sexta-feira, 24 de setembro de 2021

GALINÁCEOS

Hoje vou falar de coisas triviais que deviam incomodar as pessoas comuns. Aparentemente, não incomodam.

Falo das galinhas e frangos de aviário que se vendem nas chamadas grandes superfícies. Não terá passado despercebido a nenhum consumidor atento que os confinamentos deram origem a um downsizing generalizado. A distribuição nunca parou, é verdade, mas os despedimentos de que ninguém fala (e foram muitos), bem como a quebra de importações, fazem-se sentir desde o Outono do ano passado.

Estando obrigada a conhecer e fazer respeitar as regras de criação, abate, conservação e comercialização dos galináceos — matéria de grande minúcia e sofisticação —, a ASAE não pode fechar os olhos à realidade: sangue pisado, aves com pernas partidas (não é piada), sinais de infecção, pigmentação evidenciando sangramento deficiente, resíduos de penas, etc., temos encontrado de tudo, em lojas de topo e outras de baixo perfil.

O problema é comum porque todos se abastecem nos sítios do costume. E passo por cima do habitat em que são criados esses galináceos. Apesar de tudo, quero acreditar que não são forçados a viver em ambientes sujos e infestados de doenças, como tem sido denunciado acontecer noutros países do primeiro mundo. Repito: quero crer que tudo não passa de desleixo e falta de respeito pelo consumidor. Não é pouco!

Dizer a um gestor de grande superfície que «a galinha não pode ter sangue pisado» é o mesmo que dizer a um yuppie que não pode deixar o Land Rover em cima do passeio. Não sabem do que estamos a falar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

PITAGÓRICA


Sondagens para todos os gostos. Esta é da Pitagórica para a TVI e foi divulgada há pouco no Jornal das 8. Clique na imagem.

CÂMARA DE LISBOA


Sondagem do CESOP da Universidade Católica Portuguesa para o Público e a RTP, divulgada hoje: 

Medina 37% / Moedas 28% / João Ferreira 11%

BE 7% / IL 5% / PAN 3% / CH 3% / Os restantes seis candidatos ficam abaixo de 1%.

Clique na imagem.

terça-feira, 21 de setembro de 2021

A INCUBADORA DE RUI RIO

«O que é uma bazuca? Uma bazuca dispara tiro a tiro e o dr. António Costa dispara de rajada, não é uma bazuca, é uma metralhadora.» — Rui Rio, ontem.

[A incubadora: «Este Governo é como um bebé nascido de um parto difícil e, por isso, a necessitar de incubadora e que vê os irmãos mais velhos a dar-lhe estaladas e pontapés.» — Santana Lopes, 2004.]

domingo, 19 de setembro de 2021

FERNANDO ASSIS PACHECO


UM POEMA POR SEMANA — Para este domingo escolhi A Bela do Bairro de Fernando Assis Pacheco (1937-1995), poeta maior da geração de 70.

Natural de Coimbra, onde estudou (seria sobre o poeta inglês Stephen Spender que faria a sua tese de licenciatura), nunca teve outra profissão senão a de jornalista. Na juventude foi actor de teatro no TEUC e no CITAC. 

Assinava uma coluna de crítica literária — o Bookcionário — sem rival na imprensa portuguesa, sínteses breves, bem fundamentadas, do que importava destacar. Estreou-se em livro com Cuidar dos Vivos (1962), chamando a atenção da crítica dez anos mais tarde, quando publicou Câu Kiên: Um Resumo (1972), reeditado em 1976 como Catalabanza, Quilolo e Volta para melhor se perceber de que guerra os poemas falavam.

Muita gente percebeu tarde que o Assis não era apenas o gajo porreiro (e culto) dos jornais, o autor da novela pícara Walt (1978), o tradutor de Neruda e Gabriel García Márquez, o jornalista que tratava os grandes por tu. Quando Rui Martiniano, o editor da Hiena, pôs na rua A Musa Irregular (1991), o grande público descobriu um grande poeta.

Morreu subitamente aos 58 anos, à porta da Livraria Buchholz, de Lisboa.

O poema desta semana pertence à plaquette privada A Bela do Bairro e Outros Poemas (1986), mais tarde integrado em volume próprio. Consta da obra poética completa do autor: A Musa Irregular (1991). A imagem foi obtida a partir da referida plaquette.

[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia, Jorge de Sena, Glória de Sant’Anna, Mário de Sá-Carneiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, Florbela Espanca, António Gedeão, Fiama Hasse Pais Brandão, Reinaldo Ferreira, Judith Teixeira, Armando Silva Carvalho, Irene Lisboa, António Botto, Ana Hatherly, Alberto de Lacerda, Merícia de Lemos, Vasco Graça Moura, Fernanda de Castro, José Gomes Ferreira, Natércia Freire, Gomes Leal, Salette Tavares, Camilo Pessanha, Edith Arvelos, Cesário Verde, António José Forte, Francisco Bugalho, Leonor de Almeida e Carlos de Oliveira.]

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