Começou a caça à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. O país beato e hipócrita não tolera que Ana Mendes Godinho tenha tido a franqueza de dizer o óbvio, ou seja, que não leu o relatório da auditoria feita pela Ordem dos Médicos no Lar de Reguengos de Monsaraz, um estabelecimento da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva.
Para ler relatórios existem os assessores. Sempre assim foi e será. Os assessores da ministra e os assessores dos secretários de Estado responsáveis pela área em pauta: Gabriel Bastos, da Segurança Social, Ana Sofia Antunes, da Inclusão das Pessoas com Deficiência, e Rita da Cunha Mendes, da Acção Social. E a seguir os directores-gerais. Chama-se hierarquia.
O que se terá passado no Lar de Reguengos de Monsaraz tem de ser investigado, claro que sim, e rapidamente, mas pelo Ministério Público. Ou será que a referida Fundação tem imunidade?
O que o Governo devia fazer era aproveitar o pretexto para inspeccionar todos os lares da terceira idade, chamem-se Casa de Repouso, Clube Sénior ou outra coisa qualquer, sejam propriedade de quem forem (Santa Casa, Igreja, Bancos, Empresas públicas e privadas, Associações, empresários em nome próprio, Estado, sindicatos, Fundações, etc.) e, em consequência, agir. O busílis, diz quem conhece bem o sector, é que uma inspecção a sério levaria ao encerramento imediato de 6 em cada 10 estabelecimentos existentes no país. E falo apenas dos legais.
O único erro de Ana Mendes Godinho foi ter dado a entrevista a quem deu. O resto é chicana política.
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