sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

BAZUCA DA UE


António Costa assinou hoje em Bruxelas, em nome dos 27, o Fundo de Recuperação Europeu, vulgo Bazuca.

O dinheiro começa a chegar aos estados-membros no início do 2.º semestre, depois de aprovados todos os 27 planos. O português será apresentado para a semana.

Na imagem vêem-se, da esquerda para a direita, o primeiro-ministro português, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e David Sassoli, presidente do Parlamento Europeu.

Imagem: TVI. Clique.

OVO NO CU DA GALINHA


Foi você que pediu um drive-thru...? Esqueça.

Foram inequívocas as comunicações do primeiro-ministro e do Presidente da República.

Clique na imagem do Público.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

PUNCTUM


Em jeito de síntese dos esclarecimentos dados pelo vice-almirante Gouveia e Melo, coordenador da task-force Covid-19, Rodrigo Guedes de Carvalho referiu que só no 3.º trimestre poderá ser atingido o pico de 93 mil vacinas diárias.

O pivô da SIC esqueceu-se de referir que não podem ser administradas mais cedo porque não existem

Dito de outro modo: esqueceu-se de referir o detalhe mais importante de toda a reportagem, aquilo a que Barthes, falando de fotografia, chamou punctum.

A manipulação da verdade não se esgota na linguagem desembestada da caterva trauliteira. Pelo contrário: em registo blasé, como quem não quer a coisa, tem maior eficácia.

Clique na imagem da SIC.

MAIS UM

O Estado de Emergência foi prorrogado até 1 de Março. O novo decreto presidencial inclui duas novidades relativamente ao anterior: a partir do próximo dia 15 é permitida a venda de livros escolares em hipers e supermercados e, seja lá como isso for garantido, os teletrabalhadores têm direito a não ser incomodados com decibéis excessivos.

Votaram a favor: PS, PSD, CDS, PAN e uma deputada não-inscrita.

Votaram contra: PCP, PEV, IL, CH e JKM.

O BE absteve-se

Desde 18 de Março de 2020, é o 11.º Estado de Emergência em vigor no país.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

O PRINCÍPIO


Lá se vai a tese dos morcegos chineses. A pouco e pouco, o Lego covídico vai encaixando.

Na China nunca saberemos a data exacta: começou por ser Dezembro de 2019, mas foi recuando até Agosto, tal como, veio a saber-se mais tarde, aconteceu em Itália.

Este relatório francês não é propriamente uma novidade, apenas oficializa informações que circulavam há meses.

Imagem: Le Monde. Clique.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

A TASK FORCE ALEMÃ

Ouvi ontem as declarações do coronel Jens-Peter Evers, o médico que coordena a equipa médica alemã que está em Portugal desde o passado dia 3.

Evers participou na conferência de imprensa dada no Hospital da Luz, de Lisboa, onde os 26 membros da equipa estão a trabalhar. Vieram ajudar na medicina intensiva e, desse modo, fazer baixar o rácio de transmissibilidade. Ocupam-se de doentes críticos transferidos de hospitais da Amadora, Loures, Almada e Cascais.

Fazem-no no Hospital da Luz por uma razão muito simples: boas instalações e equipamento de ponta não faltam, mas, no âmbito da pandemia, a escassez de recursos humanos é gritante, sobretudo na área dos intensivistas e dos enfermeiros.

O Dr. Jens-Peter Evers elogiou a metodologia das autoridades portuguesas de saúde — «Portugal não fez nada de errado...» — e a excelente comunicação com os profissionais da Luz. Também disse que as três semanas previstas seriam expandidas com novas equipas.

Quando ouvimos o PSD, o BE, o CDS, a IL e o CH, mais os patetas do costume (muitos deles médicos), a acusar Marta Temido de “não usar toda a capacidade instalada”, temos a noção do engodo.

Em Portugal, os grandes hospitais privados estão bem equipados, dispõem de profissionais qualificados e de instalações modernas, mas não estão preparados para situações críticas. Sempre assim foi e a pandemia nada mudou. No passado 31 de Janeiro faleceu um amigo meu, um amigo muito próximo, vítima de Covid-19. Tinha dado entrada num grande hospital privado, onde permaneceu poucas horas antes de ser transferido para Santa Maria. De que lhe serviu ter usado “toda a capacidade instalada”?

Nada tenho contra a medicina privada. A minha única experiência de internamento hospitalar ocorreu em 2014, numa unidade privada — o Hospital dos Lusíadas, de Lisboa —, e só tenho elogios a fazer a todos (médicos, enfermeiros e auxiliares) quantos, durante seis dias, zelaram pela minha saúde e pelo meu conforto. Sim, numa escala de zero a vinte, merece classificação máxima. Mas estamos a falar de uma intervenção cirúrgica programada com três meses de antecedência.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

FUMO BRANCO


Após semanas de negociações, ficaram ontem fechados os seis acordos de emergência com os quinze sindicatos que representam os trabalhadores da companhia: pilotos, tripulantes de cabine, pessoal de terra, técnicos de manutenção, staff de handling, etc. Para já, a certeza de que ninguém receberá mensalmente menos do que 1.330 euros brutos, o equivalente a dois salários mínimos. 

Estão previstos vários mecanismos: redução da massa salarial, passagem a trabalho em part-time, revogação de contratos de trabalho, reformas antecipadas, acordos de pré-reforma e despedimentos. 

A fim de atingir as metas financeiras do Plano de Reestruturação, a redução da massa salarial terá efeitos até 2024 inclusivé. Para os pilotos oscilará entre 35 e 50%. Nas restantes categorias oscilará entre 20 e 25%. O corte menor ocorrerá em 2024. Nenhum corte afectará remunerações inferiores a 1.330 euros. A redução da frota e dos destinos também faz parte do acordo.

Quem continuar no activo mantém as regalias inerentes ao contrato, incluindo o plano de saúde.

Agora só falta luz verde da Comissão Europeia.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

LUIZA NETO JORGE


UM POEMA POR SEMANA — Para hoje escolhi Recanto 13, de Luiza Neto Jorge (1939-1989), porventura a maior poeta-fêmea do século XX português.

Como sublinhei domingo passado, não tenciono publicar o melhor poema de cada poeta, seja lá o que isso for, nem sequer ‘o meu preferido’. Escolho poemas que considero representativos da identidade de quem os escreveu.

Natural de Lisboa, Luiza Neto Jorge morreu antes de completar 50 anos. Tradutora notabilíssima de poesia, ficção e teatro (estou a lembrar-me de Verlaine, Sade, Céline e Genet, mas foram muitos mais), viveu em Paris entre 1962 e 1970. Nunca tendo frequentado os salões literários de uma certa Lisboa, não goza da aura reservada aos happy few. Além de poesia, escreveu diálogos para filmes de Alberto Seixas Santos, Margarida Gil, Paulo Rocha e Solveig Nordlund.

O poema desta semana pertence ao livro Dezanove Recantos (1969). A imagem foi recolhida de Poesia (1993), volume da Assírio & Alvim que colige a sua poesia completa.

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