sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

AMOS OZ 1939-2018


Vítima de cancro, morreu hoje Amos Oz, o escritor israelita que se opunha à política expansionista do seu país, o defensor convicto do direito dos palestinianos a um Estado independente, uma voz incómoda para Tel Aviv: «Se não houver aqui dois estados, e rapidamente, haverá apenas um. (E será árabe.)» Romancista, contista, ensaísta, professor de literatura na Universidade Ben-Gurion, em Beersheba, tem a obra (vinte romances, onze colectâneas de ensaios e três de contos) publicada em mais de cinquenta países, incluindo Portugal, onde estão traduzidos os seus livros mais conhecidos. Em data, o mais recente é Caros Fanáticos, uma colectânea de três ensaios centrados no fanatismo universal, de que o islâmico é parte. Tinha 79 anos.

ADSE


O Observador publicou ontem um estudo muito detalhado sobre a ADSE, da autoria de Mário Amorim Lopes, professor da Universidade do Porto e da Católica Porto Business School. Trata-se de um trabalho sério, com início na criação (em 1963) deste subsistema de saúde dos funcionários públicos, anterior ao SNS, explicado até à actualidade.

Por exemplo: em 2016, a ADSE atingiu um pico de 336 milhões de euros de saldo positivo, «tendo plenamente consolidado o autofinanciamento... depende apenas das contribuições dos seus beneficiários...», que todos os meses descontam 3,5% do seu vencimento bruto, subsídios de férias e Natal incluídos.

Em 2016, a ADSE tinha 1.269.267 beneficiários, dos quais 848.665 são titulares no activo (41%) ou aposentados (27%), sendo os restantes 420.602 descendentes menores e cônjuges sem rendimentos.

É importante que estas coisas sejam esclarecidas para acabar de vez com a ideia de benesse.

Conclusão: «A ADSE é hoje financeiramente independente. Logo, é um subsistema de saúde pago pelos seus beneficiários e não pelos contribuintes. Os restantes argumentos para a sua extinção são de cariz ideológico.» O trabalho é complementado com meia dúzia de gráficos, um dos quais aqui se reproduz.

Clique na imagem.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

BEST OF 2018


Em cima do fim do ano, o meu Best Of 2018. Cinco livros:

A MENTE APRISIONADA / Czeslaw Milosz / Cavalo de Ferro

Poeta notabilíssimo, o polaco Czeslaw Milosz publicou em 1953 um libelo contra o totalitarismo: A Mente Aprisionada. A tradução portuguesa chegou em 2018. Os marxistas não gostaram, os anticomunistas torceram o nariz. Milosz sofreu o ónus de ter razão antes de tempo, mas o futuro corroborou esta obra-prima.

MULHERES LIVRES HOMENS LIVRES / Camille Paglia / Quetzal

Cada novo livro de Camille Paglia é uma provocação. Nessa medida, Mulheres Livres Homens Livres não constitui excepção. Compilação de ensaios (alguns oriundos de outras obras suas) sobre sexo, género, arte e feminismo, apoiados numa vasta erudição e no total desprezo pela mentalidade dominante. Imprescindível.

MRS. OSMOND / John Banville / Relógio d’Água

Se a ficção jamesiana é um paradigma de excelência, John Banville chegou lá. Num exercício arriscado, Mrs. Osmond prolonga Retrato de Uma Senhora, o clássico de 1881. James fez a transição do romance vitoriano para o modernismo, e Banville, dialogando de igual para igual, faz com brilho o caminho de volta.

O MUNDO GAY DE ANTÓNIO BOTTO / Anna M. Klobucka / Documenta

Ler Botto sob enfoque queer foi o que fez Anna M. Klobucka com O Mundo Gay de António Botto. Estudo inédito de um poeta que, nos anos 1920, impôs em língua portuguesa a poesia de índole homossexual, mergulha na biografia do autor, sem esquecer celeumas, o patrocínio de Pessoa, o exílio no Brasil e os delírios de uma personalidade errática.

PÁTRIA / Fernando Aramburu / Dom Quixote

O terrorismo associado ao independentismo basco ilustra um dos períodos negros da História de Espanha. No mais recente dos seus romances, Pátria, o espanhol Fernando Aramburu expõe de forma crua a vaga de assassinatos perpetrados pela esquerda abertzale. Isento de ênfase, o livro vai fundo no escalpe da realidade.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

RUI MARTINIANO 1954-2018


Vítima de aneurisma, morreu anteontem Rui Martiniano, o editor que, na qualidade de poeta, assinava Rui André Delídia.

Martiniano abandonou a actividade bancária para fundar a Hiena, editora marginal porém muito exigente, que tem no seu catálogo dois livros de Fernando Assis Pacheco, sendo um deles a primeira reunião da poesia completa do autor, uma colectânea de traduções feitas por Herberto Helder, além de livros de Raul Leal, António José Forte, Adília Lopes, Oscar Wilde, Djuna Barnes, Boris Vian, Marguerite Duras, Saint-John Perse, Marina Tsvétaïeva, Walter Benjamin, Thomas Bernhard, Mandelstam, Beckett, Nietzsche, Joyce, Hofmannsthal, Rilke, Céline, Rimbaud, Baudelaire, Genet, Lorca, Artaud, Nerval, Kafka, Mallarmé, Bataille, Michaux, Tzara, Pound e dezenas de outros.

Em 1991, com o título Arte Inútil, publicou a sua própria poesia reunida (escrevi sobre o livro no n.º 135-36 da revista Colóquio-Letras). Nos últimos anos dedicou-se à actividade de alfarrabista, na Rua Anchieta, ao Chiado. Tinha 64 anos.

Imagem de Edgar Pêra, roubada a Diogo Vaz Pinto. Clique.

domingo, 23 de dezembro de 2018

INDONÉSIA


Cerca de 250 mortos, 843 feridos graves e centenas de habitações destruídas, número que inclui uma dezena de hotéis, é o balanço provisório do tsunami que esta madrugada abalou a região costeira de Pandeglang, na província de Banten (Java), a duzentos quilómetros de Jacarta.

Clique na imagem de El País.