sábado, 18 de janeiro de 2020

CLARO COMO ÁGUA

«Lamento informar que elegeram uma mulher que gagueja, que é negra e foi útil para a subvenção. [...] Usam o ódio para me atacar. Eu não vou renunciar para que as pessoas que votaram nestas Legislativas não se sintam defraudadas [...] independentemente do resultado que saia deste Congresso, vou garantir por não deixar órfãs as pessoas que votaram em Outubro.» — disse esta tarde Joacine Katar Moreira.

Foi adiada a decisão de obrigar a deputada a renunciar ao mandato ou, não o fazendo, deixar de representar o Livre.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

EQUÍVOCO


Lamento ir contra a corrente, mas Grande Sertão: Veredas de João Guimarães Rosa estava publicado em Portugal há vários anos, na colecção de obras fac-similadas vendida pelo Público e disponível em livrarias.

Na imagem, é o exemplar da direita, que reproduz a edição original (1956) da Livraria José Olympio Editôra, do Rio de Janeiro.

A minha amiga Isabel Lucas, que é uma mulher culta, no texto que hoje dedica à obra, fala de edição («só agora tem edição em Portugal...») e não de publicação. A mudança dos substantivos tem significado.

Mas, na cabeça de muita gente, persiste a ideia de que só em Outubro de 2019 o livro foi impresso em Portugal. Errado.

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quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

TAMBÉM ELE


Jerónimo de Sousa foi hoje Programa da Cristina, onde não cozinhou, embora tenha mostrado fotografias do casamento.

Ficámos a saber que o secretário-geral do PCP vive com 900 euros mensais, porque o restante é entregue ao Partido. No fim, emocionou-se.

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MÁQUINA HAMLET


Com encenação de Jorge Silva Melo estreou ontem no Teatro da Politécnica A Máquina Hamlet de Heiner Müller.

Durante cerca de uma hora, somos absorvidos pela música de João Madeira e pelo texto que Müller escreveu em 1977, ainda no tempo da RDA, denunciando a situação vivida pelos artistas e intelectuais alemães.

João Pedro Mamede, Américo Silva, Inês Pereira, André Loubet, Hugo Tourita, João Estima e José Vargas interpretam. Simplificando muito, diria que a peça se apoia nos monólogos (shakespearianos) de Mamede e Américo Silva. Inesperado, bem conseguido, o Pas de Deux a que Mamede e André Loubet dão corpo.

O texto de Müller chega à nossa língua pela mão de Maria Adélia Silva Melo e Jorge Silva Melo. Os Artistas Unidos não podiam ter começado melhor o ano.

Clique na foto de Jorge Gonçalves.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

MÍSSEIS & MENTIRAS

Gholamhossein Esmaili, porta-voz das autoridades judiciais do Irão, confirmou na televisão estatal a prisão de pessoas envolvidas no abate do avião ucraniano, repetindo afirmações de Rouhani: «A responsabilidade recai sobre mais do que uma única pessoa...» Não disse quantas, nem se eram militares ou civis, homens ou mulheres. Foi também anunciada a criação de um tribunal especial.

Entretanto, Gelare Jabbari, a mais famosa pivô da televisão estatal, demitiu-se, escrevendo no Instagram: «Ando há treze anos a dizer mentiras em nome do Estado. Desculpem-me.» Zahra Khatami, outra profissional respeitada, também bateu com a porta.

Nas ruas, as multidões em fúria têm sido dispersadas com gás lacrimogéneo e à bala.

TURNING POINT


A decisão tomada pelos duques de Sussex, Harry e Meghan, transcende o anedotário dos tablóides e da imprensa cor-de-rosa. Desde Eduardo VIII que a monarquia não sofria um abanão de tal monta. Pelo andar da carruagem, Carlos chegará a rei, se chegar, daqui a seis ou sete anos (mas Camila, duquesa da Cornualha, nunca será rainha). Será, provavelmente, o fim da monarquia inglesa.

Harry, 6.º na linha de sucessão, percebeu isso e adiantou-se. O comunicado emitido no passado dia 8 diz tudo. Alegadamente terá apanhado a rainha de surpresa, o que não deixa de ser estranho. A ausência de Sandringham, onde a família se junta durante cinco dias no Natal, era um sinal claro. O facto de Harry e Meghan terem passado as Festas em Vancouver, onde decidiram residir em permanência, não tem duas leituras. Também não foi por acaso que o filho de ambos permaneceu em Vancouver, sem a mãe, que veio a Londres com Harry, na semana passada, mas voltou para o Canadá ao fim de três dias.

Ontem, Isabel II juntou os filhos e os netos em Sandringham (onde ainda permanece), tendo Meghan acompanhado o encontro por videoconferência.

O statement da rainha é claro:

«Hoje, a minha família teve discussões muito construtivas sobre o futuro de meu neto e da sua família. A minha família e eu apoiamos totalmente o desejo de Harry e Meghan de criar uma nova vida [...] Embora tivéssemos preferido que continuassem a trabalhar como membros da Família Real a tempo inteiro, respeitamos e entendemos o desejo de viver uma vida mais independente [...] Harry e Meghan deixaram claro que não querem depender de fundos públicos [...] São assuntos complexos para a minha família resolver e há mais trabalho a fazer, mas solicitei que as decisões finais fossem tomadas nos próximos dias

Pode-se dizer que a Firma atingiu o turning point.

Na imagem, o statement da rainha, na íntegra. Clique.

domingo, 12 de janeiro de 2020

ESTADO PÁRIA


Por ter participado numa vigília em homenagem das vítimas do avião, Robert Macaire, embaixador do Reino Unido em Teerão, foi detido e mantido preso durante cerca de uma hora, em violação flagrante do Direito internacional.

O diplomata estaria a fotografar a vigília, facto que terá levado os Guardas Revolucionários a intervir. Em consequência, Dominic Raab, ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, declarou que o Irão está a um passo de transformar-se num Estado pária.

No Twitter, o embaixador, um dos diplomatas de maior prestígio do Foreign Office, sublinhou o facto de haver britânicos entre as 176 vítimas.

Na imagem, tuíte do Foreign Office. Clique.

TEERÃO CHORA OS MORTOS


Sucedem-se em Teerão as manifestações populares contra o abate do avião da Ukraine International Airlines. A multidão pede a destituição do aiatola Khamenei e a prisão do brigadeiro-general Amir Ali Hajizadeh, comandante da secção aeroespacial dos Guardas Revolucionários.

Junto à Universidade Amir Kabir, centenas de estudantes gritam Khamenei acabou, morte ao ditador e vergonha.

As redes sociais estão ao rubro, questionando o facto do aeroporto não ter sido encerrado durante o ataque ao Iraque e a leviandade com que a operação foi conduzida: A demissão de Hajizadeh não chega.

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