sábado, 2 de dezembro de 2017

SIMPLEX

Os direitolas gozam com o Simplex porque ele começou no tempo de Sócrates, mas a realidade caiu-lhes em cima. O Serviço de Reformas Estruturais da União Europeia está a estudar o impacto do Simplex na administração pública e na economia portuguesa, com vista a fazer dele uma directiva europeia. Isso feito, cada Estado-membro adoptará o Simplex adequado à sua realidade, integrando-o no respectivo quadro jurídico.

Fora da Europa, também o Egipto e Marrocos estão interessados em adoptar o Simplex.

Parabéns a Graça Fonseca, a secretária de Estado que no âmbito da Modernização Administrativa gere o Simplex, e lhe deu um grande impulso.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

FLYNN MENTIU


O general Michael T. Flynn, primeiro Conselheiro de Segurança Nacional da administração Trump, declarou-se culpado de perjúrio ao FBI.

Hoje, perante o Tribunal Federal de Washington, admitiu ter mentido duas vezes sobre os seus encontros com o embaixador russo Sergey I. Kislyak, os quais tiveram por objectivo ‘neutralizar’ a reacção de Putin face à expulsão de 35 diplomatas russos, decretada por Obama, sob acusação de interferência na campanha de Hillary Clinton. Flynn prometeu que Trump poria fim às sanções económicas, e Putin ignorou a expulsão.

Tudo se passou na capital americana, em Dezembro de 2016, durante a transição presidencial. A Casa Branca ainda não reagiu. Curiosidade: Flynn trabalhou 25 meses com Obama e 25 dias com Trump. Ao pé do que hoje se soube, o imbróglio em que está metido o genro do presidente é uma brincadeira de crianças.

Podia se um episódio de House of Cards.

INTIMIDAÇÃO


A imagem é do Twitter, foi obtida hoje às 06:30, e vem estampada nas edições online de muitos jornais. Numa via rápida à entrada de Barcelona foram pendurados 'corpos' identificados com os símbolos dos partidos constitucionalistas, ou seja, anti-independência catalã. Sem comentários.

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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

ZÉ PEDRO 1956-2017


Morreu hoje o Zé Pedro, guitarrista e músico fundador da banda Xutos & Pontapés.
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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

EROTISMO BRASILEIRO


Hoje na Sábado escrevo sobre a notável Antologia de Poesia Erótica Brasileira organizada por Eliane Robert Moraes, professora de literatura brasileira e especialista na obra de Bataille, que agora chegou à edição portuguesa. Uma antologia de poesia erótica causa sempre embaraço nos espíritos sensíveis. Uma antologia (não confundir com um compêndio de poemas), isto é, uma selecção fundamentada, com critérios bem definidos e notas biobibliográficas dos autores. A organizadora assina a introdução, a nota editorial, e um longo estudo crítico em forma de posfácio. O espectro temporal é muito longo: vai de 1623 (Gregório de Matos) a 1963 (Claudia Roquette-Pinto), ou seja, mais de trezentos anos. O leitor pode aferir o modo como a poesia brasileira se libertou do cânone português a partir de 1922, graças à ‘revolução’ operada pela Semana de Arte Moderna de São Paulo. É deveras irónico verificar como Mário de Andrade, o poeta que fez a Semana para cortar o cordão umbilical com a tradição portuguesa, aparece representado com poemas pudibundos: «Aceitarás o amor como eu o encaro?...» Representado por 44 poetas, além dos anónimos, o século XIX é uma surpresa para qualquer leitor. Múcio Teixeira e Moysés Sesyom são revelações absolutas, mas nenhum pisa o risco do classicismo. Carlos Drummond de Andrade dispensa o linguajar fescenino, mas isso não dilui a força dos versos. A antologia recolhe autores canónicos, como os já citados Matos, Andrade e Drummond, mas também Tomás António Gonzaga, Gonçalves Dias, Olavo Bilac, Gilka Machado, Murilo Mendes, Vinícius de Moraes, João Cabral de Melo Neto, Millôr Fernandes, Ferreira Gullar, Hilda Hilst — Extasiada, fodo contigo / Ao invés de ganir diante do Nada —, Adélia Prado, Paulo Leminski, Antonio Cicero, Paulo Henriques Britto, Ana Cristina Cesar e Paulo Franchetti. Nascido em 1954, Franchetti assina um dos melhores poemas da selecção, O Fauno (pp. 258-9). A ausência de Eucanaã Ferraz não faz sentido, porquanto a sua poesia não é mais elíptica que a de outros seleccionados, detonando «comparações de grande alcance lírico» como as creditadas a João Cabral de Melo Neto. Em suma: indispensável. Cinco estrelas. Publicou a Tinta da China.

Escrevo ainda sobre Mea Culpa, o romance de Carla Pais (n. 1979) que esteve para vencer o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís, da Sociedade Estoril Sol, mas o júri foi obrigado a anular a escolha por ter havido violação do regulamento, não tendo o prémio sido atribuído a nenhuma das outras obras concorrentes. De facto, Mea Culpa não é a primeira obra da autora. Radicada em França, Carla Pais passou pela dura experiência da emigração, mas o livro tem acção centrada em Portugal, num lugarejo remoto onde nada parece ser o que é. Faz pouco sentido encontrar um exemplar do Livro do Desassossego naquele cenário, mas a deriva culturalista é uma pulsão recorrente na obra de autores novos. O realismo fantástico também: «A esposa do senhor presidente vem nua pela rua, traz na testa o suor dos pesadelos que atravessam a noite e repousam no sono.» A isto é de uso chamar-se ‘prosa poética’, embora, neste caso, o vernáculo («a filha que fodeu junto à figueira») dê cabo do propósito. O mais interessante é a tentativa, de certo modo conseguida, de provar que o sol não nasce da mesma maneira para todos. Três estrelas e meia. Publicou a Porto Editora.

PESADELO

Ontem, quando eram 18:30 em Portugal, a Coreia do Norte lançou um míssil balístico intercontinental Hwasong-15, capaz de transportar uma ogiva nuclear de grandes dimensões. Como o raio de alcance do Hwasong-15 é de 13 mil quilómetros, significa que pode atingir qualquer cidade dos Estados Unidos. Por exemplo, Washington fica a 11 mil quilómetros. Escusado será dizer que as cidades europeias também podem ser atingidas.

O seu lançamento em altura, por oposição à trajectória-padrão, evitou um alvo concreto e provou a capacidade do míssil, que atingiu 4.500 quilómetros de altura, indo cair em águas territoriais japonesas. Isto já foi confirmado pela Casa Branca, por Seul e Tóquio. Foi o 22.º lançamento de mísseis efectuados este ano pela Coreia do Norte. O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai reunir hoje de emergência.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

FOCUS PAF


PSD e CDS ainda não largaram o osso do Focus Group organizado pelo Governo, em Aveiro, no sábado passado. Mas no tempo deles também se fazia. Ora vejam lá. Qualquer dúvida é só consultar a imprensa da época.

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HARRY


Soube-se ontem que o príncipe Harry vai casar na próxima Primavera com a actriz americana Meghan Markle. Os tablóides não têm poupado a futura duquesa de Sussex: além de estrangeira, é actriz, divorciada, mais velha que o príncipe, mestiça (a mãe é afro-americana), bisneta de um escravo, etc. Do outro lado da barricada, estudiosos de heráldica descobriram que a bisavó paterna de Ms Markle era descendente de John Hussey, 1.º Barão Hussey de Sleaford, mandado decapitar por Henrique VIII, e grande proprietária de terras. Isto é como as bichas do Bric: eram todas descendentes de Luís XIV. Algumas andam por aqui.

Clique na imagem do Guardian.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

TAMBÉM TU, URKULLU?

O Euzkadi Buru Batzar, órgão máximo do Partido Nacionalista Basco, tornou público o memorando da mediação conduzida por Iñigo Urkullu, presidente do Governo Basco, entre a Generalitat e Rajoy. Puigdemont não sai bem no retrato. Tudo começou a 19 de Julho, quando Rajoy recebeu Urkullu na Moncloa. Detalhes esquizofrénicos sobre a abortada convocatória de eleições: num espaço de poucas horas (em 26 de Outubro), Puigdemont disse e desdisse. Cartas para Juncker e Tusk que ficaram sem resposta. Um contacto com Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha, homem forte do Vaticano, para eventual mediação papal: a Santa Sé recusa categoricamente. O silêncio de Junqueras em todo o processo. A importância do discurso do rei. A percepção, face à opinião pública catalã, de que Puigdemont cometeu traição. A frase fatal antes da fuga: «Tengo una rebelión. No puedo aguantar

Entretanto, ontem, entrevistado por Henrique Cymerman para o programa Zman Emet, da estação israelita Canal 1 Kan, Puigdemont disse que tenciona propor aos catalães a saída da União Europeia se ela continuar a ser... «Um conjunto de países decadentes e obsolescentes, onde só alguns contam, uma confederação de interesses económicos cada vez mais discutíveis, com vários pesos e medidas para situações iguais. A Catalunha devia votar se aceita isto.» O homem ainda se julga o dono do pedaço.