UM POEMA POR SEMANA — Para hoje escolhi Desde Que o Mundo, de Glória de Sant’Anna (1925-2009), voz ímpar da poesia escrita em Moçambique.
Natural de Lisboa, Glória de Sant’Anna foi para Moçambique em 1950, ali tendo vivido até Dezembro de 1974. Em Moçambique nasceram cinco dos seus seis filhos, publicou sete livros, foi professora do ensino secundário em Nampula, Pemba e Vila Pery, além de ocasional radialista. Fez tudo isto mantendo distância da cena literária de Lourenço Marques.
Além de doze livros de poesia, publicou contos, crónicas e memórias. Livro de Água (1961) recebeu o Prémio Camilo Pessanha da Academia das Ciências de Lisboa. Colaborou com poesia e prosa na imprensa moçambicana e portuguesa.
Em 2012, o Grupo de Acção Cultural de Válega (Ovar) instituiu o Prémio Glória de Sant’Anna, que começou a ser atribuído no ano seguinte.
Em 2019, Luís Loforte e Edmundo Galiza Matos, dois antigos alunos seus, organizaram Quando o Silêncio é Sujeito — Um Tributo a Glória de Sant’Anna, volume publicado em Moçambique que colige depoimentos e breves ensaios críticos de escritores e intelectuais seus contemporâneos.
O poema desta semana, publicado no auge da Guerra Colonial, pertence ao livro Desde Que o Mundo e 32 Poemas de Intervalo (1972). A imagem foi obtida a partir de Amaranto — toda a poesia publicada entre 1951 e 1983 —, volume publicado em 1988, em Lisboa, pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia e Jorge de Sena.]