sábado, 5 de agosto de 2017

EUROSONDAGEM


Maioria de Esquerda = 56,8%. A diferença entre o PS e o PSD passou para quase treze pontos (12,7%). Sozinho, o PS ultrapassa a PAF, que continua a descer e soma agora 35%. Clique na imagem do Expresso para ler melhor.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

CRISTINA CARVALHO


Hoje na Sábado escrevo sobre Rebeldia, o romance mais recente de Cristina Carvalho (n. 1949), no qual a autora recria o universo de um certo Portugal, nos anos 1950. O detonador da intriga é o desejo de emancipação da protagonista e narradora, alguém que tem um olhar muito crítico sobre o atavismo da sociedade à sua volta. Da modesta pensão de Coimbra, gerida pelos pais, à casa da madrinha, em Lisboa, persiste o desdém por gentes e costumes: «Cavalheiros e mastronças que a única coisa que desejavam era casar as filhas de véu e grinalda, tudo branco e, claro, verdadeiramente virgens.» Ao contrário da vontade da narradora, adepta confessa de «uma valente foda». Em obras anteriores, a autora tem dissecado todo o tipo de comportamentos, dos mais convencionais aos de índole esotérica, mas tem-no feito quase sempre sem recurso ao jargão rude da coloquialidade. Nesse aspecto, Rebeldia marca um ponto de viragem. São recorrentes frases como, «O miúdo masturbava-se e nós fodíamos à noite…» A violência verbal manifesta-se mesmo nas mais prosaicas reflexões sobre a vida portuguesa durante os anos ominosos do Estado Novo. O fio da história é linear. A narradora descreve um casamento frustrado com a tinta forte do realismo sem filtro. O desprendimento familiar é de rigueur. Em compensação, sobreleva um peculiar ‘apego’ aos porcos chafurdando nas pocilgas. Os odores do chiqueiro, tão apreciados pela narradora, arrastam consigo uma forte carga sexual. Leninha tem 24 anos quando desembarca em Santa Apolónia. «Vou ser médica. Está resolvido!», dissera aos pais atónitos. Em Lisboa vai morar para a Ajuda, zona da cidade que não seria o nirvana, mas uma ida à Baixa não altera o estado de espírito: «Umas ruas atrás das outras, prédios escuros, lojas de panos, alfaiates e pastelarias.» A heterodoxia não conhecia limites. Chegou a pensar que invejava «a sorte e o destino das putas da Calçada da Memória.» Mal por mal… Os anos passam, Leninha casa com um homem que desaparece de vez em quando, a vida conjugal roça a abjecção, o filho é um estorvo. A linguagem crua é um dos traços distintivos do romance. Veja-se, logo no primeiro capítulo, o relato da urinação de pé, colada aos arbustos de um muro. Quatro estrelas. Publicou a Planeta.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

AVIÃO ATROPELA BANHISTAS


Já nem na praia se pode estar descansado.
Clique na imagem.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

SCARAMUCCI OUT

Anthony Scaramucci aguentou-se dez dias como director de comunicação da Casa Branca. A sua demissão terá sido exigida pelo general John Kelly, o novo Chief of Staff (ocupa o cargo desde ontem). Era um ou outro. Kelly recusava trabalhar com alguém que chamou “maldito”, “esquizofrénico” e “paranoico” a Reince Priebus, o seu antecessor como Chief of Staff. De caminho, Scaramucci terá de ir teorizar sobre fellatios para outras bandas.

SAM SHEPARD 1943-2017


Aconteceu no dia 27 de Julho, mas só ontem a família divulgou. Vítima de esclerose lateral amiotrófica, Sam Shepard morreu. Tinha 73 anos. Mais conhecido como actor de teatro e cinema, Shepard foi um escritor e dramaturgo laureado, tendo recebido o Pulitzer em 1979. Como eu gostava de ver os Artistas Unidos fazerem Buried Child, que ainda o ano passado foi novamente encenada em Londres, com Ed Harris no protagonista. Também escreveu argumentos para cinema, como por exemplo os de Zabriskie Point (1970, Antonioni), Paris, Texas (1984, Wenders) e, a partir de uma peça sua, Fool for Love (1985, Altman). Durante vários anos, a Village Voice atribuiu-lhe o Obie, o mais importante prémio do teatro Off-Broadway. Foi casado durante trinta anos com Jessica Lange, mãe dos seus filhos mais novos. A ligação amorosa com Patti Smith provocou turbulência no casamento com a primeira mulher, mas o casal mudou-se para Londres. Em 2009 e 2015, Shepard foi preso por conduzir embriagado. Além de teatro, escreveu contos e livros de memórias.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

JEANNE MOREAU 1928-2017


O dia começa mal. A governanta de Jeanne Moreau encontrou-a morta esta manhã. A Moreau foi uma das poucas actrizes que não precisou de Hollywood para nada: trabalhou com todos os realizadores que importam (Orson Welles foi um deles) e foi sempre magnífica. A minha geração, que cresceu com ela, mais as Magnani e as Signoret, contraponto europeu aos ícones americanos, vê morrer todos os dias um mundo que deixou de existir. O primeiro filme de que me lembro é Jules e Jim (1962), de Truffaut. Mas é impossível ter visto tudo, numa carreira com cerca de 130 filmes, sem contar com as séries e documentários para televisão, mais as 60 peças de teatro. Agora acabou. Tinha 89 anos.