Em 1995, mais coisa menos coisa, o editor José da Cruz Santos contactou 25 poetas a quem pediu que escolhessem os 25 mais belos poemas portugueses de sempre. Alguns desses poetas (Sophia, Eugénio, Fiama, Graça Moura, etc.) já morreram. Mas só agora o resultado chegou às livrarias, em dois volumes totalizando 1.260 páginas. O 1.º vai de Afonso X a Ricardo Reis, e o 2.º de Álvaro de Campos a Paulo Teixeira. Nestes dois volumes estão 361 poemas, de 116 poetas, nascidos entre 1221 e 1962. Sanadas as repetições, as 625 escolhas deram lugar aos 361 poemas antologiados. A título de curiosidade, refira-se que o poema mais citado foi O Sentimento dum Ocidental, de Cesário Verde.
Luís Adriano Carlos, poeta, ensaísta e professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, assina as 34 páginas da introdução, Crítica do gosto literário. O leitor estranhará que, a despeito da erudição, Luís Adriano Carlos faça listas de quem não foi escolhido (uma delas termina praticamente na minha house maid...), ao invés de deter-se nos eleitos. A ausência de verbetes biobibliográficos é outro óbice. Dou um rebuçado a quem souber quem é o poeta António H. Balté. Como de regra, Herberto Helder, João Miguel Fernandes Jorge e Joaquim Manuel Magalhães não autorizaram a publicação de poemas seus.
A primeira meia dúzia dos eleitos é constituída por Camões, com 22 poemas; Nemésio com 17; Sá-Carneiro com 15; Sena e Eugénio com 13 cada um; e o Pessoa ortónimo com 12. Falta gente? Falta sempre gente, mas, numa antologia de gosto, nem podia ser de outro modo. Porém, o cômputo é equilibrado. Uma lista feita por mim não podia ignorar 20 daqueles poemas. Gostei de me ver representado com um poema de 1983.
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