sábado, 30 de maio de 2020

AMÉRICA EM CHAMAS

A ameaça de que o Exército estaria a preparar unidades especiais para conter a insurreição de Minneapolis não inibiu os protestos pela morte de George Floyd.

Pela quarta noite consecutiva, prosseguem os motins, tanto em Minneapolis (obrigada a recolher obrigatório), local do crime e epicentro da revolta popular, como em Nova Iorque, Washington, Atlanta, Los Angeles, San Jose, Chicago, Detroit, Boston, Denver, Las Vegas, Milwaukee, Dallas, Portland, Seattle, Oregon, Houston, New Orleans, etc. Em todo o lado, a multidão grita: Não consigo respirar.

Além de supermercados, lojas de todo o tipo, estações de correio, Bancos, restaurantes e postos de abastecimento de combustíveis, foram incendiadas esquadras e veículos da polícia, o Centro de Justiça do Condado de Multnomah e a sede da CNN em Atlanta.

Desde 1992 que o Exército americano não actua em território nacional, mas Mark Esper, o secretário da Defesa, disse que daria a ordem se o caos prevalecesse. Militares de Fort Bragg (Carolina do Norte) e Fort Drum (Nova Iorque) seriam os primeiros a ser enviados para actuarem juntamente com os efectivos da Guarda Nacional do Minnesota.

COVID-19


Portugal, 30 de Maio 2020

COVID-19 EM PORTUGAL




Três gráficos muito claros: distribuição de doentes, testes realizados, ranking europeu de testes.

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A TERCEIRA FASE


A Resolução do Conselho de Ministros n.º 40-A/2020, publicada hoje em Diário da República com data de ontem, define as normas da 3.ª fase de desconfinamento.

Constituída por 18 concelhos, a Área Metropolitana de Lisboa exceptua-se para já do resto do país.

Os media insistem com LISBOA, como se fosse apenas um concelho. Errado.

De Alcochete a Vila Franca de Xira, passando por Lisboa herself, Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal e Sintra, a 3.ª fase só terá início no próximo 5 de Junho.

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O PARAMINISTRO


O primeiro-ministro convidou António Costa Silva, independente, professor do Instituto Superior Técnico e CEO da petrolífera Partex, para elaborar o plano de recuperação da economia.

Costa Silva já se reuniu com alguns ministros, mas vai fazê-lo com todos, e também com os Partidos, os parceiros sociais e os empresários dos sectores estratégicos. Cabe-lhe analisar e avaliar as necessidades estruturais do país, de forma a elaborar os planos de investimento e reformas que terão que ser entregues à Comissão Europeia.

Estando há duas semanas a trabalhar directamente como o primeiro-ministro, consta em vários círculos que, após a saída de Centeno, prevista para o fim de Julho, Costa Silva venha a ser o novo ministro da Economia, transitando Pedro Siza Vieira para as Finanças.

Engenheiro de minas com doutoramento feito no Imperial College de Londres, António Costa Silva está de saída da Partex, recentemente vendida pela Gulbenkian à tailandesa PTT Exploration and Production.

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sexta-feira, 29 de maio de 2020

OS DEZOITO

Os concelhos de Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal, Sintra e Vila Franca de Xira (ou seja, a Área Metropolitana de Lisboa) não acedem no próximo 1 de Junho, como o resto do país, à terceira fase do desconfinamento.

Se tudo correr bem, isso só acontecerá a 5 de Junho.

EUA EM TRANSE

Acusado de assassinato em terceiro grau, Derek Chauvin, o polícia que asfixiou George Floyd até à morte, foi finalmente preso. Ao fim de quatro dias, as autoridades do Minnesota fizeram o que deviam ter feito logo no dia 25.

Apesar do recolher obrigatório, Minneapolis mantém-se em pé de guerra, ao mesmo tempo que se sucedem os tumultos em dezenas de cidades em fúria.

COVID-19


Portugal, 29 de Maio 2020

NÃO CONSIGO RESPIRAR


Apesar das ameaças de Trump, que mobilizou a Guarda Nacional, estendem-se de costa a costa os protestos, cada vez mais violentos, à morte de George Floyd, assassinado em Minneapolis no passado dia 25.

Floyd, de 46 anos, foi algemado com as mãos nas costas e deitado no chão, de bruços, enquanto um polícia, Derek Chauvin, mantinha o joelho sobre o seu pescoço até o ver morrer por asfixia.

A cena foi gravada e correu mundo, desmentindo a versão da polícia de que Floyd resistira à ordem de prisão.

O presidente da Câmara de Minneapolis, Jacob Frey, quer que os responsáveis sejam julgados por assassinato, mas a polícia limitou-se a demitir quatro agentes: Derek Chauvin, Thomas Lane, Tou Thao e J. Alexander Kueng.

Ontem, foi incendiada a esquadra de polícia a que pertenciam os agentes demitidos.

Entretanto, foram presos os cinco elementos da equipa de reportagem da CNN que fazia a cobertura dos protestos. Mas a pronta intervenção de Tim Walz, governador do Minnesota, levou à sua libertação ao fim de poucas horas.

Menos sorte tiveram as 40 pessoas que se reuniram em Union Square, uma elegante praça de Nova Iorque, para protestar pacificamente contra a brutalidade policial: foram arrastadas para carros celulares.

Na imagem, George Floyd. Clique.

NOJO



Visando directamente a Itália, Espanha e Portugal, a manchete da revista Elsevier de Amesterdão, na edição que hoje chegou às bancas, diz: «Nem mais um cêntimo para o Sul da Europa...» E se fossem apanhar onde apanham as galinhas?

Imagens da capa e da ilustração do artigo. Clique.

IMUNIDADE DE GRUPO


Com 19,9% da sua população imune, a cidade de Nova Iorque lidera o ranking da imunidade ao Covid-19, seguida por Londres (17,5%), Madrid (11,3%), Wuhan (10%), Boston (9,9%), Estocolmo (7,3%) e Barcelona (7,1%).

As fontes oficiais constam do rodapé inferior.

Imagem: detalhe da capa do New York Times de hoje. Clique.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

COVID-19


Portugal, 28 de Maio de 2020

quarta-feira, 27 de maio de 2020

COVID-19


Portugal, 27 de Maio de 2020

FOTOGRAFIA EM MOÇAMBIQUE


Quem se interessa por fotografia e, em especial, pela história da fotografia em Moçambique, deve procurar ler Photographos de Paulo Azevedo, que já em 2016 publicara Joseph e Maurice Lazarus. Photographos Pioneiros de Moçambique, 1899-1908.

Em cerca de duzentas páginas, Paulo Azevedo fixa o aparecimento e avanço da fotografia em Moçambique, entre os anos 1800 e 1920, traçando os perfis de pioneiros como Benjaminn Kisch, Manuel Romão Pereira, Louis Hily, Thomas Lee, António Joaquim Cunha, Joseph e Maurice Lazarus, Eduardo Battaglia, José Ferreira Flores, Francisco S. Silva, Ignácio P. Pó, Sidney Hocking e J. Wexelsen.

Descobri muita coisa que desconhecia, como por exemplo a história pregressa da Casa Spanos (onde, com 12 anos, folheava exemplares da revista gay americana Physique Pictorial...) e da Fotografia Bayly, que ainda existiam ao tempo da minha adolescência.

O volume inclui portfolio fotográfico, incluindo fotografias da visita feita a Moçambique (em 1907) pelo príncipe D. Luís Filipe, ao tempo herdeiro do trono português, mas também do 2.º aniversário da implantação da República, bem como várias transcrições do Lourenço Marques Guardian e de anúncios publicados na imprensa da época.

Muito interessante. Editou a Glaciar.

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terça-feira, 26 de maio de 2020

COVID-19


Portugal, 26 de Maio de 2020

CENTENÁRIO DE RUBEN A.


Faz hoje 100 anos que nasceu Ruben A., o mais “secreto” dos grandes autores portugueses. Ruben Alfredo Andresen Leitão nasceu em Lisboa (1920) e morreu em Londres (1975), cidade onde viveu entre 1947 e 1952.

Aos 7 anos mudou-se de Lisboa para o Porto, ali tendo ficado até aos 19 anos. Quem leu Os Meninos de Ouro de Agustina Bessa-Luís reconhece-o numa das personagens da quinta do Campo Alegre. Esse intervalo fora de Lisboa coincide com a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas, na Universidade de Coimbra.

Em Novembro de 1950, já com obra publicada — contos, monografias históricas, uma bibliografia sobre os Arquivos de Windsor, dois volumes do diário, uma peça de teatro e a biografia de D. Pedro V, rei de quem disse ter sido «o primeiro homem moderno que existiu em Portugal...» —, e sendo leitor de português do King’s College de Londres, Salazar foi peremptório: «O Autor não pode representar Portugal nem ensinar português.» Não obstante, o maluco... (assim lhe chamava o ditador) manteve-se no lugar, que dependia do Instituto de Alta Cultura. Durante esses anos, Ruben A. divulgou na Universidade de Londres autores como Gil Vicente, os modernistas portugueses e Miguel Torga, ao mesmo tempo que fazia conferências em Oxford e Cambridge. Datam dessa época as suas relações com T. S. Eliot, de quem viria a traduzir The Cocktail Party (1949, teatro).

De regresso a Lisboa, casou com Rosemary Bach (mãe dos seus quatro filhos) e fez uma passagem fugaz pelo ensino secundário. Entretanto, torna-se funcionário da embaixada do Brasil, onde permanecerá entre 1954 e 1972, ano em que foi para a administração da Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Antes de morrer ainda ocupará o cargo de director-geral dos Assuntos Culturais do ministério da Educação e Cultura.

Embora publicasse desde 1949, ano em que deu à estampa o primeiro dos seis volumes do seu diário — Páginas —, o essencial da obra literária arranca com a edição de Garanguejo (1954), atingindo o cume com A Torre da Barbela (1964) e Silêncio para 4 (1973). Os três volumes da autobiografia — O Mundo à Minha Procura — serão publicados entre 1964 e 1968. Depois da sua morte chegou às livrarias o romance Kaos (1981), posfaciado por José Palla e Carmo. A obra de historiador é muito extensa, terminando em 1975: A Acção Diplomática do Conde de Lavradio em Londres 1851-1855. Além dos títulos aqui citados, Ruben A. publicou outros romances, livros de contos, narrativas de viagem, peças de teatro, volumes de correspondência de D. Pedro V e ensaios de investigação histórica.

A 26 de Setembro de 1975, um ataque de coração fulminante impede-o de ocupar o cargo de Senior Fellow no St Antony’s College, de Oxford. Tinha 55 anos e vivia então com Maria Luísa Távora. Está sepultado em campa rasa no cemitério de Carreço, perto de Viana do Castelo.

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segunda-feira, 25 de maio de 2020

COVID-19


Portugal, 25 de Maio de 2020

LEITURAS DO CONFINAMENTO, 10


Os Romances de Machado de Assis, integral em volume único, 2014

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domingo, 24 de maio de 2020

COVID-19


Portugal, 24 de Maio de 2020

LEITURAS DO CONFINAMENTO, 9


As Fúrias, Agustina Bessa-Luís, 1977

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MARIA VELHO DA COSTA 1938-2020


Maria Velho da Costa morreu ontem à noite, subitamente, em Lisboa. Não é fácil falar de quem fomos próximos.

Contudo, gostaria de destacar da sua obra títulos como Maina Mendes (1969), Casas Pardas (1977), Lucialima (1983), Missa in Albis (1988), Irene ou o Contrato Social (2000), Myra (2008), mas naturalmente também duas obras em co-autoria: Novas Cartas Portuguesas, 1972 (com Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno) e O Livro do Meio, 2006 (com Armando Silva Carvalho). Na área do ensaio deve referir-se Português, Trabalhador, Doente Mental (1977). Além de romances, ensaios de análise social e crónicas, Maria Velho da Costa é ainda autora de uma curiosa peça de teatro, Madame (1999), obra que põe em confronto as personagens femininas de Eça de Queirós e Machado de Assis.

Entre 1977 e 2013, Maria Velho da Costa recebeu todos os prémios que havia para receber, incluindo, em 2002, o Prémio Camões.

Recordar que participou como argumentista em filmes de João César Monteiro, Margarida Gil e Alberto Seixas Santos.

Funcionária pública toda a vida, primeiro no Instituto Nacional de Investigação Industrial, por último no Instituto Camões, foi leitora de português no King’s College de Londres (1980-87) e adida cultural na embaixada de Portugal na Cidade da Praia (1988-91).

Agora não haverá quem trate do pequeno jardim inglês. Até sempre, Maria de Fátima. E os meus sentimentos a seu filho, João Sedas Nunes.

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