terça-feira, 6 de agosto de 2019

TONI MORRISON 1931-2019


Morreu ontem à noite no Montefiore Medical Center, de Nova Iorque, a escritora norte-americana Toni Morrison, Nobel da Literatura em 1993. A notícia só foi divulgada hoje à tarde. Tinha 88 anos.

Master of Arts pela Cornell University, e professora de inglês em Princeton, Morrison publicou doze romances, três colectâneas de contos, nove volumes de ensaio, uma compilação de crónicas, cinco livros para a infância e o libreto de uma ópera.

Além do Nobel e de dezenas de outras distinções, recebeu o prémio do National Book Critics Circle (1977), o Pulitzer de Ficção (1988) e a Medalha Presidencial da Liberdade (2012) atribuída por Obama. Foi doutorada honoris causa por várias universidades.

Beloved (1987), que em Portugal mantém o título original, é o seu livro mais famoso.

Activista política desde sempre, pela causa negra, dos direitos humanos e do feminismo, Morrison publicou em 2016, na New Yorker, um violento artigo contra a eleição de Trump, que acusou de supremacista branco.

Antes de tornar-se uma autora consagrada, foi editora na Random House entre 1965 e 1983. Foi casada com um arquitecto de quem teve dois filhos.

Está na altura da RTP2 transmitir o filme Imagine. Toni Morrison Remembers (2015), da BBC.

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TAMBÉM?


Leitão Amaro, deputado, vice-presidente do PSD e antigo secretário de Estado da Administração Local, tem-se destacado pelo fundamentalismo moral. Mas a empresa da família (a Arbogest, uma empresa de recolha, transporte e comercialização de resíduos florestais), continuou a fazer contratos com o Estado: autarquias do PSD, Governo Regional da Madeira, etc. Por junto, o portal do Governo regista dezoito contratos com um valor total de 5,8 milhões de euros. «Todos estes contratos teriam ditado, pela lei, a perda do mandato como governante», sublinha o Observador.

Além dos contratos com o Estado, outro de mais de um milhão de euros com a REN, empresa totalmente privatizada em 2014.

Leitão Amaro não é melhor nem pior do que dezenas de outros titulares de cargos políticos de todos os quadrantes ideológicos. Escusava era de chatear a malta com o puritanismo dos iluminados.

Agora é fácil dizer... Lei é lei. Se é assim, é assim, porque ficou fora das listas das próximas eleições.

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domingo, 4 de agosto de 2019

NONSENSE


A pretexto da sua saída da Câmara de Lisboa, o arquitecto Manuel Salgado deu uma entrevista de oito páginas ao Expresso. A partir do link de outro jornal, centrado numa única afirmação, as redes sociais entraram em polvorosa.

O argumento de Salgado deixou-me estupefacto. Não faz sentido argumentar com a volumetria do novo Hospital da CUF.

O edifício Pedro Álvares Cabral, de João Simões Antunes, que abriga hoje a Fundação Oriente, bem como a correnteza dos antigos armazéns frigoríficos do bacalhau (obras de 1939), têm a mesma volumetria. Se há parede contra o rio, ela existe há 80 anos. O novo hospital é só mais um.

Foi um erro construir um hospital ali, numa zona de estrangulamento rodoviário. Já o escrevi há um ano. Mas o erro tem que ver com a natureza do uso intensivo do futuro hospital. A volumetria não belisca o local. Argumentar com a privação de “vistas” a partir do Miradouro das Necessidades é puro nonsense. No auge da polémica fui de propósito ao miradouro e pude ver tudo o que há para ver, rio incluído.

Aliás, nos terrenos que vão dos barracões do LxFactory até à Avenida da Índia, uma área de 4,3 hectares, começou (ou está para começar) a construção de onze edifícios de sete e oito pisos acima do solo, destinados a escritórios, comércio e habitação. A obra, que vai mudar a face de Alcântara, é do arquitecto Frederico Valsassina.

Em doze anos, Salgado mudou a imagem de Lisboa. A cidade degradada e suja dos anos 1990 está hoje muito melhor. Tomou decisões menos felizes? Claro que sim. Mas o saldo é largamente positivo. O arrependimento pela volumetria do hospital é um acto falhado. O erro está em ter um hospital ali. O resto são frioleiras.

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