sexta-feira, 21 de outubro de 2016

PERDÃO?

O Governo britânico prepara-se para perdoar cerca de setenta mil homens e mulheres que foram julgados e condenados por homossexualidade antes de 1967 (na Inglaterra e no País de Gales), antes de 1980 (na Escócia) e antes de 1982 (na Irlanda do Norte). Perdão póstumo para a maioria, uma vez que apenas dezasseis mil culpados permanecem vivos. Mais valia estarem quietos. O ‘perdão’ cauciona a culpa, o crime. Bem fez George Montague que declarou publicamente não aceitar o indulto: «Aceitar um perdão é admitir que foi culpado. Eu não fui culpado de nada. Só fui culpado de estar no lugar errado no momento errado

Os anónimos são menos que Alan Turing, a cujos herdeiros o Governo de Sua Majestade apresentou um pedido formal de desculpas? Ao menos o Governo alemão indemnizou (em Maio de 2015) os seus cidadãos condenados por homossexualidade.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

ANTHONY MARRA


Hoje na Sábado escrevo sobre O Czar do Amor e do Tecno, uma colectânea de contos do americano Anthony Marra (n. 1984). A história russa dos últimos cem anos é uma das prioridades da edição internacional, seja para dissecar o estalinismo, seja para analisar o colapso da URSS. O autor acrescenta o seu nome a essa vasta bibliografia. O New York Times garante que o livro é uma versão actual de Guerra e Paz, de Tolstoi, mas estamos no domínio do ditirambo. O livro tem um lado A, com quatro contos, e um lado B, com mais quatro. Existe um intervalo preenchido pelo conto que dá o título ao volume. Não comece por aí para evitar a sensação de ler Jay McInerney com quarenta anos de atraso. O resto tem maior consistência. Existem personagens comuns a vários textos. Temas dominantes: a rasura dos dissidentes durante o Grande Terror (os seus rostos foram apagados de fotografias e pinturas), os campos da morte e, naturalmente, a Chechénia, epicentro dos interesses do autor. Pode ser que A Constellation of Vital Phenomena (2013), o romance de estreia, inédito em Portugal, seja emocionante. Estes contos são apenas competentes. Três estrelas. Publicou a Teorema.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

O VOLUME QUE FALTAVA


Quando forem seis da tarde, será lançado no Centro Nacional de Cultura o segundo volume das memórias de Eugénio Lisboa — Acta Est Fabula —, referente aos anos 1947-1955, período em que o autor veio estudar para Lisboa. Era o volume que faltava, pois estão publicados o primeiro (1930-1947), o terceiro (1955-1976), o quarto (1976-1995) e o quinto (1995-2015). A apresentação será feita por Liberto Cruz.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

SNOWDEN


Se ainda não viu, veja. Snowden de Oliver Stone é um daqueles filmes que temos de ver. Tirando Nicolas Cage e Tom Wilkinson, ambos em papéis secundários, o elenco é preenchido por quase-desconhecidos. Mesmo o protagonista, Joseph Gordon-Levitt, era para mim um nome exótico. (Mas no fim temos direito a uns minutos com Edward Snowden himself.) Não é o plot que é um pesadelo. É o mundo em que vivemos desde o 11 de Setembro de 2001.