu para o Brasil, onde se doutorou em Letras e leccionou literatura comparada em várias universidades. Foi casado com a escritora Maria Alberta Menéres. Em 2006, uma grande retrospectiva da sua obra (videopoesia, poesia concreta, infopoesia, um ciclo de imagens fractais) foi apresentada no Museu da Fundação de Serralves. Tinha 88 anos.

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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

NIKIAS SKAPINAKIS 1931-2020


Morreu ontem Nikias Skapinakis, um dos nomes centrais da pintura portuguesa do século XX. Está agora a fazer um ano que pela última vez o vi em Descontinuando, a exposição de pintura e desenho inaugurada na galeria do Teatro da Politécnica a 11 de Setembro de 2019.

Filho de pai grego e mãe portuguesa, Skapinakis nasceu em Lisboa, frequentou arquitectura, mas abandonou o curso para dedicar-se a tempo inteiro à pintura. Representado nas colecções e museus mais importantes do país, pode ainda ser visto na Brasileira (café do Chiado) e no metropolitano de Lisboa (estação de Arroios). Além de revistas literárias, ilustrou livros de Aquilino e Nemésio. Entre as várias retrospectivas da sua obra, destacam-se as da Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação de Serralves, Museu do Chiado, Museu Berardo, Centro Cultural de Cascais e Fundação Carmona e Costa.

Talvez esteja na altura da RTP repor Nikias Skapinakis: O Teatro dos Outros (2007), documentário de Jorge Silva Melo sobre o conjunto da obra.

Várias vezes premiado e nobilitado (Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, etc.), o seu nome consta do memorial às vítimas da ditadura instalado em 2019 na estação Baixa-Chiado do metropolitano de Lisboa.

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terça-feira, 25 de agosto de 2020

PENSIONISTAS RESSARCIDOS

Com a publicação em Diário da República da Lei n.º 48/2020, de 24 de Agosto, os pensionistas com pensões atribuídas, com atraso, entre Janeiro de 2017 e Outubro de 2019, podem agora requerer a rectificação das declarações de rendimentos referentes a esses anos. Podem fazê-lo a partir do próximo dia 24 de Setembro, data de entrada em vigor da Lei.

Trata-se de regularizar o IRS cobrado no acto das atribuições (atrasadas) daquele período de tempo, as quais, por força dos retroactivos, sofreram mudança de escalão e consequente subida do valor retido na fonte.

Uma boa notícia para quem se reformou naquelas condições.

domingo, 23 de agosto de 2020

DEPLORÁVEL

No final da entrevista dada pelo primeiro-ministro ao Expresso, a conversa prosseguiu off the record, tendo António Costa dito o que muitos portugueses pensam acerca dos médicos de Reguengos de Monsaraz que, alegadamente, recusaram trabalhar no Lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, onde morreram 18 pessoas.

É precisamente essa parte da conversa em off que chegou às redes sociais em forma de vídeo. Bem pode o Expresso bramar contra o Whatsapp, o Facebook, o Twitter, o Youtube, blogues, etc. O mal está feito. Nunca o jornalismo português desceu tão baixo.

sábado, 22 de agosto de 2020

FOLHETIM


Como é que o primeiro-ministro, um político inteligente e um homem avisado, anuiu a dar uma entrevista em folhetim? Quem não sabe, fica a saber: a “entrevista” hoje publicada é o lead, em forma de teaser, de uma entrevista a publicar na íntegra no próximo dia 29.

Os inconvenientes são óbvios: durante uma semana, toda a especulação é possível.

Deplorável.

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sexta-feira, 21 de agosto de 2020

VACINAS

Serei só eu a considerar irrealista falar de encomendas — efectuadas por dezenas de países, entre eles o nosso — de «vacinas Covid-19» para o fim do ano? E logo 6,9 milhões de doses? Mas quais vacinas?

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

AGITPROP CORPORATIVO

O país está à mercê dos humores das Corporações profissionais. Só não vê quem não quer ou anda muito distraído.

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

REGUENGOS

Uma das responsáveis pelo Lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, em Reguengos de Monsaraz, onde morreram 18 pessoas, fez ontem uma boa pergunta. Cito de cor: «Os médicos e enfermeiros que deram informações à Ordem dos Médicos não actuaram...? Viram o que dizem ter visto e nada fizeram...?» Na mesma peça, da TVI, um médico é confrontado com a saída do Lar no auge do surto.

Numa cronologia dos factos, o Expresso regista, com data de 3 de Julho, data em que as vítimas mortais eram oito: «Médicos hospitalares deixam de prestar apoio presencial.» Porquê? Por ordem de quem? Com que intuito?

Ainda a cronologia: a 10 de Julho, com dezasseis mortos, «Médicos verificam que em várias ocasiões houve medicação que não foi administrada a múltiplos doentes.» Verificaram. Mas fizeram o que deviam? Ou foram a correr escrever o paper da Ordem?

Disse ao Expresso o presidente da Administração Regional de Saúde do Alentejo que, alegando falta de condições para prestar cuidados aos 84 utentes, «os médicos recusaram-se a trabalhar

Por que razão a Ordem dos Médicos, tão pressurosa em Reguengos de Monsaraz, assobiou para o lado durante o gravíssimo surto do Lar do Comércio, em Matosinhos, onde morreram 24 pessoas?

Tudo isto levanta uma série de interrogações. Cabe ao DIAP de Évora esclarecer o imbróglio. Face à gravidade do ocorrido, o modus operandi do gabinete da ministra é um detalhe absolutamente irrelevante.

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

MUDANÇA DE CICLO


Soube-se hoje: em Setembro, Manuel Alberto Valente abandona o cargo que ocupa há doze anos no Grupo Porto Editora (o de director da Divisão Editorial Literária de Lisboa). Palavras suas:

«A Porto Editora proporcionou-me 12 anos de trabalho editorial quando outros me consideravam já “velho” para me adaptar às novas realidades desse mundo. Só isso bastaria. Mas ajudar a salvar ou recuperar chancelas como a Sextante, a Assírio & Alvim e a Livros do Brasil — e fazê-lo sem constrangimentos de qualquer espécie e com o apoio e a cumplicidade de todos — foi realmente a cereja no topo do bolo

Manuel Alberto Valente, de quem sou amigo há quase trinta anos, marcou como poucos a edição portuguesa: primeiro na Editorial Inova (1969-1981), depois como director editorial da Dom Quixote (1981-1991), a seguir como director-geral da Asa (1991-2008), desde 2008 na Porto Editora. A partir de Setembro será consultor do Grupo.

Para o seu lugar entra Vasco David, o editor que garantiu o padrão de qualidade da Assírio & Alvim. Dispensa mais apresentações.

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CAÇA


Começou a caça à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. O país beato e hipócrita não tolera que Ana Mendes Godinho tenha tido a franqueza de dizer o óbvio, ou seja, que não leu o relatório da auditoria feita pela Ordem dos Médicos no Lar de Reguengos de Monsaraz, um estabelecimento da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva.

Para ler relatórios existem os assessores. Sempre assim foi e será. Os assessores da ministra e os assessores dos secretários de Estado responsáveis pela área em pauta: Gabriel Bastos, da Segurança Social, Ana Sofia Antunes, da Inclusão das Pessoas com Deficiência, e Rita da Cunha Mendes, da Acção Social. E a seguir os directores-gerais. Chama-se hierarquia.

O que se terá passado no Lar de Reguengos de Monsaraz tem de ser investigado, claro que sim, e rapidamente, mas pelo Ministério Público. Ou será que a referida Fundação tem imunidade?

O que o Governo devia fazer era aproveitar o pretexto para inspeccionar todos os lares da terceira idade, chamem-se Casa de Repouso, Clube Sénior ou outra coisa qualquer, sejam propriedade de quem forem (Santa Casa, Igreja, Bancos, Empresas públicas e privadas, Associações, empresários em nome próprio, Estado, sindicatos, Fundações, etc.) e, em consequência, agir. O busílis, diz quem conhece bem o sector, é que uma inspecção a sério levaria ao encerramento imediato de 6 em cada 10 estabelecimentos existentes no país. E falo apenas dos legais.

O único erro de Ana Mendes Godinho foi ter dado a entrevista a quem deu. O resto é chicana política.

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domingo, 16 de agosto de 2020

RITZ & SILLY SEASON


A pandemia não acabou com a silly season. Este ano as televisões apostaram no ‘faça férias cá dentro’ em formato publicitário. Restaurantes do Portugal profundo, resorts exclusivos que há seis meses não queriam saber dos portugueses para nada, empresas de turismo fluvial, e por aí fora.

Ontem, a TVI dedicou largo espaço ao Ritz de Lisboa, que reabriu no passado dia 1 após quatro meses de encerramento.

Não me lembro de ter ouvido nenhuma referência a Pardal Monteiro, o arquitecto que desenhou o hotel inaugurado há 60 anos. Estamos a falar do arquitecto do Instituto Superior Técnico, da Biblioteca Nacional, da Reitoria e das Faculdades de Direito e de Letras da Universidade de Lisboa, do Instituto Nacional de Estatística, da Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, das Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos, da Estação Ferroviária do Cais do Sodré, do edifício onde funcionou (entre 1940 e 2016) o Diário de Notícias, do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, do Hotel Tivoli, etc. Dito de outro modo, do arquitecto que fixou a imagem da Lisboa moderna. Qualquer das obras mencionadas faria boa figura em Berlim, Londres, Paris, Madrid e qualquer outra cidade europeia. Só me recordo de ouvir dizer: «O hotel ocupa um quarteirão inteiro... nestes corredores cabe um carro... » Se for um Smart cabem dois, diria eu.

Também não me recordo de ouvir referir o nome de nenhum dos artistas (e são dezenas) com obras espalhadas pelo átrio, paredes, salões, galerias, bar, restaurante, escadarias e quartos. Assim de repente, lembro-me de Almada Negreiros, cujas tapeçarias são uma das imagens de marca do hotel, Sarah Afonso, Carlos Botelho, Querubim Lapa, Sá Nogueira, Lagoa Henriques, Jorge Vieira, Carlos Calvet, Martins Correia e Bartolomeu Cid dos Santos. Mas sobram muitos, muitos mesmo. São poucos, em Portugal, os lugares em que a arte portuguesa está representada a este nível.

Alguém devia ter dado uma cábula ao autor da peça. É curto dizer que o hotel aproveitou o confinamento para «fazer barulho», metáfora usada para as obras de remodelação dos terraços e renovação total do restaurante Varanda «a caminho de uma estrela Michelin» e de todos os quartos.

Não tenho nada contra a publicidade, neste caso focada na certificação Clean and Safe. Mas o essencial ficou de fora. E tanto que havia para dizer.

Na imagem, a sala que serve de antecâmara do restaurante. Clique.

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

MANOBRAS

E se tudo não passar de manobra de branqueamento do Chega antes da Grande Aliança da Direita?

Haveria, haverá, sabemos que há, pior do que o partido do deputado Ventura. Portanto, a manobra visaria reforçar o contraste. Até aqui, nada de novo. Faz parte dos manuais. Pode ser que me engane, mas devemos considerar a possibilidade.

Compete aos serviços de informações desatar o nó górdio, investigando, aconselhando as autoridades em matéria de protecção dos visados pela ameaça, actuando no âmbito das suas competências.

Sobre o tema, o Presidente da República devia guardar de Conrado o prudente silêncio (cf Boileau). E quem diz o PR diz todos os órgãos de soberania.

A indignação mediática gera audiências mas não tem eficácia prática.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

TAP NAS MÃOS DA BCG


A TAP escolheu a consultora Boston Consulting Group para elaborar o plano de reestruturação que tem de ser apresentado à Comissão Europeia. O plano visa a redução de rotas, aviões e pessoal. O próximo CEO (o actual é interino) também será escolhido pela BCG.

A ver vamos quando e como acaba a saga.

Clique na imagem.

KAMALA HARRIS


Kamala Harris, 55 anos, senadora, antiga procuradora-geral da Califórnia, antiga promotora pública de São Francisco, filha de imigrantes (a mãe, cientista e especialista em cancro da mama, nasceu na Índia; o pai, professor emérito de economia na Universidade de Stanford, nasceu na Jamaica), foi a escolha de Biden para a vice-Presidência.

Recordar que Ms Harris, uma progressista moderada, foi a mais dura opositora de Biden nas Primárias do Partido Democrata (está na memória de todos a forma como embaraçou o antigo vice-Presidente nas questões raciais), tornando-se, com esta nomeação, a quarta mulher em toda a História dos Estados Unidos a ser escolhida como candidata a eleições presidenciais. Isto depois de ter sido a segunda mulher não branca eleita para o Senado.

Infelizmente, Trump deve ser reeleito, mas fica aberto o caminho para 2024, então já como candidata a Presidente.

Imagem: NYT. Clique.

terça-feira, 11 de agosto de 2020

ABATE DE VELHOS


Todos os dias regredimos um passo. Agora discute-se se o direito de voto deve ser interdito a partir dos 70 anos. Parece anedota, mas não é.

O n.º 141 da Philosophie Magazine (Agosto, 2020) publica sobre o assunto uma entrevista com Andrei Poama, docente da Universidade de Leiden. Síntese: «Avec ce système, on passerait de Une Personne, Une Voix... à Un Futur, Un Vote

Em pauta, distinguir direitos em função da idade. Raciocínio: se os mais velhos participam em maior escala, face à apatia dos mais jovens, então o escrutínio reflecte as opções dominantes dos soi disant idosos. O Brexit e Trump seriam exemplos. E esta?

Ao longo da entrevista são citados filósofos, politólogos e scholars de várias nacionalidades, como Philippe Van Parijs, Richard Posner, William MacAskill, Robert Goodin, Douglas Stewart, Silvano Möckli e Alexandru Volacu.

Imagem: Philosophie Magazine. Clique.

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

TVI & DGS

Quatro dirigentes da Direcção-Geral de Saúde interromperam as suas comissões de serviço.

Uma morreu. Outra, tendo concorrido a um cargo na ONU, foi exercer as suas novas funções (internacionais). O antigo subdirector-geral havia pedido em 2019 para regressar ao lugar de origem. O quarto caso é análogo e também está documentado.

Por que raio a TVI insiste na chicana tablóidesca, falando com aleivosia de coincidências...? Nem os mortos escapam?

Já agora: o que é um dirigente de topo...?

TWILIGHT ZONE


Caiu perto da barragem do Lindoso, mas já em território de Espanha, um avião anfíbio Canadair que participava no combate aos fogos do Gerês. O piloto português morreu, o co-piloto espanhol ficou ferido em estado grave. Tudo aconteceu anteontem.

Narrativa dos media: socorros do INEM chegaram ao fim de três horas.

Fita do tempo: socorro do INEM chegou em oito minutos.

Imagem do Twitter. Clique.