sábado, 18 de setembro de 2021

JOSÉ-AUGUSTO FRANÇA 1922-2021


Morreu hoje José-Augusto França, historiador de arte e olissipógrafo, autor de uma obra muito vasta que inclui ensaio, crítica, romance, conto, poesia, teatro, monografias sobre Lisboa, e outra sobre Tomar, cidade onde nasceu.

Professor catedrático jubilado da Universidade Nova de Lisboa, era considerado o guru da historiografia nacional de Arte. Fez parte (1947-49) do Grupo Surrealista de Lisboa, polemizou com os neorrealistas, organizou o primeiro salão de arte abstracta, editou revistas de vanguarda, leccionou na Sociedade Nacional de Belas Artes, presidiu ao Centro Nacional de Cultura, dirigiu a revista Colóquio-Artes (Gulbenkian) entre 1970 e 1997, criou em 1975 a primeira licenciatura em História da Arte, etc. Em suma, participou activamente na vida cultural portuguesa durante mais de meio século.

Em Paris, onde viveu largas temporadas e terminou a formação universitária que tinha abandonado em Lisboa, obteve os graus de Doutor em História (1962), Letras (1969) e, mais tarde, em Sociologia da Arte. Na capital francesa foi ainda director (1980-86) do Centro Cultural Calouste Gulbenkian.    

Em mais de cem títulos, gostaria de destacar Lisboa. História Física e Moral (2008), Lisboa Pombalina e o Iluminismo (1977), A Arte em Portugal no Século XX (1974, edição revista em 2008) e Arte Portuguesa do Século XIX (1967, edição revista em 1981), sem esquecer, naturalmente, as obras que dedicou a Almada e Amadeo. 

Prevê-se a publicação de Estudos das Zonas ou Unidades Urbanas de Carácter Histórico-Artístico de Lisboa, obra que inclui plantas, desenhos e levantamento fotográfico em 292 imagens.

Várias vezes condecorado, José-Augusto França vivia em França desde 2001. Estava internado há três anos numa unidade de cuidados continuados de Jarzé Villages e faria 99 anos no próximo mês de Novembro. Era casado com Marie-Thérèse Mandroux, historiadora de arte.

Imagem: fotografia de 1949, por Fernando Lemos, in Eu Sou Fotografia (2011), álbum editado pela Fundação Cupertino de Miranda. Clique.

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

CÁTEDRA LÍDIA JORGE


É hoje apresentada na Université de Genève a cátedra Lídia Jorge, instituída no passado mês de Junho por aquela universidade centenária, com o fim de divulgar e promover a sua obra, mas também a língua portuguesa e as culturas de expressão portuguesa, como vem fazendo o respectivo Centre International d’Études Portugaises.

Integrada na Faculdade de Letras da referida universidade, a formalização da cátedra Lídia Jorge assenta num Colóquio internacional no qual participam cerca de vinte professores e investigadores portugueses, brasileiros, franceses, suíços, britânicos e norte-americanos, distribuídos por sete painéis, a partir do tema central — “o poder da imagem na obra de Lídia Jorge”.

Augusto Santos Silva, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, fará a primeira comunicação: A imagem de Portugal na obra de Lídia Jorge. Os trabalhos prosseguem amanhã.

Parabéns, Lídia.

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POR FIM


Quatro anos e 6,7 milhões de euros depois, reabriu ontem a estação do metro de Arroios. O cais foi prolongado quarenta metros, permitindo a paragem de comboios com seis carruagens, como no resto da rede.

Foram limpos os azulejos de Maria Keil e colocado um grande painel de Nikias Skapinakis, Cortina Mirabolante, encomendado para o efeito. Quem não quiser descer as escadas tem elevador.

Como é do conhecimento geral, o primeiro empreiteiro faliu, obrigando a Câmara de Lisboa a tomar posse administrativa da obra. Isso explica o salto de seis meses para quatro anos e a derrapagem de 50% no custo final.

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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

UM MILHÃO DE RECUPERADOS


Portugal ultrapassou hoje a barreira do milhão de recuperados. Clique na imagem.

domingo, 12 de setembro de 2021

CARLOS DE OLIVEIRA


UM POEMA POR SEMANA — Para este domingo escolhi Leitura de Carlos de Oliveira (1921-1981), poeta maior, cuja Obra transcende as balizas do neo-realismo a que o seu nome é por regra associado.

Natural de Belém do Pará, no Brasil, veio para Portugal em 1923, radicando-se na região da Gândara, onde seu pai exerceu medicina.

Estreado em livro em 1937, só considerará como parte da bibliografia a obra publicada a partir de 1942, ou seja, a partir de Turismo. Unanimemente considerado o poeta mais importante do neo-realismo português, distingue-se também como romancista. Na ficção, a obra mais conhecida é Uma Abelha na Chuva (1953). Nunca tendo exercido qualquer profissão, colaborou na imprensa cultural de Lisboa, do Porto e de Lourenço Marques. Viveu em Lisboa entre 1948 e 1981, ano da sua morte. O seu espólio encontra-se depositado no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira. No passado 10 de Agosto passaram cem anos sobre o seu nascimento.

O poema desta semana pertence a Pastoral (1977), o derradeiro ciclo de Oliveira. A imagem foi obtida a partir de Trabalho Poético, volume da obra poética completa [Assírio & Alvim, 2003] na qual o autor refunde e reescreve toda a poesia publicada, acrescentando-lhe Pastoral.

[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia, Jorge de Sena, Glória de Sant’Anna, Mário de Sá-Carneiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, Florbela Espanca, António Gedeão, Fiama Hasse Pais Brandão, Reinaldo Ferreira, Judith Teixeira, Armando Silva Carvalho, Irene Lisboa, António Botto, Ana Hatherly, Alberto de Lacerda, Merícia de Lemos, Vasco Graça Moura, Fernanda de Castro, José Gomes Ferreira, Natércia Freire, Gomes Leal, Salette Tavares, Camilo Pessanha, Edith Arvelos, Cesário Verde, António José Forte, Francisco Bugalho e Leonor de Almeida.]

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