UM POEMA POR SEMANA — Para este domingo escolhi Phonographo de Camilo Pessanha (1867-1926), o mais destacado simbolista da língua portuguesa.
Natural de Coimbra, Camilo Pessanha era filho de um juiz e de uma criada. Teve uma infância nómada e atribulada, dividida entre Portugal e os Açores. Estudou Direito, advogou em Óbidos e Trás-os-Montes e, aos 27 anos, radicou-se em Macau, onde foi professor de liceu, conservador do Registo Predial e juiz.
Estudioso da língua e da literatura chinesa, escreveu ensaios coligidos postumamente em China (1944), volume que inclui oito elegias chinesas.
A partir de 1895 publicou poemas avulsos em jornais de Macau e de Lisboa, mas também no número único da revista Centauro (1916). Em 1920, Ana de Castro Osório organizou esse corpus poético, publicando-o como Clepsydra, título inspirado num poema de Baudelaire, L’horloge.
Neurótico, coleccionador de objectos raros, viveu dependente do consumo de ópio. Da sua ligação com Ngan-Yen teve um filho.
Durante os 32 anos de permanência em Macau, veio quatro vezes a Portugal, numa delas tendo assistido ao assassinato de D. Carlos e do príncipe herdeiro.
Vítima de tuberculose pulmonar, morreu em Macau com 58 anos.
O poema desta semana pertence a Clepsydra (1920), mais exactamente à edição crítica organizada por Paulo Franchetti, publicada pela Relógio d’Água em 1995. A imagem foi obtida a partir dessa edição.
[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia, Jorge de Sena, Glória de Sant’Anna, Mário de Sá-Carneiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, Florbela Espanca, António Gedeão, Fiama Hasse Pais Brandão, Reinaldo Ferreira, Judith Teixeira, Armando Silva Carvalho, Irene Lisboa, António Botto, Ana Hatherly, Alberto de Lacerda, Merícia de Lemos, Vasco Graça Moura, Fernanda de Castro, José Gomes Ferreira, Natércia Freire, Gomes Leal e Salette Tavares.]
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