sábado, 4 de novembro de 2017

ASSÉDIO


Se a espiral de insinuações, revelações e acusações prosseguir, a próxima entrega de Óscares será assim. Clique na fotomontagem.

O FOLHETIM


A bola passou para a Bélgica.
Clique na imagem do jornal Le Soir.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

OS CINCO


A juíza Carmen Lamela já enviou para Bruxelas a ordem de captura, prisão e extradição de Carles Puigdemont, Antoni Comín, Clara Ponsatí, Meritxell Serret e Lluís Puig, acusados de rebelião, sedição, desvio de fundos públicos e crimes conexos, prevaricação e desobediência. As autoridades belgas tencionam cumprir o mandado com celeridade.

Imagem do jornal belga Le Soir. Clique.

OE 2018

Com os votos a favor do PS, BE, PCP e PEV, foi há pouco aprovado na generalidade o OE 2018. O PAN absteve-se. PSD e CDS votaram contra. A votação final global, na especialidade, está agendada para o próximo dia 27.

E vão três Orçamentos de Estado aprovados pela maioria de Esquerda.

SER OU NÃO SER

Visto a partir do Facebook ou do Twitter, o problema catalão tem sido uma espécie de ressonância magnética da forma como entre nós se pensa a democracia. E sobretudo do descaso que muita gente faz da separação de poderes. A democracia tem regras. O Estado de direito tem obrigações. Avaliar uma democracia pelo perfil de actuação da Justiça é um equívoco e, nalguns casos, um exercício de má-fé

Vejamos: Sócrates estava em Paris e veio a Portugal prestar contas ao MP. Isso não impediu a sua detenção à chegada ao aeroporto e onze meses de prisão preventiva. Temos de concluir que Portugal não é uma democracia?

DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS


Em 1975, um grupo de autonomistas de extrema-direita fundou a Frente de Libertação dos Açores, que contou com apoio declarado da grande burguesia local e, de forma ambígua, do Departamento de Estado americano. Durante cerca de catorze meses, a FLA intimidou, ameaçou e fez tábua rasa da soberania portuguesa. A bandeira da FLA mantinha-se içada nos edifícios públicos. Sedes do PCP e do MDP/CDE foram destruídas em Ponta Delgada e Angra do Heroísmo. Foi criado um Exército de Libertação dos Açores. O Rádio Clube de Angra estava por conta dos insurrectos. O general Altino Pinto de Magalhães, Governador Militar e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas açoreanas, nada podia fazer. António Borges Coutinho, o Governador Civil, demitiu-se no dia da grande manifestação pró-independência.

Vamos imaginar que o episódio se repetia. Mas que, desta vez, além da independência, os separatistas eram monárquicos apostados em restaurar a Monarquia. Presumo que, nos termos da democracia praticada pelos românticos defensores de uma Catalunha independente, tudo se deve admitir, à revelia das Leis e da Constituição.

Ou haverá dois pesos e duas medidas?

Clique na imagem.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

CONSUMOU-SE

Por decisão da juíza Carmen Lamela Díaz, foi decretada prisão efectiva, com carácter incondicional, dos membros do extinto Governo catalão: Oriol Junqueras, Jordi Turull, Meritxell Borrás, Josep Rull, Raül Romeva, Carles Mundó, Dolors Bassa e Joaquim Forn.

Eram 17:40 em Portugal quando, com grande aparato de segurança, oito furgões da polícia transportaram os implicados do tribunal para as cinco prisões de Madrid onde vão ficar detidos.

PRISÃO

O juiz da Audiência Nacional pediu a prisão imediata e incondicional de Oriol Junqueras, Jordi Turull, Meritxell Borrás, Josep Rull, Raül Romeva, Carles Mundó, Dolors Bassa e Joaquim Forn. O único que aguardará em liberdade o julgamento é o ex-conseller Santi Vila, que se demitiu na véspera da DUI.

A HORA DE MADRID


Catorze dos vinte independentistas acusados pelo MP espanhol de rebelião, sedição, desvio de fundos públicos e crimes conexos, portaram-se como gente, respeitando a dignidade dos cargos que detinham e o povo que os elegeu.

Carme Forcadell, ex-presidenta do Parlamento catalão, mais Lluís Corominas, Anna Simó, Ramona Barrufet e Joan Josep Nuet compareceram perante o Supremo Tribunal. Em simultâneo, Oriol Junqueras, ex-vice-presidente do Governo catalão, mais Carmen Lamela, Jordi Turull, Joaquín Forn, Josep Rull, Dolors Bassa, Raül Romeva, Carles Mundó e Santi Vila, compareceram perante a Audiência Nacional. A pedido dos advogados, as sessões do Supremo foram adiadas para o próximo dia 9. Prosseguem as da Audiência Nacional. Até lá, ficam todos sob vigilância policial.

Entretanto, em Bruxelas, assessorado por Paul Bekaert, advogado dos terroristas da ETA, empanturrado de moules-frites, Puigdemont goza o panorama. Não está sozinho. Com ele estão os ex-consellers Clara Ponsatí, Antoni Comín, Lluís Puig e Meritxell Serret. Um rebate de consciência fez regressar Meritxell Borràs, que começou por integrar o bando, mas desistiu para apresentar-se à Justiça.

Como disse José Montilla, antigo Presidente da Generalitat, «foram as astúcias e os truques de Puigdemont que nos trouxeram aqui

Na imagem, Carme Forcadell à chegada ao Supremo. Clique.

MEDINA & ROBLES


Fernando Medina fechou o acordo com Ricardo Robles, do BE, assegurando maioria absoluta na Câmara de Lisboa. Robles fica com o pelouro da Educação, Transportes e habitação.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

MOULES-FRITES


Estes são os vinte políticos catalães acusados pelo MP espanhol de rebelião, sedição, desvio de fundos públicos e delitos conexos, no âmbito da independência unilateral da Catalunha. Com uma excepção, vão comparecer a partir de amanhã perante o juiz em Madrid. O único que não vai é Puigdemont. Fugiu para Bruxelas e não tenciona sair de lá. Quem o acha um herói bem pode limpar as mãos à parede.

Imagem do jornal catalão La Vanguardia. Clique nela.

PARIS REVIEW & SANDRO WILLIAM JUNQUEIRA


Hoje na Sábado escrevo sobre o terceiro tomo de entrevistas compiladas da Paris Review. Fundada em 1953, a revista mantém-se como uma das mais prestigiadas do mundo. A sua mudança para Nova Iorque, ocorrida em 1973, ditou a continuidade. Com 222 números publicados até ao momento, continua a ter nas entrevistas a sua pièce de résistance. Em Portugal estão traduzidas três colectâneas, sendo o volume mais recente da responsabilidade de Alda Rodrigues. Este número inclui entrevistas com Alice Munro (1931), Dorothy Parker (1893-1967), Elena Ferrante (1943), George Steiner (1929), Henry Miller (1891-1980), Emmanuel Carrère (1957), John Steinbeck (1902-1968), Julian Barnes (1946), Karl Ove Knausgard (1968), Lydia Davis (1947), Susan Sontag (1933-2004) e W.H. Auden (1907-1973), ou seja, sete escritores vivos e cinco já desaparecidos. A inclusão de Ferrante e Knausgard faz vénia à repercussão mediática das obras respectivas, enquanto Carrère preenche a quota francesa. Nove são ficcionistas puros, um é poeta, e os outros dois são ensaístas, embora Sontag, notabilizada como tal, também tenha escrito romances. A entrevista mais longa é com George Steiner. Setenta páginas prodigiosas nas quais acompanhamos o raciocínio do último renascentista vivo. A partir de temas concretos, o autor confessa o ‘atrito’ com a ficção: «precisam de um romancista a sério, que eu não sou.» O mesmo para a poesia. Por isso ficou pensador, controverso dos dois lados do Atlântico, erudito como muito poucos, senhor de uma cosmogonia única. Não há espaço para resumir as respostas que deu em 1994, mas elas valem pelo livro todo. Sontag também é brilhante, mas olha para a posteridade. Ferrante é prosaica. Auden enfatiza o senso comum em registo sarcástico (e trata o companheiro de uma vida como senhor Kallman). Knausgard, entrevistado por James Wood himself, concede que não escreve bem: «A verdade é que sou demasiado autocrítico para ser escritor, e fui muito crítico com este projecto. Foi uma tortura.» Refere-se aos seis volumes de A Minha Luta. O norueguês põe o acento tónico no politicamente correcto: já ninguém discute o que interessa porque o feminismo e o multiculturalismo é que são importantes. Barnes nunca desilude. Carrère é o único que pronuncia… chique. Cinco estrelas. Publicou a Tinta da China.

Escrevo ainda sobre Quando as Girafas Baixam o Pescoço, de Sandro William Junqueira (n. 1974). Entre os novos ficcionistas, a sua voz distingue-se com nitidez. Autor de quatro romances, uma peça de teatro e dois livros para a infância, Sandro William Junqueira manipula com fluência um universo semântico muito pessoal. O livro mais recente é uma alegoria bem escarolada da não-razão de sobreviver: «Naquela urbanização há um buraco. Uma falha no ordenamento do betão.» A linearidade é enganadora. O imáginário do autor dribla o leitor mais precavido. Os interstícios da prosa vão sendo sinalizados por ecos do Modernismo. Montado numa sucessão de sketches, o romance secciona a narrativa em cem micro-capítulos. O sexo é recorrente: «enfiou dentro de si o maior número de dedos que conseguiu.» Certa ideia de cenografia molda várias passagens. Vera, uma das protagonistas, «tem um filho atravessado na barriga. E tem o pai do filho atravessado na garganta. […] Mas ela sabe que não pode ter duas coisas atravessadas no corpo ao mesmo tempo.» Não é despiciendo supor que, em data incerta, Sandro William Junqueira possa vir a autonomizar uma das estórias. Quatro estrelas. Publicou a Caminho.

TERROR EM NOVA IORQUE


Halloween trágico. Ontem ao fim da tarde, guiando uma carrinha de caixa aberta e gritando Allahu akbar, um homem de 29 anos atropelou dezenas de ciclistas em Nova Iorque, na ciclovia contígua ao rio Hudson. Oito pessoas morreram e onze estão em estado grave. Cinco dos oito mortos são argentinos. O atacante, oriundo do Uzbequistão, vivia em Nova Iorque desde 2010 e tinha consigo documentação do Daesh. Só foi detido (com um tiro na barriga) depois de percorrer 1,6 quilómetros e deixar um rasto de sangue e bicicletas destruídas. É o ataque mais grave ocorrido em Nova Iorque desde o 11 de Setembro.

A imagem é do New York Times. Clique.

terça-feira, 31 de outubro de 2017

O FUGITIVO


Puigdemont está na Bélgica, disse hoje em conferência de imprensa, «porque Bruxelas é a capital da Europa e o problema catalão é um problema europeu». Bem pode esperar sentado. Disse mais: tenciona manter ali um Govern no exílio, e só voltará a Espanha se e quanto tiver garantias. Tudo isto dá a medida da trapalhada em que meteu parte da população catalã, ávida de uma independência pronta-a-servir, mas iludida ao ponto de não ter parado um minuto para pensar em detalhes como a moeda própria e o limbo diplomático.

Aguardemos os próximos desenvolvimentos. Para já, fica no ar a perplexidade de milhões de espanhois e o repto lançado por Kris Peeters, vice-primeiro-ministro do Governo belga: «Se declaraste a independência tens de estar com o teu povo. Não aqui.» Paul Bekaert, o advogado flamengo da ETA, foi contratado pelo ex-President, mas onde ele faz falta é em Espanha, a defender os que não fugiram.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

PUIGDEMONT & OS CINCO


Lluís Llach, deputado catalão do partido Junts pel Sí, escreveu no Twitter que Puigdemont e os ex-consellers que o acompanharam vão estabelecer em Bruxelas um Govern no exílio. Com Puigdemont seguiram Joaquim Forn, Meritxell Borràs, Antoni Comín, Dolors Bassa e Meritxell Serret, que ocupavam as pastas do Interior, Governação, Saúde, Trabalho e Agricultura. A fuga fez-se de carro entre Barcelona e Marselha, e de avião entre Marselha e Bruxelas.

A imagem mostra Puigdemont e os cinco. Clique para ver melhor.

SAÍDA PELA ESQUERDA BAIXA


No dia em que foi acusado de rebelião, golpe de Estado, desvio de fundos públicos e delitos conexos, Puigdemont e um grupo de ex-consellers (entre 5 e 8, conforme as fontes) fugiram para Bruxelas. O Governo belga vê com apreensão a sua presença no país, pois um pedido de asilo político abriria um conflito na UE.

A atitude de Puigdemont contrasta com o do seu ex-vice, Oriol Junqueras, que permanece em Barcelona. Como em tudo, ou se tem guts, ou não tem.

Clique na imagem.

ACUSADOS


Num acórdão de 118 páginas, José Manuel Maza, procurador-geral do Ministério Público de Espanha, acusa Puigdemont, Carme Forcadell e os membros da Mesa do Parlament, Junqueras e os consellers do Govern catalão, dos crimes de rebelião, sedição, desvio de fundos públicos e delitos conexos. Para evitarem a prisão, cada um dos 20 arguidos terá de pagar 300 mil euros de fiança.

Carles Puigdemont, Carme Forcadell, Oriol Junqueras, Jordi Turul, Raül Romeva, Antoni Comín, Josep Rull, Dolors Bassa, Meritxell Borràs, Clara Ponsatí i Obiols, Joaquim Forn, Lluís Puig i Gordi, Carles Mundó, Santiago Vila, Meritxell Serret i Aleu, Lluís María Corominas, Lluis Guinó, Anna Simó, Ramona Barrufet e Joan Josep Nuet i Pujals têm de apresentar-se ‘com urgência’ em Madrid.

Na imagem, a primeira página da acusação. Clique.