quinta-feira, 29 de julho de 2021

PEDRO TAMEN 1934-2021


Morreu hoje Pedro Tamen, poeta, tradutor, um dos fundadores do Centro Cultural de Cinema, antigo editor da Moraes e, durante vinte e cinco anos, administrador da Fundação Calouste Gulbenkian.

Estreado em 1956 com Poema para Todos os Dias, é uma das vozes centrais da poesia portuguesa dos anos 1960-80.

Entre outros, traduziu Proust, Flaubert, Perec, Reinaldo Arenas e Gabriel García Márquez. Homem de esquerda, extremamente afável, fez parte do grupo de católicos progressistas a que pertenceram António Alçada Baptista, João Bénard da Costa (seu primeiro cunhado) e Nuno Bragança. É pai do professor e ensaísta Miguel Tamen.

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LGBTQ ELEITOS


Já que estamos em maré de censos, o Victory Institute divulgou ontem o relatório 2021 sobre pessoas LGBTQ eleitas para cargos públicos nos Estados Unidos.

Em 2021 foram quase mil, mais precisamente 986, entre gays, lésbicas, bissexuais e transgéneros. Todos os Estados, excepto o Mississippi, agora têm agora pelo menos um governante LGBTQ eleito. O maior aumento [75%] de eleitos verificou-se na comunidade negra. 

Entre outros, foram eleitos dois governadores, dois senadores, nove congressistas nacionais, 189 legisladores estaduais e 56 presidentes de câmara. Um dos legisladores estaduais (Oklahoma) é uma mulher negra, muçulmana e não-binária.

Na imagem, o congressista democrata Mondaire Jones, um dos eleitos.


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CENSOS 2021


Foram ontem revelados os dados preliminares dos Censos 2021. Desde 1970 que não se verificava uma tão grande quebra populacional. Infelizmente, a governação PAF não foi uma distopia. E houve mesmo um mamífero que nos mandou sair da zona de conforto.

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domingo, 25 de julho de 2021

SALETTE TAVARES


UM POEMA POR SEMANA — Para este domingo escolhi Hoje de Salette Tavares (1922-1994), nome maior do experimentalismo português.

Natural de Lourenço Marques, onde viveu até 1933, Salette Tavares estudou filosofia em Lisboa antes de radicar-se (1949) em Paris. Na capital francesa trabalhou com Gabriel Marcel, Merleau-Ponty, Étienne Souriau e Louis Lavelle.

Além de poesia, traduziu Pascal e publicou ensaios sobre o existencialismo católico, estética, linguagem e teoria da arte. A partir dos anos 1970 fez exposições individuais da sua poesia visual, na Galeria Quadrum, no CCB, em Serralves, na Gulbenkian, etc. Leccionou estética na Sociedade Nacional de Belas Artes (Lisboa) e foi presidente da secção portuguesa da Associação Internacional dos Críticos de Arte.

Prefaciado por Luciana Stegagno Picchio, o volume Obra Poética 1957-1971 (1992) recebeu o Prémio do PEN Clube. Ao longo da vida voltou várias vezes a Moçambique.

O poema desta semana pertence a Quadrada (1967). A imagem foi obtida a partir do 2.º volume da Terceira Série de Líricas Portuguesas, a mítica antologia organizada por Jorge de Sena, publicada pelas Edições 70 [este segundo volume] em 1983, já depois da morte do antólogo.

[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia, Jorge de Sena, Glória de Sant’Anna, Mário de Sá-Carneiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, Florbela Espanca, António Gedeão, Fiama Hasse Pais Brandão, Reinaldo Ferreira, Judith Teixeira, Armando Silva Carvalho, Irene Lisboa, António Botto, Ana Hatherly, Alberto de Lacerda, Merícia de Lemos, Vasco Graça Moura, Fernanda de Castro, José Gomes Ferreira, Natércia Freire e Gomes Leal.]

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OTELO 1936-2021


No Hospital Militar, onde se encontrava internado, morreu hoje Otelo Saraiva de Carvalho, estratega do 25 de Abril e actual coronel de artilharia. Natural de Lourenço Marques, veio para Lisboa em 1955 frequentar a Academia Militar.

Otelo foi Comandante da Região Militar de Lisboa e Comandante do COPCON, tendo pertencido ao Conselho dos Vinte e ao Conselho da Revolução. Depois do 25 de Novembro de 1975 foi preso e afastado de todos os cargos. Libertado ao fim de três meses, concorreu às eleições presidenciais de Junho de 1976, obtendo 16,5% dos votos. Em Dezembro de 1980 voltou a concorrer às presidenciais, obtendo 1,4% dos votos.

Em 1984, acusado de ser o líder das FP-25, foi preso, julgado e condenado a quinze anos. Esteve preso cinco, sendo libertado por indulto da Assembleia da República.

Em 2011 afirmou que, se soubesse como o país ia ficar, não teria realizado o 25 de Abril.

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