sábado, 31 de agosto de 2019

MAIORIAS ABSOLUTAS

Excerto do texto de José Sócrates hoje publicado no Expresso.

«[...] Gostaria, no entanto, de recordar que essa maioria absoluta foi a única que o PS obteve em democracia; que esse Governo conseguiu, em dois anos, tirar o país do défice excessivo em que se encontrava e, no mesmo período, alcançar o maior crescimento económico verificado nesses anos difíceis (2007); que esse Governo fez das energias renováveis uma prioridade política; que esse Governo fez o programa escola a tempo inteiro, as novas oportunidades e iniciou a requalificação das escolas secundárias; que esse Governo fez o maior aumento da percentagem de investimento em ciência; que esse Governo fez da balança tecnológica um saldo positivo; que esse Governo fez uma reforma da Segurança Social, mantendo-a pública, forte e sustentável; que esse Governo propôs e ganhou o referendo do aborto; que esse Governo fez o complemento solidário de idosos, fez as unidades de cuidados continuados, fez as unidades de saúde familiar — e ainda teve tempo de concluir o Tratado de Lisboa e ganhar as eleições de 2009, já no meio da maior crise económica mundial. Eis o que instantaneamente recordo no momento em que escrevo, sob reserva de melhor balanço político. [...] Devo isso a mim próprio, aos meus colegas nesse Governo e ainda a todos os que, livre e conscientemente, deram ao Partido Socialista a primeira maioria absoluta da sua história política

PITAGÓRICA 2


Sondagem da Pitagórica divulgada hoje pela TSF e o Jornal de Notícias.

Obtendo 43,6% o PS fica à beira da maioria absoluta.

O score do PS corresponde a mais do dobro do PSD, que fica em 20,4%.

PS = 43,6% / PSD = 20,4% / BE = 10% / CDU = 6,6% / CDS = 4,9% / PAN = 3,2% 

Sozinho, o PS obtém mais 18,3% que a PAF [PSD+CDS].

Maioria de Esquerda = 60,2%. Em deputados seriam mais de dois terços.

Clique na imagem do JN.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

PITAGÓRICA


Sondagem da Pitagórica para a TSF e o Jornal de Notícias divulgada hoje. Entre parêntesis os valores da sondagem anterior.

Clique para abrir a imagem do JN.

MATÉRIAS PERIGOSAS

O Governo publicou hoje uma Portaria que proíbe, aos domingos e feriados, a circulação rodoviária de automóveis pesados que transportem matérias perigosas em cisterna.

A proibição abrange túneis, pontes (sobre o Tejo, Douro e outras) e algumas vias de acesso «aos principais aglomerados urbanos», em horários específicos, e nas segundas-feiras de manhã entre as 7 e as 10 horas.

Percursos abrangidos: A1 entre Alverca e Lisboa / A5 entre a ligação à CREL e Lisboa / A8 entre Loures e Lisboa / IC19 entre o nó da CREL e Lisboa [Damaia] / EN6 entre Cascais e Lisboa / EN10 entre Vila Franca de Xira e Alverca / IC22 na ligação da A9 com Odivelas / A3 entre a ligação ao IC24 e o Porto / A4 entre o nó com a A3 e Matosinhos / A28 entre a Ponte da Arrábida e a A4 / EN13 entre Moreira e o Porto / EN209 entre Gondomar e o Porto / EN222 [ER] entre Avintes e o Porto / A20 entre a Ponte do Freixo e a A3.

Na Ponte 25 de Abril, a circulação desses veículos só é permitida entre as 2 e as 5 da madrugada.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

LEVY & SÖNMEZ


Hoje na Sábado escrevo sobre O Custo de Vida, a segunda parte da autobiografia de Deborah Levy (n. 1959), escritora britânica nascida na África do Sul, país que abandonou aos 9 anos de idade, na companhia dos pais, activistas dos direitos humanos e membros do ANC empenhados na luta anti-Apartheid. Deborah vive na Inglaterra desde então. Sobre O Custo de Vida pode dizer-se que é uma autobiografia feminista, um manifesto cru da dificuldade de ser mulher num mundo dominado por homens: maior intolerância, mais competição e toda a sorte de preconceitos. Nos interstícios da prosa, ecos de Simone de Beauvoir. A primeira parte desta autobiografia está disponível no nosso país com o título Coisas Que não Quero Saber, editado também pela Relógio d'Água. Por volta dos 50 anos, Deborah divorcia-se e vai viver com as duas filhas para um bairro “proletário” do norte de Londres. O Custo de Vida é o relato, por vezes elíptico, dessa mudança: «Nesse mês de Novembro, mudei-me com as minhas filhas para um apartamento que ficava num sexto andar de um grande prédio de aspecto desmazelado [adequado] a esses tempos de desintegração e de rutura.» Sucedem-se as faltas de água e electricidade, Deborah não tem espaço para escrever, os livros continuam nas caixas, os corredores estão revestidos por plástico cinzento usado nas obras. Muito difusas, memórias da casa de família na África do Sul. A situação melhora quando a viúva de Adrian Mitchell (o poeta e dramaturgo falecido em 2008), sua vizinha, lhe aluga o anexo do fundo do jardim onde o marido escrevia: «Toda a gente merece ter um anjo da guarda como Celia.» Numa linguagem despojada, Deborah fala de Freud, de incomunicabilidade, do ofício de escrever (citando Elena Ferrante, James Baldwin, Doris Lessing, etc.), de episódios caricatos como o da galinha atropelada, de uma viagem a Paris efectuada no Eurostar, da doença e morte da mãe, do seu romance Nadar para Casa, da cultura colonial branca na África do Sul, dos atritos do ciclismo urbano, de livros e filmes de Marguerite Duras, bem como de outros temas e incidentes pessoais. Quatro estrelas. Publicou a Relógio d'Água.

Escrevo ainda sobre Istambul, Istambul, de Burhan Sönmez (n. 1965), escritor turco actualmente radicado no Reino Unido, país onde escreveu e publicou este romance. O regime turco tem afastado do país muitos intelectuais desafectos de Erdoğan. Um deles é Sönmez. O romance é anterior ao putsch militar de 2016. Porém, os seus dez capítulos antecipam as sequelas do golpe falhado. Cada capítulo corresponde a um dia. Os narradores são quatro presos políticos, enclausurados numa cela subterrânea, escura e minúscula: um médico, um estudante, um barbeiro e um velho revolucionário que «falava no tom dos poetas delirantes». Ao longo de dez dias, nos intervalos dos interrogatórios e das sessões de tortura, contando histórias uns aos outros, narram memórias da cidade. Até que, de acordo com as respectivas idiossincrasias, cada um deles passa a discutir os efeitos da repressão: «Na cela, a vida repetia-se. À medida que a escuridão girava lentamente por cima de nós, as nossas palavras descreviam a mesma pessoa…» Podia ser um thriller. Mas é o retrato de uma ditadura. Três estrelas. Publicou a Dom Quixote.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

DONE


No conselho privado de Balmoral, Sua Majestade aprovou a suspensão de Westminster até 14 de Outubro, conforme solicitação do primeiro-ministro.

A suspensão do Parlamento determina a queda imediata de toda a legislação pendente.

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WESTMINSTER SUSPENSO


Boris Johnson vai hoje de manhã a Balmoral pedir à rainha a suspensão do Parlamento até 14 de Outubro, data em que a soberana fará o habitual discurso de abertura do ano parlamentar.

A suspensão do Parlamento é um privilégio real, mas o pedido do primeiro-ministro é um pro forma, uma vez que Sua Majestade não interfere nas decisões do Governo.

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terça-feira, 27 de agosto de 2019

DANCOR 10


O DANCOR 10 (comprimidos) está esgotado há meses. Quem tem mesmo de o tomar vai a Espanha comprar.

Sucede que o DANCOR não é uma marca de rebuçado. Contendo nicorandilo, o DANCOR é um activador dos canais do potássio, ou seja, aumenta o fluxo de sangue através dos vasos do coração, melhorando o funcionamento do músculo, etc. Da bula: «É utilizado em doentes adultos que não toleram ou não podem tomar medicamentos para o coração chamados bloqueadores beta e/ou antagonistas do cálcio

Alegadamente, o DANCOR 20 estará disponível a partir de 9 de Setembro. Mas o busílis é o DANCOR 10.

Isto não se passa no Sudão. Acontece num país da UE e ainda não vi nenhum partido questionar o Infarmed sobre as razões dos laboratórios.

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AMAZÓNIA

Todos os dias as televisões repetem que Bolsonaro enviou 44 mil militares para combater os fogos da Amazónia. Mas a Amazónia tem condições logísticas para que 44 mil militares actuem no combate ao fogo? Quarenta e quatro mil militares é um pequeno exército.

Aliás, o que leio na imprensa brasileira, é que o Governo brasileiro decidiu «mobilizar militares para combater o fogo [...] mas não está claro como as Forças Armadas serão utilizadas e se o seu papel será eficaz

Convinha não confundir os verbos mobilizar e enviar.