Uma das responsáveis pelo Lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, em Reguengos de Monsaraz, onde morreram 18 pessoas, fez ontem uma boa pergunta. Cito de cor: «Os médicos e enfermeiros que deram informações à Ordem dos Médicos não actuaram...? Viram o que dizem ter visto e nada fizeram...?» Na mesma peça, da TVI, um médico é confrontado com a saída do Lar no auge do surto.
Numa cronologia dos factos, o Expresso regista, com data de 3 de Julho, data em que as vítimas mortais eram oito: «Médicos hospitalares deixam de prestar apoio presencial.» Porquê? Por ordem de quem? Com que intuito?
Ainda a cronologia: a 10 de Julho, com dezasseis mortos, «Médicos verificam que em várias ocasiões houve medicação que não foi administrada a múltiplos doentes.» Verificaram. Mas fizeram o que deviam? Ou foram a correr escrever o paper da Ordem?
Disse ao Expresso o presidente da Administração Regional de Saúde do Alentejo que, alegando falta de condições para prestar cuidados aos 84 utentes, «os médicos recusaram-se a trabalhar.»
Por que razão a Ordem dos Médicos, tão pressurosa em Reguengos de Monsaraz, assobiou para o lado durante o gravíssimo surto do Lar do Comércio, em Matosinhos, onde morreram 24 pessoas?
Tudo isto levanta uma série de interrogações. Cabe ao DIAP de Évora esclarecer o imbróglio. Face à gravidade do ocorrido, o modus operandi do gabinete da ministra é um detalhe absolutamente irrelevante.