quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

LAURO ANTÓNIO 1942-2022


Vítima de ataque cardíaco fulminante, morreu hoje Lauro António, cineasta, encenador, crítico e professor. Tinha 79 anos.

Notabilizado com Manhã Submersa (1980), o mais célebre dos filmes que realizou, Lauro António desenvolveu grande actividade no cineclubismo, na rádio e na televisão. Foi director de festivais de cinema, arte sobre a qual deixa uma extensa bibliografia de mais de cem títulos.

A partir de uma doação sua à Câmara de Setúbal (milhares de livros, mas também filmes, fotografias, cartazes, documentos, objectos, etc.), foi inaugurada naquela cidade, em Maio do ano passado, a Casa das Imagens.

Os meus sentimentos a Maria Eduarda Colares, a seu filho Frederico Corado, mas também a Alexandra Prado Coelho.

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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

MONICA VITTI 1931-2022


Morreu hoje Monica Vitti, musa de Antonioni e uma das grandes divas do cinema europeu dos anos 1960-70. Tinha 90 anos e sofria da doença de Alzheimer há mais de 25 anos.

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segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

ABSOLUTA, OF COURSE



Maioria absoluta do PS. O Presidente da República começa a ouvir amanhã, nos termos do artigo 187.º, n.º 1, da Constituição, os Partidos com representação parlamentar. Clique nas imagens.

A NOITE MAIS LONGA


Quando faltam contar apenas os votos da emigração, o PS tem 117 deputados eleitos, o que faz dele o vencedor do acto eleitoral, com maioria absoluta. 

— O PSD perdeu 6 deputados mas mantém-se no 2.º lugar.

— Perdendo 14 deputados, o BE passou do 3.º para 6.º lugar.

— Perdendo 6 deputados, a CDU passou do 4.º para 5.º lugar.

— Perdendo 3 deputados, o PAN passou do 6.º para 8.º lugar.

— A extrema-direita do CH conseguiu eleger 12 deputados.

— Os liberais elegeram 8.

— O CDS e o PEV não obtiveram representação parlamentar.

Apesar da manipulação e do medo [mais de um milhão de portugueses confinados], aumentou o número de votantes. A abstenção baixou, o que não acontecia há dezassete anos.

A maioria absoluta do PS — e a continuação de António Costa como primeiro-ministro — é motivo de regozijo. 

Sem surpresa, os portugueses penalizaram fortemente quem chumbou o OE para 2022. Estava escrito nas estrelas? Parece que sim.

Nota patética da noite: Francisco Rodrigues dos Santos conseguiu a proeza de fazer implodir o CDS, um dos Partidos fundadores da democracia portuguesa.

Imagem: secretaria-geral do MAI. Clique.

domingo, 30 de janeiro de 2022

TORGA


UM POEMA POR SEMANA — Para este domingo escolhi Primeira Endecha de Miguel Torga (1907-1995), um dos mais influentes escritores portugueses do século XX.

Natural de São Martinho de Anta (Sabrosa), Torga — pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha — foi, ainda criança, moço de recados de uma família abastada do Porto e candidato a seminarista. Aos 13 anos emigrou para o Brasil, onde viveu cinco anos como apanhador de café na Fazenda de Santa Cruz, em Minas Gerais, tendo regressado a Portugal em 1925.

Publicou o primeiro livro, Ansiedade (1928), no ano em que se matriculou na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Médico otorrinolaringologista de profissão, Miguel Torga publicou, além de poesia, contos, novelas, romances, peças de teatro, ensaios, crónicas, cinco volumes de memórias e dezasseis volumes do famoso «Diário». Homem de esquerda, teve livros apreendidos, foi preso pela PIDE e impedido de viajar para o estrangeiro.

Adversário da integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia, militou publicamente contra a assinatura do Tratado de Maastricht.

Em 1960, a Universidade de Montpellier propôs o seu nome para o Nobel da Literatura, ao mesmo tempo que a intelligentsia portuguesa propunha Aquilino Ribeiro (nenhum dos dois ganhou). Voltaria a ser candidato em 1978, dessa vez sob unanimidade nacional. Traduzido em vários países europeus, recebeu, entre outros, os prémios Montaigne (1981), Camões (1989) e Vida Literária (1992).

Foi casado com a professora e ensaísta Andrée Crabbé Rocha e é pai da professora e ensaísta Clara Rocha.

O poema desta semana pertence a Abismo (1932). A imagem foi obtida a partir do primeiro volume de Poesia Completa (2007), publicado pela Dom Quixote. Foi a primeira vez que um livro seu apareceu nas livrarias sob chancela editorial: em vida, todos os seus livros foram publicados em edição de autor.

[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia, Jorge de Sena, Glória de Sant’Anna, Mário de Sá-Carneiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, Florbela Espanca, António Gedeão, Fiama Hasse Pais Brandão, Reinaldo Ferreira, Judith Teixeira, Armando Silva Carvalho, Irene Lisboa, António Botto, Ana Hatherly, Alberto de Lacerda, Merícia de Lemos, Vasco Graça Moura, Fernanda de Castro, José Gomes Ferreira, Natércia Freire, Gomes Leal, Salette Tavares, Camilo Pessanha, Edith Arvelos, Cesário Verde, António José Forte, Francisco Bugalho, Leonor de Almeida, Carlos de Oliveira, Fernando Assis Pacheco, José Blanc de Portugal, Luís Miguel Nava, António Maria Lisboa, Eugénio de Andrade, José Carlos Ary dos Santos, António Manuel Couto Viana, Ruy Cinatti, Al Berto, Alexandre O’Neil, Vitorino Nemésio e David Mourão-Ferreira.]

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VOTAR É PRECISO


Hoje é o dia em que decidimos o nosso futuro. Repito o que já disse outro dia: temos de votar com a razão, deixando em casa as emoções e a bílis.

Não podemos esquecer os ominosos anos do Governo PSD/CDS. Não podemos esquecer quem chumbou o OE 2022. Não podemos ir na cantiga de quem nos promete o impossível. Não podemos deixar que o neo-liberalismo faça o seu caminho. Não podemos deixar passar a extrema-direita.

Daqui a pouco, quando for votar, votarei PS. Quero que António Costa continue primeiro-ministro. Não quero imaginar o que possa ser do país se não houver condições para que isso aconteça.

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