sábado, 27 de julho de 2019

À FARTAZANA

As conclusões da sindicância feita pelo Ministério da Saúde à Ordem dos Enfermeiros é um susto, parecendo haver razões para dissolver a sua direcção. O ministério entregou um relatório à Polícia Judiciária, estando a ultimar o documento final que será entregue ao Ministério Público.

A bastonária, Ana Rita Cavaco, terá tido parte activa nas greves — a Lei não permite — que paralisaram os blocos operatórios em todo o país, mas isso são amendoins.

Segundo o Observador, a sindicância da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde terá encontrado «os documentos que provam a apropriação ilegal de quantias durante a investigação sobre a participação da bastonária Ana Rita Cavaco na greve dos enfermeiros e configuram os gastos como violação de normas e regras inerentes à realização da despesa

As despesas sem justificação ultrapassam a imaginação mais delirante. Entre outros dados, o relatório da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde, ontem divulgado pela SIC no Jornal da Noite, refere «seis mil euros em restaurantes, mais de três mil euros em levantamentos, cerca de cinco mil em compras no estrangeiro, cerca de oito mil em Via Verde, setenta mil euros em cartão de crédito, deslocações em viatura própria com despesa média de 2.600 euros mensais... [...]» Mas também gastos exorbitantes com vestuário e cabeleireiros.

A classe dos enfermeiros revê-se nisto?

quinta-feira, 25 de julho de 2019

NOVAS ELEIÇÕES?


Pedro Sánchez voltou a falhar a investidura como Presidente do Governo de Espanha. Esgotadas as duas votações (a do passado dia 22 e a de hoje), começa a contar o prazo de sessenta dias para a terceira e última votação. Se voltar a falhar a 23 de Setembro, o rei dissolve as Cortes e marca novas eleições para 10 de Novembro.

A teimosia do PODEMOS em querer entrar no Governo tem ditado o seu comportamento. Mas Sánchez não cede e já toda a gente percebeu que o PSOE prefere novas eleições.

A partir daqui tudo é possível. O senhor Iglesias tem que ter a noção das proporções.

Clique na imagem de Sánchez.

POLLOCK & ANA CRISTINA SILVA


Hoje na Sábado escrevo sobre Banquete no Paraíso, do americano Donald Ray Pollock (n. 1954), um autor que não tem pressa. Publicou o primeiro livro, uma colectânea de contos, aos 54 anos, e o mais recente, este Banquete..., em 2016. Antes de voltar a estudar e dedicar-se à escrita foi camionista. Para já, a bibliografia reduz-se a três títulos, mas a recepção crítica tem sido boa e revistas de prestígio pedem-lhe textos. Também foi traduzido e premiado em França. O carácter sombrio dos três livros que escreveu não constitui óbice. Antes pelo contrário. Sem surpresa, os círculos literários mais sofisticados continuam a olhar para ele como um intruso. Ele paga-lhes na mesma moeda, causticando os árbitros do gosto e caricaturando o establishment. O livro é um western. Isso vale para o imaginário, personagens, violência, lixo, sordidez, truques, vício, amoralidade, prostitutas, jogadores, banditismo e outros lugares-comuns. Estamos em 1917, algures na «fronteira que separa a Geórgia do Alabama», mas os cem anos de intervalo nada significariam se tudo decorresse na actualidade. Afinal, a história dos três irmãos Jewett podia ser hoje. O título, Banquete no Paraíso, remete para o estado de espírito dos irmãos após a morte do pai durante um acesso de diarreia. Para Cane, Cob e Chaminé, o equivalente de ‘agora tudo é possível’. Doravante seriam um bando implacável, uma lenda viva. A Primeira Guerra Mundial e, em concreto, a luta contra os alemães, funciona como metáfora da natureza humana. As actividades ilegais do Bando Jewett servem de fio condutor do plot e de pretexto para Donald Ray Pollock inserir estórias laterais (e muitas referências literárias, Shakespeare incluído) na narrativa central. Sirva de exemplo a personagem do tenente Vincent Bovard, um homossexual recalcado cuja presença parece corresponder à necessidade de introduzir um tema fracturante: «A Europa destroçada pela guerra, com os seus governantes consaguíneos e preconceitos vetustos, ia dar-lhe […] uma morte pela qual valia a pena lutar.» O autor tem uma mente fértil, mas a quota de transgressão não corresponde ao que foi escrito sobre o romance anterior, The Devil All the Time, publicado em 2011. Três estrelas. Publicou a Sextante.

Escrevo ainda sobre As Longas Noites de Caxias, o romance mais recente de Ana Cristina Silva (n. 1964). Decorridos quase 50 anos da queda da ditadura, começa a fazer-se a história da polícia política. Sirva de exemplo este livro. Se outro mérito não tivesse, faz luz sobre uma realidade pouco conhecida: o das mulheres torturadoras. O quotidiano de Caxias confronta Laura com Maria Helena, uma agente da PIDE que chegou a chefe de brigada. O mais interessante não radica no sadismo, traço de carácter sem género. O que dá singularidade à narrativa é o modo como Maria Helena “sobrevive” ao 25 de Abril: prisão, fuga para Madrid (onde Barbieri Cardoso lhe arranja emprego), regresso a Portugal, nova prisão, julgamento, pena simbólica — a democracia nunca julgou os seus verdugos — e, por fim, um cancro que não a impede de dizer: «Não, nunca me arrependi de nada. Os tempos da PIDE foram os mais felizes da minha vida.» A radiografia de Ana Cristina Silva tem a nitidez das evidências. Quatro estrelas. Publicou a Planeta.

CARNIFICINA


Uma vez empossado primeiro-ministro e primeiro lorde do Tesouro, Boris Johnson não perdeu tempo. Fez a maior remodelação ministerial de que há memória no Reino Unido, garantindo que a 31 de Outubro haverá Brexit sem ses e sem mas. Está tudo preparado: sistema bancário, serviço de saúde e stocks farmacêuticos, portos e aeroportos, distribuição alimentar, indústria, agricultura, etc. Quanto ao famigerado backstop na Irlanda do Norte, foi claro: «Esqueçam. A atribuição de culpas acaba aqui.» Temos homem!

Michael Gove é o novo vice PM. Para ministro dos Negócios Estrangeiros foi Dominic Raab. As Finanças ficam com Sajid Javid. Nos assuntos do Brexit continua Stephen Barclay. O novo chief whip (o todo poderoso líder parlamentar que tem assento no conselho de ministros) é Mark Spencer. E assim sucessivamente. São dezassete brexiteers da linha dura. A cereja em cima do bolo foi a nomeação de Dominic Cummings para primeiro-conselheiro.

Aguardar para ver. Clique na imagem.

terça-feira, 23 de julho de 2019

BORIS CHEGOU A PM


Com 92.153 votos, nada menos que 66,4% dos votantes, Boris Johnson foi eleito líder do Partido Conservador. Isso faz dele, a partir de hoje, o primeiro-ministro designado do Reino Unido.

Jeremy Hunt, o seu rival, obteve 46.656 votos. Votaram 87,5% dos 159 mil tories que podiam votar.

Boris fala esta tarde em Westminster. Amanhã, Theresa May apresenta à rainha a sua renúncia e o nome do novo PM. De seguida, Boris desloca-se a Buckingham para ser formalmente empossado.

Boris Johnson, 55 anos, natural de Nova Iorque, historiador, deputado desde 2001, formou-se na Escola Europeia de Bruxelas, em Eton e no Balliol College, de Oxford. Entre 1999 e 2005 foi editor da Spectator, a mais influente revista política inglesa. Foi Mayor de Londres durante nove anos: de 2007 a 2016. Foi ministro dos Negócios Estrangeiros entre 2016 e 2018. Publicou uma dúzia de livros — de História e ensaio político —, sendo The Dream of Rome (2006) um dos mais aclamados. É pai de seis filhos e está separado da segunda mulher.

Por muito que isto custe a aceitar aos seus detractores, Boris é hoje o único intelectual à frente de um Governo.

Clique na imagem do Telegraph.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

DONE


A Pátria pode dormir descansada.

A Procuradoria de Clark County rejeitou a acusação de violação apresentada por Kathryn Mayorga contra Cristiano Ronaldo:

«Tendo em conta a informação disponível, as alegações de violação contra Cristiano Ronaldo não podem ser provadas, por não serem inequívocas. Não serão feitas mais acusações.»

Clique na imagem.

EVOLUÇÃO


A ver vamos até Outubro.
Clique no gráfico da TSF.

PITAGÓRICA


Começar bem a semana. Sondagem da PITAGÓRICA divulgada hoje pela TSF e o Jornal de Notícias.

Obtendo 43,2% o PS fica à beira da maioria absoluta. O score corresponde ao dobro do PSD, que fica em 21,6%.

PS = 43,2% / PSD = 21,6% / BE = 9,2% / CDU = 6,8% / CDS = 6% / PAN = 3,6% 

Sozinho, o PS obtém mais 15,6% que a PAF [PSD+CDS].

Maioria de Esquerda = 59,2%. Em deputados seriam mais de dois terços.

Santana Lopes não consegue ser eleito.

Clique no gráfico da TSF.