sexta-feira, 12 de julho de 2019

EUROSONDAGEM


PS sozinho obtém mais do que a PAF [PSD+CDS]. PSD fica 15 pontos abaixo do PS.

Maioria de Esquerda = 57% 

PAN igual ao CDS, que cai quase para metade.

Clique na imagem do Expresso.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

CESARINY BIOGRAFADO


Hoje na Sábado escrevo sobre O Triângulo Mágico, a biografia de Mário Cesariny escrita por António Cândido Franco, professor de linguistica e literatura na Universidade de Évora. Biógrafo de Agostinho da Silva, autor de romances histórico-biográficos, estudioso do surrealismo, especialista em Pascoaes e editor da revista libertária A Ideia, Franco encarregou-se de fazer a tão esperada biografia de Cesariny, poeta e pintor, nome maior do surrealismo português.

O volume inclui quadro genealógico, Portaló, doze capítulos, um epílogo, vários anexos, portfolio fotográfico, índice de abreviaturas e uma extensa tábua bibliográfica activa e passiva. Franco, que conheceu pessoalmente o seu biografado, teve acesso a importantes acervos de correspondência (sendo o mais importante o do artista plástico Cruzeiro Seixas), tendo conversado com testemunhas idóneas do percurso de Cesariny. Índice onomástico não há. O texto acompanha a cronologia, mas tem múltiplas derivas. Muito bem documentada toda a história do Grupo Surrealista de Lisboa.

Numa narrativa de cunho próprio, isenta de hagiografia, Franco não deixa de fora nenhum dado importante: nascimento (1923) na Rua da Palma, brevíssima passagem pelo liceu, início da amizade (1935) com Cruzeiro Seixas, passagem pela Escola António Arroio, estudos de música com Lopes Graça, primícias literárias (1944) à boleia do neo-realismo, amizade com Isabel Meyrelles, descoberta (1947) do surrealismo, o Café Gelo, primeiros quadros e colagens, ruptura (1948) com O’Neill e o Grupo Surrealista de Lisboa, estreia em livro — Corpo Visível, 1950 —, morte do amigo António Maria Lisboa, anos de liberdade vigiada (1953-58) pela polícia a pretexto da condição homossexual, primeira exposição individual em Lisboa (1958), cumplicidade electiva com Natália Correia, publicação de Nobilíssima Visão (escrito em 1945 mas só publicado em 1959), diatribes de e com Jorge de Sena e Gastão Cruz, elogios de Gaspar Simões, amizade com Maria Helena Vieira da Silva e Árpád Szenes, bolseiro da Gulbenkian, viagem a Paris (onde esteve preso) e largas estadias em Londres a partir de 1964, zanga com Luiz Pacheco, organização da representação nacional à Exposição Surrealista Mundial de Chicago (1976), visita à Pirâmide do Sol em Teotihuacan, tença por mérito cultural atribuída pelo Estado, publicação do volume antológico Textos de Afirmação e de Combate do Movimento Surrealista Mundial (1977), tentativa gorada de obter o lugar de adido cultural na embaixada de Portugal na Cidade do México por alegado veto do embaixador José Fernandes Fafe, suicídio de Ricarte-Dácio (1995), republicação sistemática da obra pela Assírio & Alvim, Grande Prémio de Arte da Fundação EDP (2005), Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, cancro, morte (2006) e a surpresa do testamento: espólio artístico para a Fundação Cupertino de Miranda, mais de um milhão de euros em dinheiro vivo para a Casa Pia de Lisboa.

Entre outros, O Triângulo Mágico tem o mérito de deixar claro o motivo pelo qual um poeta com obra de tal envergadura nunca recebeu um prémio literário. Verdade que, num gesto simbólico, a Associação Portuguesa de Escritores lhe atribuiu, praticamente no leito de morte, o Grande Prémio Vida Literária. Tudo o afastava do establishment literário: de origem proletária, refractário aos salões bem pensantes, viveu de costas voltadas para a Academia, fez apostasia com o neo-realismo, teve problemas com a polícia de costumes, escreveu em jornais de Direita (O Dia, Jornal Novo, O Diabo) contra os militares e a Esquerda marxista, insultou gente influente e, pecado maior, nunca escondeu a sua predilecção por marujos. Valeram-lhe os amigos, sobretudo Cruzeiro Seixas, mesmo durante a longa ausência deste em Angola; Ricarte-Dácio, generoso mecenas dos anos de Londres; Alberto de Lacerda, a quem ficou a dever o conhecimento da capital britânica e, por arresto, contactos preciosos; Helder Macedo e Luís Amorim de Sousa, anfitriões das escapadas inglesas — a sequência de Poemas de Londres contém alguns dos melhores poemas que escreveu —; e, já no fim da vida, Manuel Hermínio Monteiro e Manuel Rosa. Poderá não ser a biografia definitiva, mas não pode ser ignorada. Quatro estrelas. Publicou a Quetzal.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

IRLANDA DO NORTE MAIS LIVRE

Por 383 votos a favor e 73 contra, o Parlamento britânico aprovou ontem o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Irlanda do Norte.

E por 332 a favor e 99 contra, a interrupção voluntária da gravidez. Nada disto era possível na Irlanda do Norte. O aborto até podia ser punido com prisão perpétua.

As duas votações foram livres, isto é, autónomas da disciplina parlamentar.

Entretanto, Westminster estuda a possibilidade de alargar as civil partnerships (uniões de facto) aos casais heterossexuais.

RACISMO É CRIME

Nos termos do alínea b) do n.º 2 do artigo 240.º do Código Penal, a associação SOS Racismo vai apresentar hoje ao Ministério Público uma queixa-crime contra a historiadora Maria de Fátima Bonifácio.

«O racismo é crime, não é uma opinião. E o texto de Fátima Bonifácio é um manifesto racista!», sublinha o comunicado da SOS Racismo.

Afirmações de MFB que estão na origem da queixa-crime:

— os “ciganos” e os “africanos” não pertencem a uma “entidade civilizacional” que a autora denomina de “cristandade”

— os “ciganos” e os “africanos” não “descendem” da Declaração Universal do Direitos do Homem

— os ciganos são “inassimiláveis”

— os ciganos manifestam “comportamentos disfuncionais” incompatíveis com as “regras básicas de civismo”

— os ciganos forçam as suas adolescentes ao abandono escolar e ao casamento

— os “africanos e afrodescendentes” são “abertamente racistas” e “detestam-se” entre si e aos ciganos.

segunda-feira, 8 de julho de 2019

O CARTOON DE MFB

O artigo que Maria de Fátima Bonifácio publicou anteontem no Público é execrável. Ponto. Sobre isso estamos conversados.

A indignação nacional vazada nas redes sociais — e o editorial de Manuel Carvalho, director do jornal — dão a medida da heresia.

Mas verifico com espanto que o direito à liberdade de expressão irrestrita deixou de estar em pauta. Vamos ver porquê.

Lembram-se da polémica internacional provocada pela publicação, a 30 de Setembro de 2005, de doze caricaturas de Maomé no jornal dinamarquês Jyllands-Posten? O jornal reivindicava o direito a «desafiar, blasfemar e humilhar o Islão...».

Em Janeiro de 2006, tablóides noruegueses, suíços, franceses, espanhóis, italianos, húngaros e polacos solidarizaram-se com o jornal dinamarquês, publicando alguns desses cartoons. Em Fevereiro, o Die Welt, o El País e o Monde, três jornais de referência, aderiram discretamente à cruzada. Em Portugal, pelo menos dois jornais, o Público e o Expresso, fizeram o mesmo, demarcando-se ambos, em editorial, da afronta anti-Islão. Em França, o proprietário do France Soir despediu o editor do jornal. O mundo de língua inglesa ignorou o assunto.

Por que razão o Jyllands-Posten publicou os doze cartoons? Porque um dinamarquês de nome Kaare Bluitgen, conhecido pela sua islamofobia, escreveu um livro sobre a vida de Maomé, destinado às crianças e juventude, onde apresenta o profeta como pedófilo e criminoso de guerra. Nenhum desenhador quis ilustrar a obra e Bluitgen queixou-se do facto. Vai daí, o Jyllands-Posten, jornal popular de grande circulação, deu eco às queixas, convidando 40 caricaturistas a fazer cartoons de Maomé. Doze aceitaram. Deu no que deu.

A tranquibérnia durou mais de um ano: crise diplomática entre a Dinamarca e o mundo árabe (reunião da Liga e da Conferência Islâmica, embaixadores retirados de Copenhaga), embaixada da Dinamarca em Beirute destruída, embaixadas da Dinamarca e da Noruega vandalizadas e incendiadas em Damasco, ataques a igrejas católicas, atentados contra diplomatas, etc., saldou-se em mais de duzentos mortos. Ao pé disso, os ataques ao Charlie Hebdo, em 2011 e 2015, embora letais, não levaram tão longe a discussão da liberdade de expressão irrestrita.

Com os blogues no auge em Setembro de 2005, as discussões foram homéricas. Nove em cada dez bloggers defendiam a tese da liberdade de expressão irrestrita. Fui dos poucos a contrariar a tese, o que me valeu insultos, mal-entendidos e cortes de relações. Continuo a pensar como pensava.

Na época, dei como exemplo: «Se, por hipótese, em vez do livro sobre Maomé, o sr. Bluitgen tivesse publicado uma versão do Kama Sutra em que a figura da rainha da Dinamarca fosse o móbil, o coro solidário atingia estas proporções?» O post é de 4 de Fevereiro de 2006, e pode ser lido no meu livro de crónicas Intriga em Família, de 2007.

Dito de outro modo: há causas boas e más. Ainda bem. O argumento da liberdade de expressão irrestrita é que se mantém maleável em matéria de pesos e medidas.

MITSOTAKIS ABSOLUTO


Com maioria absoluta, Mitsotakis é o novo primeiro-ministro grego.

Entretanto, os neo-nazis da Estrela Dourada perderam representação parlamentar, uma vez que não conseguiram o score mínimo de 3% para entrar.

Mas em seu lugar entraram dez deputados da Solução Grega, partido de extrema-direita apoiado pela igreja ortodoxa, que em Maio elegeu deputados para o Parlamento Europeu.

Clique no gráfico de El País.

domingo, 7 de julho de 2019

GRÉCIA


Uma sondagem à boca das urnas feita após as eleições de hoje, dá a vitória, com maioria folgada, previsivelmente absoluta, ao partido Nova Democracia (centro-direita), actualmente liderado por Kyriakos Mitsotakis, 51 anos, antigo banqueiro, deputado desde 2004.

Mitsotakis é filho do antigo primeiro-ministro Konstantinos Mitsotakis.

O Syriza de Tsipras ficaria em segundo lugar, a uma distância de doze pontos.

Clique no gráfico do Guardian.