sábado, 2 de julho de 2016

ELIE WIESEL 1928-2016


Morreu hoje o escritor e activista pelos direitos humanos Elie Wiesel, sobrevivente de Buchenwald, Prémio Nobel da Paz em 1986. Wiesel nasceu na Roménia, no seio de uma família judaica, mas era cidadão americano. Grande parte da sua obra encontra-se traduzida em Portugal. Tinha 87 anos.

YVES BONNEFOY 1923-2016


Morreu ontem o poeta francês Yves Bonnefoy, autor de uma obra vastíssima: noventa títulos, entre poesia e ensaio. Além de poeta, foi crítico de arte, ensaísta, tradutor emérito e professor do Collège de France. Exceptuando um ensaio seu sobre Rimbaud, traduzido e publicado em 2004, não me lembro de outra obra de Bonnefoy na edição portuguesa. Tinha 93 anos.

EM QUE FICAMOS?

O indivíduo a quem o historiador Diogo Gaspar, ex-director do Museu da Presidência da República, terá vendido obras de arte do Palácio de Belém e do Palácio da Cidadela (Cascais), era namorado, amigo, familiar ou sócio? E se, como diz o advogado sem se rir, «o doutor Diogo Gaspar comprou peças que tinham ido para abate, e depois vendeu algumas...», quem decidiu o abate de património do Estado no valor de um milhão de euros? A mulher da limpeza, farta de aspirar tapeçarias de Portalegre?

sexta-feira, 1 de julho de 2016

SÍNDROME AUSTRÍACA

Alegando irregularidades na contagem dos votos por correspondência, o candidato de extrema-direita Norbert Hofer pediu a repetição das eleições. E o Tribunal Constitucional austríaco deu-lhe razão. Na Áustria, as eleições presidenciais vão ser repetidas.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

ANA MARGARIDA DE CARVALHO


Hoje na Sábado escrevo sobre Não se pode morar nos olhos de um gato — o título recupera um verso de O’Neill —, de Ana Margarida de Carvalho, autora que conseguiu a proeza de vencer o Grande Prémio de Romance e Novela da APE com o livro de estreia. Agora que publica o segundo, confirma-se a espessura de uma voz própria: «O filho não contrariou estes desdizeres da senilidade do pai…». O coro de regra sublinhará o timbre poético, embora me pareça mais avisado exarar o óbvio: a poética não tira nem acrescenta nada ao discurso de um romancista. Nesse particular, Ana Margarida de Carvalho se distingue dos amanuenses da ficção nacional. Não é fácil construir um romance assim. O relato de um naufrágio fictício exige o domínio seguro de todos os recursos discursivos, de forma a tornar a intriga plausível (sem ignorar as relações de contraste), dando vida própria aos personagens e seus fantasmas privados. Os flashbacks ajudam, decerto que sim, mas importa saber cerzir. E esse saber fazer está lá. A distopia chegou à nova ficção portuguesa? Quatro estrelas.

BORIS DESISTIU


Depois da rasteira de Gove, Boris Johnson anunciou publicamente que desiste de concorrer à liderança dos tories. A recepção de candidaturas termina hoje. A imagem é do Guardian. Clique nela.

GOVE MORDE BORIS

Michael Gove, 48 anos, Lord Chancellor e ministro da Justiça do Reino Unido, fez campanha pelo Brexit ao lado de Boris Johnson, o sucessor “natural” de Cameron. Isso fez dele um homem conhecido fora da ilha. Hoje, Gove mordeu a mão de Boris: «Ele não é a pessoa indicada.» E avançou para a corrida à liderança dos tories. Conseguirá? É que Theresa May ainda não se auto-excluiu do campeonato. A ver vamos.

O RESGATE

O comportamento dos media portugueses atingiu o paroxismo. Na RTP, José Rodrigues dos Santos pôs na boca de Schäuble uma afirmação que o próprio desmentiu. A “notícia” da Reuters, alegadamente — repito: alegadamente — caucionada pela Bloomberg, levou o senhor Ferreira da SIC a perorar como um sacerdote às oito da noite. Sucede que o equívoco estava esclarecido desde o fim da manhã. Facto é que ninguém consegue encontrar, com data de ontem, uma linha da agência sobre o assunto (a última vez que o tema foi abordado foi em Fevereiro). Chama-se a isto o quê?

quarta-feira, 29 de junho de 2016

ABRIR O JOGO


Ontem, no final da última Cimeira em que participou, Cameron disse sem hesitações: «A irrestrita liberdade de circulação esteve no centro da decisão dos britânicos rejeitarem a UE.» Não nos devemos admirar se este statement encorajar o lumpemproletariado xenófobo. A imagem é do Diário de Notícias. Clique.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

REALPOLITIK

Não há volta a dar à aritmética eleitoral espanhola. São necessários 176 deputados para a maioria absoluta. Isso só se consegue de duas maneiras. Juntando PP e PSOE — 219. Ou juntando PSOE com Unidos Podemos e Ciudadanos — 188. As variantes são curtas. PP e Ciudadanos — 169. PSOE e Unidos Podemos — 156. Dito de outro modo, a opção da Esquerda sozinha não tem pernas para andar. É trágico, mas é consequência do espectáculo indecoroso que o Podemos patrocinou nos últimos seis meses. Os espanhois vão andar outro semestre a jogar à macaca? E forçar novas eleições que levariam o PP a obter uma inequívoca maioria absoluta? Rajoy continuará a governar Espanha enquanto este quadro se mantiver. Por muito que nos (me) desagrade, a solução passa por garantir a investidura de um Governo chefiado pelo PP com o apoio parlamentar do PSOE. Nem que para isso tenha de mudar de líder. Em Portugal, o BE, o PCP e o PEV foram capazes de perceber que há momentos em que a Realpolitik é a única tábua de salvação. O resto é conversa fiada.

domingo, 26 de junho de 2016

DUCHE ESCOCÊS COM SALERO


Nos últimos seis meses, a Esquerda espanhola andou a fazer birras. Hoje levou um balde de água fria. Rajoy não obteve a maioria, mas arrecadou mais 14 deputados. Se fosse espanhol estava seriamente preocupado. O gráfico é de El País. Clique nele.