Hoje na Sábado escrevo sobre a reedição de Carnaval no Fogo, de Ruy Castro (n. 1948). Um acontecimento. O homem que escreveu a história da Bossa Nova, o biógrafo de Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda, podia não ter escrito mais nada, porque as duzentas páginas em que nos “explica” o Rio de Janeiro chegam e sobram para fixar o seu nome. Publicado em 2003, Carnaval no Fogo resume a biografia da cidade desde 1555, ano em que o vice-almirante Villegagnon desembarcou na ilha de Serigipe com o propósito de estabelecer uma França Antártica na região da baía da Guanabara (a ocupação durou dez anos). Em 1565, Estácio de Sá correu com os franceses e fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, «em homenagem ao rei de Portugal e ao santo crivado de flechas». Os portugueses ficaram mas persistiu o apetite francês. No século XIX, a imigração francesa deixou marca: «Depois de Paris [o Rio] é a cidade que mais tem estatuária francesa no mundo.» Sabia? O autor não se atém à cronologia histórica. A exemplo do que faz com Ela é Carioca (1999), uma enciclopédia de Ipanema, também aqui nos dá a conhecer usos e costumes; a música popular; a arquitectura (igrejas barrocas, edifícios coloniais, art déco e modernistas, mais os «estrupícios pós-modernos»); a cultura da negritude; o boom dos anos 1930, quando foram construídos os bairros da Glória, do Flamengo, da Urca e de Copacabana; a decisão de arrasar quinhentas casas e três igrejas tricentenárias para rasgar a Avenida Presidente Vargas; personalidades como Chiquinha Gonzaga (a maestrina anti-esclavagista), Nair de Teffé (a caricaturista que casou com o marechal-presidente Hermes da Fonseca) ou Oscar Niemeyer, que em 1941 viu chumbado o seu projecto para o estádio do Maracanã; a demolição do Palácio Monroe por imposição da ditadura militar; o Jardim Botânico, que desde 1808 conserva milhares de espécies vegetais e centenas de espécies de aves; o delírio do visconde de Courcy, que em 1886 propôs implodir o morro do Pão de Açúcar para ventilar o centro da cidade e, como não podia deixar de ser, o Carnaval. Entre reconstituição histórica e crónica, tudo isto compõe um patchwork de leitura compulsiva. Cinco estrelas. Publicou a Tinta da China.
quinta-feira, 23 de março de 2017
quarta-feira, 22 de março de 2017
ATENTADO EM LONDRES
Um homem esfaqueou um polícia ao tentar entrar no Parlamento britânico, enquanto, ali a dois passos, na ponte de Westminster, um atropelamento em massa fez um morto e dezenas de feridos. Um polícia morreu. Dois atacantes foram capturados. O Parlamento foi encerrado.
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Eduardo Pitta
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17:30
TRUMP & MAY, PARA JÁ
Anteontem foi Trump. Passageiros oriundos ou com destino a treze países não podem transportar computadores portáteis e tablets (vulgo iPads) na cabine do avião. A medida é taxativa para nove companhias de aviação, entre elas a Qatar Airways e a Emirates Airlines, mas, informalmente, foi sugerida a outras. Todos os instrumentos electrónicos de tamanho superior a um vulgar smartphone têm de ir no porão.
Ontem foi Theresa May. No tocante ao número de países, o Reino Unido desceu de treze para seis, mas as companhias visadas são catorze (em vez de nove), sendo britânicas seis: British Airways, EasyJet, Jet2, Monarch, Thomas Cook e Thomson.
A França e o Canadá estudam o assunto para adoptarem medidas equivalentes. É o mundo em que vivemos.
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Eduardo Pitta
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11:30
COPOS & PUTAS
Sob o efeito da estrondosa derrota do seu partido, o PvdA, ou Partij van de Arbeid (os trabalhistas), que passou de 38 para 9 deputados, o senhor Jeroen Dijsselbloem desatinou. Nele, não admira. Um ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo que atesta no currículo ter um mestrado que nunca fez, é capaz de tudo. Dizer à criatura que, se os povos do Sul gastam tudo em copos e mulheres, é para contrariar os do Norte, que gastam tudo em mefedrona e rapazes.
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Eduardo Pitta
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08:00
segunda-feira, 20 de março de 2017
BREXIT
É oficial: Theresa May vai accionar o Artigo 50 no próximo dia 29. Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, já notificou que, em 48 horas, Bruxelas poderá dar início às negociações do Brexit.
A imagem é do Guardian. Clique.
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Eduardo Pitta
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19:00
domingo, 19 de março de 2017
GRAÇA MORAIS
Graça Morais tem neste momento uma exposição na Fundação Champalimaud, em Lisboa. O quadro ao alto chama-se 27 Jan 2017, data em foi concluído e coincide com a ordem executiva anti-imigração que Trump tentou impor como Lei. Fica o registo. Graça Morais é uma grande artista, e o facto de não andar ao colo da crítica enfatiza essa realidade.
A imagem é do site da TimeOut. Clique para ver melhor.
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Eduardo Pitta
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11:00
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