PRIORIDADES

Estranho mundo o nosso. A morte de Cruyff sobrepõe-se a um possível acto terrorista às centrais nucleares belgas. E isto é no Libé. Clique na imagem.

O DIRECTÓRIO

Carlos Blanco de Morais, antigo assessor de Cavaco Silva, organizou um seminário na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que juntará políticos e juízes brasileiros a partir da próxima terça-feira, dia 29, com encerramento no dia 31. A data não é inocente. Nesse dia, celebram-se 52 anos do golpe militar que instaurou a ditadura militar no Brasil. A lista de oradores fala por si: Michel Temer, o vice-presidente que substituirá Dilma após o impeachment; Gilmar Mendes, o juiz do Supremo que interditou Lula; senadores como Aécio Neves, Jorge Viana e José Serra, o juiz Dias Toffoli, e outros que tais (vários portugueses). Temer confirmou ontem à noite o cancelamento da vinda a Lisboa. O PMDB vai retirar os seus ministros do Governo  já na próxima segunda-feira, dia 28, e Temer, líder do partido, tem de estar em Brasília. Mesmo assim, ainda sobra muita gente. É vergonhoso que a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa patrocine iniciativas que a opinião pública tende a relacionar com o derrube de um Governo estrangeiro sufragado em eleições livres.

CLARO COMO ÁGUA

Passos Coelho, cujo Governo não mexeu um dedo para evitar ou sequer controlar os colapsos do BES e do BANIF, teve o topete de questionar António Costa sobre a sua legitimidade para interferir no BPI e no BCP. O primeiro-ministro deixou o líder do PSD a falar sozinho. Mas o Presidente da República foi claro. Na presença do primeiro-ministro, Marcelo afirmou:

«Justifica-se essa intervenção a pensar na estabilidade do sistema financeiro, a pensar na afirmação do interesse público. É natural que o Governo, como aliás todos os governos da União Europeia, estejam permanentemente atentos àquilo que é a garantia da estabilidade do sistema financeiro, nomeadamente quando essa liberdade envolve processos legislativos ou pode envolver. [...] A Constituição da República subordina o poder económico ao político e determina que o poder político salvaguarde um conjunto de princípios fundamentais do Estado de direito democrático. E aí justifica-se a intervenção dos órgãos de soberania, naturalmente em articulação com as entidades reguladoras.»

TIME TO GO, DIZEM ELES

Ao que isto chegou. Saia enquanto é tempo, diz a bíblia dos mercados.

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POR QUE SERÁ?

Já conhecíamos os hubs de transportes, agora temos de nos habituar aos hubs de violência. Bruxelas leva a palma como centro do jihadismo na Europa. O gráfico do Guardian fala por si. Clique na imagem.

TERROR EM BRUXELAS

Às 8 da manhã, a capital belga foi sacudida por três explosões: duas no aeroporto internacional (Zaventem) e outra na estação de metro de Maalbeek, que serve a zona dos edifícios das instituições europeias. No aeroporto, a primeira explosão deu-se no átrio de partidas e terá sido obra de um bombista suicida. Zaventem foi evacuado e encerrado. Até ao momento foram registados 14 mortos e cerca de 40 feridos. Os vôos com destino a Bruxelas estão a ser desviados para Amesterdão (Schiphol). Nenhum transporte público circula na cidade. As estações de comboio foram encerradas e o Eurostar não efectuará nenhuma ligação com partida de ou chegada a Bruxelas. Aparentemente, a prisão de Salah Abdeslam não inibiu os ataques planeados.

Imagem: Libération. Clique.

DEGELO

Obama em Havana. Uma imagem que é todo um programa. Clique.

OS JOGOS

A minha grande curiosidade são as Olimpíadas marcadas para Agosto no Brasil. Já sabemos que nada trava o evento. Recordar o massacre de Tlatelolco, na Cidade do México, em 2 de Outubro de 1968, dez dias antes da abertura dos XIX Jogos Olímpicos. O exército mexicano abateu as pessoas (na sua maioria estudantes) concentradas em protesto na Praça das Três Culturas. Fontes fiáveis falam em mil mortos. O terror continuou ao longo da noite, com os soldados a efectuar operações de busca casa a casa nos edifícios de apartamentos junto à praça. Ora, se um massacre não inibiu os Jogos, é de prever que o desbunde político brasileiro também não.

TAMBÉM TU, FERNANDO?

Numa entrevista ao Estado de São Paulo, o jornal mais influente do Brasil, publicada hoje, Fernando Henrique Cardoso diz sem reticências: «Agora o caminho é o impeachment de Dilma.» E acrescenta: «Lula enterrou a própria história.» Lembrar que FHC é (ou foi) uma espécie de ícone da Esquerda portuguesa bem-pensante.