sexta-feira, 13 de setembro de 2019

ICS/ISCTE


Sondagem ICS/ISCTE divulgada agora pelo Expresso.

PS = 42% / PSD = 23% / BE = 9% / CDU = 6% / CDS = 5% / PAN = 4%

O PS obtém mais 19% que o PSD.

Maioria de Esquerda = 57%. Juntando o PAN, seriam 61%.

Clique nas imagens do Expresso.

AXIMAGE


A sondagem da AXIMAGE para o Jornal Económico hoje divulgada confirma o PS no limiar da maioria absoluta.

PS = 38,4% / PSD = 20,6% / BE = 10,2% / CDU = 5,4% / PAN = 4,9% / CDS = 4,6% 

Sozinho, o PS obtém mais 13,2% que a PAF [PSD+CDS].

Maioria de Esquerda = 54%. Juntando o PAN, seriam 58,9%.

Clique no gráfico do JE.

INTERCAMPUS


De acordo com uma sondagem da INTERCAMPUS para o Negócios e o Correio da Manhã, divulgada hoje, o PS está a dois deputados da maioria absoluta.

PS = 37,9% / PSD = 23,6% / BE = 9,8% / CDU = 8,6% / CDS = 6,3% / PAN = 5,2%

Deputados  PS 114 / PSD 67 / BE 18 / CDU 16 / CDS 9 / PAN 6

Sozinho, o PS obtém mais 8% que a PAF [PSD+CDS]. E mais 38 deputados.

Maioria de Esquerda = 56,3%. Em deputados seriam 148 mas, juntando o PAN, somariam mais de dois terços.

Clique no gráfico do Negócios.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

TRADUÇÕES


Nos últimos vinte anos traduz-se mais e melhor em Portugal. Mas há autores que permanecem no limbo. O poeta escocês Douglas Dunn (1942) é um deles. Cito-o por ser um autor que muito prezo. Podia citar outros.

Apesar de tudo, Plath e Akhmatova, que também se vêem na imagem, estão traduzidas, embora a russa em doses homeopáticas.

O que me faz confusão é a insistência dos editores em traduzir toda a tralha premiada e, pior, autores de todos os sexos oriundos de escolas de escrita criativa. Não há necessidade. Existe uma galáxia de AUTORES inéditos em português.

Clique na imagem.

ROONEY & McGREGOR


Hoje na Sábado escrevo sobre Pessoas Normais, da irlandesa Sally Rooney (n. 1991), autora de dois romances finalistas de prémios de prestígio. Além desses, tem publicado contos em revistas, entre elas a New Yorker e a Granta. Também publicou poesia em The Stinging Fly, uma revista de Dublin de que é editora. Aos 28 anos, a recepção crítica tem sido unânime dos dois lados do Atlântico: Ms Rooney é a grande revelação dos últimos anos. Pessoas Normais, cuja acção decorre entre 2011 e 2015, ou seja, durante o colapso da economia irlandesa, é a história de como, a partir da cidadezinha de Carricklea (nome fictício de Castlebar, cidade natal da autora), Connell e Marianne fazem a sua educação sentimental. Connell é o típico aluno bem-sucedido, jogador de futebol «com uma postura muito boa», oriundo da working class, e Marianne a rapariga que lê Proust na cantina da escola e tem de lidar com as idiossincrasias da mãe, uma advogada neurótica e viúva. A mãe dele trabalha como empregada em casa da mãe dela, e a relação aprofunda-se quando ele começa a ir buscar a mãe a casa de Marianne. Mas o gap social é um óbice que a mudança para o Trinity College, de Dublin, acentua. Nunca como então as clivagens foram tão nítidas. Connell nunca quis saber quem era o pai. Educado pela mãe no respeito pelos valores da solidariedade, interessava-se pela causa palestiniana e era capaz de dizer que «um pouco mais de comunismo não fazia mal nenhum a este país». Estamos na Irlanda da recessão, em plena crise das dívidas soberanas, no auge da turbulência austeritária, com o Fine Gael e o Sinn Féin representados no Parlamento. E nem por isso Marianne deixou de ter um affaire com o filho de um dos responsáveis pelo descalabro financeiro. Com muito sexo à mistura, é de tudo isto que o romance trata. Sem grande ênfase, Sally Rooney faz o retrato da geração que chegou à idade adulta no pior momento que a Irlanda atravessou no século XXI. Quatro estrelas. Publicou a Relógio d’Água.

Escrevo ainda sobre Até os Cães, do britânico Jon McGregor (n. 1976), romance que em 2010 venceu o International Dublin Literary Award. Não é frequente colocar fantasmas como personagens de romance, mas está longe de ser novidade. Quem tenha lido Incidente em Antares (1971), do brasileiro Érico Verissimo, identifica o déjà vu nas primeiras páginas do livro. McGregor tornou-se conhecido dos leitores portugueses com Reservatório 13. Noutro registo, Até os Cães é realismo urbano em versão ghost. Os fantasmas são antigos amigos de Robert Radcliffe, encontrado morto algures nas Midlands: «Não nos veem, à medida que nos amontoamos e abrimos caminho entre eles. É claro que não. E nem podiam. Mas já estamos habituados a isso.» Quem não os pode ver são os polícias que arrombam a porta. Marginais em vida (alcoólicos, drogados, sem abrigo), une-os a proximidade com o falecido. Há também a filha Laura, compinchas da tropa, etc. Todos passam em revista a vida de Robert. A escrita é escorreita mas não exaltante. Duas estrelas. Publicou a Elsinore.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

EMÍLIA


Foi com Emília do argentino Claudio Tolcachir que os Artistas Unidos inauguraram hoje, no Teatro da Politécnica, a temporada 2019/20. Isabel Muñoz Cardoso, Américo Silva, Andreia Bento, João Estima e Pedro Carraca interpretam esta tragicomédia negra encenada por Jorge Silva Melo com cenografia de Rita Lopes Alves e José Manuel Reis.

O inferno são os outros, como disse Sartre?

Emília fica até 19 de Outubro.

No fim do espectáculo dê um salto à galeria do teatro para ver Descontinuando — pintura e desenho — de Nikias Skapinakis.

Na fotografia de Jorge Gonçalves vêem-se Isabel Muñoz Cardoso e João Estima. Clique.


HOTÉIS VS CINEMAS


Vai ser demolido o edifício da Rua Francisco Sanches, em Arroios, onde funcionou in illo tempore o Cinema Imperial. Em seu lugar consta que será construído um hotel.

O desaparecimento dos cinemas-em-edifício-próprio começou há trinta ou mais anos. As últimas duas gerações vêem cinema em casa ou em salas de centro comercial. E a minha geração vai ao Corte Inglês, que ainda consegue juntar uma média de vinte espectadores por sala e por sessão.

Quando deixei Cascais (onde em 1975 havia seis cinemas e em 1997 não havia nenhum) e vim viver para Lisboa, ia todas as semanas ao Quarteto, ao Londres e ao King. O Quarteto fechou em Novembro de 2007. O Londres e o King fecharam ambos em 2013, o primeiro em Fevereiro, o segundo em Novembro. Denominador comum: eu era, por regra, um de três espectadores. E em várias estive sozinho na sala. Falo de sessões da tarde. À noite não experimentei, mas amigos relatam experiências iguais.

O Quarteto é hoje um condomínio de startups, o Londres é uma loja chinesa, e o King parece estar sem utilização. Quem deixou morrer esses cinemas foram as pessoas que durante anos a fio não puseram lá os pés.

Sobrevivem o São Jorge, porque a Câmara de Lisboa, via EGEAC, gere a sua programação; o Tivoli, porque o BBVA patrocina a exibição de peças com actores brasileiros; e o Império, porque a Igreja Universal do Reino de Deus fez dele uma catedral.

É a vida.

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A NOVA COMISSÃO


Ursula von der Leyen mudou os nomes e o âmbito de intervenção dos pelouros atribuídos aos 27 comissários. Por exemplo: a pasta dos Fundos Estruturais passou a designar-se por Política de Coesão e Reformas, tutelando duas importantes direcções-gerais: a da Política Regional e Urbana, que já existia e gere os referidos fundos estruturais, e a de Apoio às Reformas Estruturais, que surge agora.

É a pasta de Elisa Ferreira. Costa e Marcelo ficaram satisfeitos, a vice-governadora do Banco de Portugal também, e qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe que é uma pasta importante. Importante para Portugal e importante tout court.

Mas o coro dos ressabiados já se faz ouvir. Estão piurços! Paciência.

Elisa não foi escolhida para nenhum dos sete lugares de vice-presidente da Comissão? Pois não, mas obteve um cargo concreto, com orçamento próprio, e não um poleiro simbólico.

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terça-feira, 10 de setembro de 2019

MAIORIAS ABSOLUTAS

Se pararmos uns minutos para pensar com frieza, depressa concluímos que a maioria absoluta não interessa (ou não deveria interessar) ao Partido Socialista.

A razão é simples. As maiorias absolutas permitem aprovar tudo sem dar satisfações à Oposição. Mas não livram o detentor dessa maioria absoluta de, em matérias sensíveis ou simplesmente polémicas, ter contra si uma parte significativa da opinião pública, o grosso da Oposição (a qual faria exactamente o mesmo se estivesse no Governo mas, por estar out, alimentaria o tumulto popular), os media e, em determinadas circunstâncias, o próprio Presidente da República.

Vejamos: no passado 3 de Maio, o primeiro-ministro ameaçou demitir-se caso fosse aprovado o decreto da contagem de tempo dos professores. Consequência imediata: PSD e CDS recuaram estrondosamente.

Com maioria absoluta, Costa não teria tido necessidade de pôr tudo em causa, na medida em que o PS sozinho faria o que quisesse. Mas, em vez de recuarem, PSD e CDS exigiriam não 9 mas 27 anos de retroactivos, viatura própria para professores colocados a mais de 20 quilómetros de casa, etc., etc. O mesmo se diga da greve dos motoristas de matérias perigosas. Os maus da fita foram os trabalhadores (a CGTP pôs-se ao largo) e o PS pôde impor Lei & Ordem sob aplauso geral.

Nenhum destes dois casos, e são apenas exemplos, teria tido o desfecho que teve com maioria absoluta.

Portanto, maioria absoluta por maioria absoluta, só com apoio parlamentar alargado.

É claro que este arrazoado racional não invalida a minha preferência por maiorias absolutas. Que é, bem vistas as coisas, o que temos tido desde 2015.