sábado, 9 de janeiro de 2021

ATÉ QUE ENFIM


Michael Sherwin, o principal promotor federal em Washington, começou a dar caça aos energúmenos: «Estamos a usar todos os recursos para identificar, prender e começar a processar os indivíduos que, de forma insolente, participaram nos actos criminosos verificados no Capitólio.» Treze já estão presos.

Jake Angeli, o conhecido teórico da conspiração Q Shaman — o rufia de tronco nu, lança com bandeira, rosto pintado e cornos na cabeça —, foi formalmente acusado de ser um dos principais mentores do cerco e invasão do Capitólio.

Adam Johnson (na imagem), a criatura que tentou roubar o púlpito de Nancy Pelosi, foi preso ontem à noite por US Marshals.

Richard Barnett, a criatura que se deixou fotografar com os pés em cima da secretária de Nancy Pelosi, foi preso em Bentonville, no Arkansas. Vai a tribunal no próximo dia 12 e será extraditado para Washington.

Cleveland Grover Meredith Jr., que participou na invasão do Capitólio com uma espingarda na mão e pistolas no coldre, foi acusado de, numa mensagem de texto, ter ameaçado de morte Nancy Pelosi: «Vais levar um balázio na testa

Derrick Evans, um legislador estadual de West Virginia, foi formalmente acusado de entrar de forma violenta e de permanecer, em «conduta desordenada», no Capitólio.

Doug Jensen, outro agitador, filmado a entrar no Capitólio por membros do HuffPost, está sob custódia no Condado de Polk, no Iowa. Enfrenta várias acusações, incluindo desobediência à polícia.

Há mais, mas a lista é longa. Para quem não sabe: além do cerco, invasão e arrombamento de portas e janelas, a caterva defenestrou mobiliário e tapeçarias, urinou e defecou em corredores, besuntou obras de arte com fezes, matou um polícia e feriu vários, teve acesso a áreas sensíveis do edifício (restritas à segurança máxima), etc. Portanto, não se trata só do acto simbólico de atacar o coração da Democracia.

Clique na imagem do New York Times.

AGORA FOI DE VEZ


Depois do Facebook, Instagram e Reddit, Trump também foi banido por tempo indeterminado do Twitter.

Excerto do comunicado: «Após análise detalhada de tuítes recentes da conta @realDonaldTrump e do respectivo contexto — designadamente pela forma como são recebidos e interpretados dentro e fora do Twitter —, suspendemos permanentemente a conta devido ao risco de reiterado incitamento à violência.» 

Os «eventos horríveis desta semana...» já haviam levado o Twitter a suspender durante 12 horas (entre a tarde de quarta-feira e a madrugada de quinta-feira) a conta do Presidente. O tuíte de ontem, sobre a inauguração de Biden, terá sido a gota de água.

Imagem: comunicado do Twitter. Clique.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

TAMBÉM TU, RUSSELL?


Russell D. Moore, 49 anos, teólogo, pregador, líder da Convenção Batista do Sul (evangélicos conservadores), actual presidente da Comissão de Ética e Liberdade Religiosa, pediu a renúncia imediata de Trump.

Junta-se assim a políticos de vários quadrantes, a senadores e congressistas, secretários [ministros] e assessores da Casa Branca, grandes empresários, opinion makers influentes, directores de jornais de referência, e outras personalidades, que têm instado o Presidente a renunciar.

Imagem: tuíte de Mr Moore. Clique.

SÓ AGORA?


Mike Pence não acciona a 25.ª Emenda, mas o vice-Presidente terá dito a Trump que estaria disposto a fazê-lo se ele não condenasse a invasão do Capitólio.

Advertido por assessores e por Pat Cipollone, o advogado-conselheiro da Casa Branca, para a possibilidade de ser acusado de incitamento à sedição, Trump fez um statement de dois minutos no Twitter, declarando-se «indignado com a violência, a ilegalidade e o caos...» Pois.

Disse mais: «Uma nova administração será inaugurada a 20 de Janeiro. Vou garantir uma transição de poder suave, ordenada e contínua. Este momento exige cura e reconciliação.» Também disse que os desordeiros terão de responder pelos seus actos.

Entretanto, o Wall Street Journal (conservador) juntou-se a outros jornais influentes exigindo a imediata renúncia de Trump.

Fica a pergunta: por que razão o Capitólio não foi logo “blindado” na manhã do passado dia 5, véspera da sessão conjunta do Congresso?

Clique na imagem do New York Times.

HENRIQUE SEGURADO 1930-2021


Morreu Henrique Segurado, poeta, jornalista e livreiro, personalidade discretíssima da vida cultural portuguesa. Tinha 90 anos. Só ontem à noite se soube da sua morte, ocorrida anteontem, dia 6.

Natural de Lisboa, Henrique Segurado foi um poeta bissexto, oriundo do grupo da Távola Redonda. Com obra publicada desde 1953, justamente representada em diversas antologias, coligiu em Almocreve das Palavras (2011) e Debaixo das Tílias (2012), dois volumes ilustrados por Rui Sanches, o essencial da sua poesia. O livro derradeiro foi O Avesso do Império (2016), organizado por Manuel Rosa.

Enquanto jornalista, fez carreira a partir de 1956, no Século, Diário de Lisboa, República, etc., tendo sido, em 1975, um dos fundadores do semanário O Jornal, do qual foi administrador. 

Como livreiro, abriu em 1976 as livrarias Castil, primeiro a da Rua Castilho, depois a de Alvalade e a seguir outras quatro, uma delas no Porto.

Os meus sentimentos a sua filha, a artista plástica Teresa Pavão.

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quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O GANG DOS 147


Para que os eleitores não esqueçam, aqui estão os retratos dos oito senadores e dos 139 congressistas republicanos que pretendiam reverter a decisão do Colégio Eleitoral, sustentando até ao fim (mesmo durante e após a invasão do Capitólio) a alegação de fraude eleitoral.

O New York Times indentifica-os um por um. Clique.

BIDEN CONFIRMADO


Passava das 4 da madrugada em Washington quando, oito horas após o recomeço da sessão conjunta, o Congresso confirmou Biden como 46.º Presidente eleito dos Estados Unidos, nos termos do Colégio Eleitoral: 306 votos para Biden vs 232 para Trump.

Porém, insistindo na alegação de fraude eleitoral generalizada, indiferentes aos acontecimentos da tarde, os aliados de Trump mantiveram a constestação aos resultados do Arizona e da Pensilvânia. Mas a Câmara dos Representantes e o Senado rejeitaram a tentativa de impugnação nos dois Estados: Arizona 303 vs 122 / 93 vs 6. Pensilvânia 282 vs 138 / 92 vs 7. 

Trump acabou por escrever no Twitter, na conta de um assessor (a sua está bloqueada), o seguinte: «Embora discorde totalmente do resultado da eleição, e os factos dão-me razão, haverá uma transição ordeira a 20 de Janeiro

Clique na imagem do New York Times.

SEDIÇÃO


Sem surpresa para quem nos últimos dois meses tomou nota dos sinais, o 6 de Janeiro de 2021 entrou para a lista das datas malditas. O que se passou em Washington é equivalente ao 11 de Setembro de 2001, o dia em que, depois da tragédia de Nova Iorque, um terceiro avião atingiu o Pentágono, em Washington. Só o quarto falhou: o voo 93 da American Airlines, com destino provável justamente no Capitólio, foi forçado pelos passageiros a despenhar-se em Shanksville, na Pensilvânia.

No momento em que decorria a sessão conjunta do Senado e da Câmara dos Representantes para certificar os votos do Colégio Eleitoral que fazem de Biden o 46.º Presidente eleito dos Estados Unidos, a invasão do Capitólio ficará na História como um momento inimaginável numa democracia avançada. Nem House of Cards (a série) foi tão longe.

Mas aconteceu que milhares de desordeiros fizeram interromper a sessão. Mike Pence teve de ser evacuado para local desconhecido. O republicano Mitt Romney foi claro: Isto é sedição. Seguranças do Capitólio foram espancados, estando alguns em estado grave. Muriel Bowser, mayor do Distrito de Columbia, decretou o recolher obrigatório para as 18 horas locais, mas quase ninguém respeitou a ordem. Neste momento (20:05 horas em Washington) as ruas estão cheias. A Guarda Nacional chegou tarde e nada fez. Uma mulher do gang atacante, baleada não se sabe por quem, morreu. Foram encontradas e desmontadas duas bombas. Até ao momento, a polícia metropolitana prendeu 13 pessoas. A sessão conjunta, interrompida durante mais de seis horas, está prestes a ser retomada.

Na televisão, Biden pediu a Trump que pusesse fim ao cerco.

Trump felicitou os desordeiros através do Twitter: «Estas coisas acontecem quando uma vitória eleitoral esmagadora e sagrada é cruelmente retirada com descaramento. [...] Lembre-se deste dia para sempre!» Pouco depois, o Twitter bloqueou a conta de Trump por um período de doze horas.

E não fica por aqui.

Imagem: NYT. Clique.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

CAPITÓLIO INVADIDO


Milhares de desordeiros pró-Trump começaram a invadir o Capitólio, em Washington.

Clique na imagem da SkyNews.

GEÓRGIA DEMOCRATA



A boa notícia é que os dois lugares de senadores pela Geórgia foram para dois democratas: o reverendo Raphael Warnock (o primeiro negro a representar o Estado no Senado em Washington) e Jon Ossoff. 

Clique nas imagens.

A GOLPADA


Coube a Ted Cruz, senador pelo Texas, liderar a contestação ao Colégio Eleitoral, manobra dilatória apoiada por 70% dos congressistas republicanos.

Neste momento prossegue a contestação dos votos do Arizona, o primeiro de três Estados onde os republicanos põem em causa os resultados, sendo os outros dois a Geórgia e a Pensilvânia. Mas é possível que o Michigan, o Nevada e o Wisconsin também sejam alvo de debate. Cada Estado que objecte tem direito a duas horas de intervenção.

A tranquibérnia prossegue, apesar do inequívoco statement de Mike Pence: «Como estudante de História que ama a Constituição e reverencia os seus autores, não acredito que os Fundadores do nosso país pretendessem dar ao vice-Presidente autoridade unilateral para decidir quais votos devem ser contados durante a sessão conjunta do Congresso e, na História americana, nenhum vice-Presidente jamais reivindicou tal autoridade

Nas ruas, a multidão engrossa. E Trump já falou aos manifestantes: «Vamos lutar. Não nos vão roubar a eleição

Na imagem do NYT, Pence e Nancy Pelosi no início da sessão. Clique.

EMERGÊNCIA, DE NOVO

Foi aprovada a 8.ª prorrogação do Estado de Emergência. Desta vez com duração reduzida: termina às 23:59h do próximo dia 15.

Votaram a favor: PS, PSD e uma deputada não inscrita.

Votaram contra: PCP, PEV, CHEGA, IL e JKM.

Abstiveram-se: BE, CDS e PAN.

ESCOLHAS


A espanhola Almudena Grandes (n. 1960) não desiste de radiografar o regime franquista. Começou em 2010 com o romance Inés y la Alegría, primeiro de uma série a que chamou Episódios de uma Guerra Interminável, publicando em 2017 o mais recente, Os Doentes do Doutor García, agora traduzido. Na forja estão outros dois. O livro trata da rede clandestina de evasão de criminosos de guerra nazis, dirigida por Clara Stauffer a partir de Madrid. Como nos anteriores, Almudena Grandes constrói a ficção a partir de factos e personagens reais (são citados pelo nome alguns dos oitocentos nazis que Clara Stauffer ajudou a fugir para Buenos Aires). A acção decorre em vários países, entre 1936, por ocasião do Festival de Ópera de Bayreuth, e 1977, no auge da ditadura militar argentina instaurada por Videla. O médico Guillermo García Medina, conhecido por outros nomes a partir de 1939, e o diplomata Manuel Arroyo Benítez, que também usa nomes falsos, são as personagens fictícias que sustentam este romance deveras empolgante, no qual Almudena Grandes faz um ajuste de contas com a História, ou não fosse ela, além de romancista, também historiadora. / Porto Editora

A reedição de O Bom Soldado, de Ford Madox Ford (1873-1939), traz de volta um mogul da literatura. Simplificando muito, pode-se dizer que Quadrilha, o poema de Carlos Drummond de Andrade, é uma “síntese” irónica, deslocada no tempo, no lugar e nas intenções, da obra-prima que Ford Madox Ford publicou em 1915. O intróito da edição canónica de 1927 (uma carta escrita à mulher, Stella, depois do affaire com Jean Rhys), leva-nos a supor que se trata de um roman à clef. Será Edward Ashburnham um alter-ego do autor? Abrindo com a frase famosa — «Esta é a mais triste história jamais contada.» —, O Bom Soldado é um tratado ácido sobre a imprevisibilidade das paixões. / Relógio d'Água

Quem gosta de ficção científica conhece Frank Herbert (1920-1986), autor de clássicos do género, em particular os seis romances da saga Duna, que David Lynch transpôs para o cinema em 1984. Herbert, um “autodidacta” libertário, é frequentemente comparado a Tolkien, o erudito que escreveu O Senhor dos Anéis. Compósito de política, religião, ecologia e alteração de consciência em ambiente interestelar feudal, num futuro longínquo, tudo gira em torno da mélange da imortalidade. A história de Paul Atreides, senhor de Arrakis (adversário dos Harkonnen), tem galvanizado sucessivas gerações. O volume inclui cartas cartográficas e um glossário da terminologia do Império. / Relógio d'Água

Editar em forma de antologia breve As Farpas que Ramalho Ortigão (1836-1915) publicou entre 1872 e 1883, acrescentando-lhe textos posteriores publicados até 1914, alguns deles na Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, é uma forma hábil de pôr o leitor a reflectir sobre o presente, a partir da vida portuguesa durante a monarquia constitucional e nos primeiros anos da República. Francisco Abreu fez a selecção deste Ramalho a solo (como é sabido, Eça de Queirós foi co-autor das Farpas antes de partir para Havana), optando por textos que «denotam uma espantosa — e deveras preocupante — actualidade.» Viriato Soromenho-Marques assina o prefácio. / Manufactura

Saiu finalmente em português o primeiro romance de Richard Zimler (n. 1956), Insubmissos, publicado em língua inglesa em 1996. No prefácio, o autor explica: «Nessa altura [1996] eu ainda não tinha cidadania portuguesa. […] A possibilidade de me ser negada a renovação do visto de trabalho pareceu-nos muito real…» Tendo como Leitmotiv a Sida, então associada à comunidade gay, a tradução ficou “congelada”. Até hoje. Escrito em linguagem crua, Insubmissos aborda a homossexualidade dos seus personagens. Importa pouco saber se o narrador (um professor de guitarra clássica, judeu) e o autor são uma e a mesma pessoa. Lê-se com agrado e as suas ocasionais fragilidades não beliscam o plot. / Porto Editora

Professor de psicologia clínica em Columbia e colaborador de revistas de prestígio, Andrew Solomon (n. 1963) tornou-se conhecido do grande público depois de publicar O Demónio da Depressão. Mas a sua obra tem um espectro mais largo, indo dos direitos LGBT à arte soviética. Tendo o suicídio como denominador comum, a Quetzal reuniu nove ensaios, alguns publicados no New York Tomes, na New Yorker, etc., e editou Um Crime da Solidão. Solomon fala de celebridades que puseram termo à vida, como a designer Kate Spade, o actor Robin Williams, o chef de cozinha Anthony Bourdain, mas também de sua mãe. Um livrinho didáctico que ajuda a perceber as possíveis razões de um acto tão radical. / Quetzal

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IRÃO QUER PRENDER TRUMP


O Irão solicitou à Interpol a emissão de um alerta vermelho internacional destinado a prender Trump e outras 47 autoridades norte-americanas identificadas como responsáveis pelo assassinato, em Janeiro do ano passado, do major-general Qasem Soleimani, comandante do Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica.

Desde que, em 1998, o juiz espanhol Baltasar Garzón “decretou” a prisão de Pinochet — durante a estada em Londres do ditador chileno —, que não se via nada tão divertido.

Clique na imagem da Al Jazeera.

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

O DIA D DA AMÉRICA

A menos de 24 horas da sessão do Congresso que se reúne para validar o resultado do Colégio Eleitoral e, portanto, a confirmação de Biden como 46.º Presidente dos Estados Unidos, avoluma-se o temor de que a sessão seja tudo menos o cerimonial que a Constituição prevê.

Porquê? Porque onze senadores e mais de metade dos congressistas republicanos tencionam contestar os números, confiando em que Pence os rejeite.

Contrariando a fronda, o republicano John Michael Luttig, um académico de prestígio, antigo Procurador-Geral e juiz do Tribunal de Apelações dos Estados Unidos, conhecido pelas suas posições conservadoras, fez hoje um statement sobre a iniquidade dessas posições: «A única responsabilidade e poder do vice-Presidente, segundo a Constituição, é contar fielmente os votos do Colégio Eleitoral tal como estão. A Constituição não autoriza o vice-Presidente a alterar de forma alguma os votos registados, rejeitando alguns ou actuando de outra forma

A violência sobe de tom. Verificaram-se actos de vandalismo contra as residências da democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, e do republicano Mitch McConnell (um apoiante de Trump que reconhece a vitória de Biden), líder da maioria no Senado. Em casa de Ms Pelosi foi colocada uma cabeça decapitada de porco. E a de McConnell foi toda grafitada.  

Entretanto, Enrique Tarrio, cubano, líder e porta-voz dos Proud Boys, a organização de extrema-direita que apoia Trump na alegação de fraude eleitoral, foi preso ontem à noite, acusado de destruir propriedade pública. Juntamente com outras organizações supremacistas brancas, os Proud Boys, um gang exclusivamente masculino, participam amanhã na marcha de protesto contra a certificação da vitória de Biden.

Mas a Guarda Nacional do Distrito de Colúmbia e o Departamento de Polícia Metropolitana de Washington estão preparados para o pior, como esclareceu o major-general William J. Walker.

JOÃO CUTILEIRO 1937-2021


Vítima de enfisema pulmonar, morreu esta manhã o escultor João Cutileiro. Natural de Lisboa, frequentou a Escola Superior de Belas Artes e a Slade School of Art de Londres. Viveu na Inglaterra entre 1955 e 1970.

No regresso a Portugal radicou-se em Lagos, mas em 1985 transferiu-se para Évora. Antigo militante do PCP, é autor do Monumento ao 25 de Abril colocado no alto do Parque Eduardo VII. Contudo, a sua obra mais emblemática é a estátua de D. Sebastião (1973), da Praça Gil Eanes, de Lagos, verdadeiro ex-libris da cidade algarvia. É também de sua autoria o busto de Natália Correia (1999) que se encontra na Assembleia da República.

Ao longo da carreira expôs em várias cidades e países, sobretudo em Lisboa, no Algarve e no Alentejo, mas também na Bélgica, Alemanha, Luxemburgo, em Macau e nos Estados Unidos. Parte da sua obra foi exposta em Lisboa, numa grande retrospectiva organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian em 1990.

Além de Lisboa e Lagos, estatuária sua encontra-se em diversas cidades portuguesas. Em 2018, Cutileiro doou o seu espólio (mais de 900 obras) ao Estado, parte das quais serão expostas no próximo mês de Maio em Vila Nova de Foz Coa.

Doutorado honoris causa pelas Universidades de Évora e Nova de Lisboa, foi também agraciado com a Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

Tinha 83 anos e estava internado no Hospital Pulido Valente, em Lisboa. Era irmão do embaixador José Cutileiro, falecido em 2020.

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segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

GEORGIAGATE

Quem tem por hábito ler o New York Times conhece a história macabra do telefonema feito anteontem por Trump a Brad Raffensperger, o mais alto representante eleitoral da Geórgia.

O Washington Post divulgou o áudio, mas o NYT já tem uma cópia em seu poder.

O telefonema realizou-se no sábado, dia 2, durou mais de uma hora, e está ao nível de um ditador louco como Mugabe. Para surpresa de muita gente, foi feito pelo Presidente cessante de uma democracia avançada.

Nele, Trump insta o republicano Brad Raffensperger a manipular o resultado eleitoral da Geórgia: «Você tem de encontrar 11.780 votos a meu favor...» De seguida faz ameaças. Nos termos da lei estadual, Trump cometeu crime. Segundo vários juristas, «Por si só, a gravação é suficiente para lançar uma investigação. E é causa justa para emitir uma acusação.» A ver vamos.

Logo no domingo, Trump esperneou no Twitter. Brad Raffensperger respondeu ao tuíte presidencial: «Com todo o respeito, o que o senhor está a dizer não é verdade. A verdade virá à tona.» O Post divulgou a gravação horas depois.

A próxima quarta-feira não vai ser um dia tranquilo. A certificação final dos votos do Colégio Eleitoral, validando a eleição de Biden, vai ser contestada por onze senadores republicanos. Tudo pode acontecer.

AXIMAGE


Sondagem da Aximage para a TSF, o JN e o DN, divulgada hoje.

Imagem: TSF. Clique.

BALÃO FURADO

Miguel Romão, responsável pela nota interna enviada pelo ministério da Justiça à REPER (a representação de Portugal junto da UE), com erros no currículo do procurador europeu José Guerra, demitiu-se hoje do cargo de director-geral da Política de Justiça.

Lembrar que a nota foi enviada em Novembro de 2019. Quem, visando atingir a ministra Francisca Van Dunem, foi desenterrar um caso ocorrido há catorze meses, viu sair o tiro pela culatra.