sábado, 28 de julho de 2018

AINDA ROBLES


Pronto. O Prédio Robles foi comprado pelo vereador do BE numa hasta pública do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, ao tempo em que Pedro Mota Soares (CDS) era ministro. Fica sanada a minha perplexidade quanto a transacções deste tipo efectuadas sem concurso.

A base de licitação foi de 286 mil euros. Robles arrematou por 347 mil. E depois gastou 650 mil a restaurar e requalificar.

Quem avaliou o prédio por 286 mil euros, em 2014, não suspeitava que o valor de mercado, após restauro, fosse dezasseis ou dezassete vezes superior? Os peritos do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social não consultam as páginas das grandes imobiliárias?

Confirma-se ter sido a Caixa Geral Depósitos (Estado) a financiar o negócio?

Entretanto, o prédio foi grafitado com slogans iguais aos que o BE usa. Clique na imagem.

CASO ROBLES


Li o extenso statement que Ricardo Robles, vereador do BE na Câmara de Lisboa, publicou às 19:09 de ontem no esquerda.net (antes havia lido praticamente tudo o que há para ler sobre a compra e venda do prédio de Alfama de que é co-proprietário com a irmã emigrada na Bélgica). Acho curioso saber que o prédio foi comprado à Segurança Social, um organismo do Estado que, pelos vistos, pode vender património a privados, sem concurso público.

A partir daqui... não me interessa saber se comprou por 347 mil euros e pretende vender por 5,7 milhões. Nem que decidiu «colocar o imóvel em propriedade horizontal, de forma a poder dividir as frações entre mim e a minha irmã.» Nem o que combinou ou deixou de combinar com os inquilinos. Também não me interessa saber se tem, noutra freguesia de Lisboa, um apartamento de 85 metros quadrados colocado no mercado de arrendamento por 1.300 euros mensais.

Porém, a confirmar-se, interessa-me saber por que razão a Autoridade Fiscal avaliou o prédio em 314 mil euros, ou seja, um valor inferior ao da compra. A juntar aos 347 mil pagos pelo prédio degradado, as obras de restauro e requalificação terão custado 650 mil euros. Então e a AF avalia em 314 mil o que vale 997 mil? Porquê?

Isto dito, lembrar que a actividade política tem custos. Como cidadão, Ricardo Robles tem todo o direito a especular no imobiliário. Como político, não tem. Ainda que fosse um daqueles de quem ninguém sabe o nome. Sucede que Ricardo Robles é um conhecido activista anti-gentrificação. Em que ficamos?

quinta-feira, 26 de julho de 2018

MOLINA & CANETTI


Hoje na Sábado escrevo sobre Como a Sombra Que Passa, do espanhol Antonio Muñoz Molina (n. 1956). Pela segunda vez, Lisboa está no centro de uma obra do autor. Aconteceu com o terceiro livro, acontece com o penúltimo. O livro acompanha o percurso de James Earl Ray, o assassino de Martin Luther King que passou nove dias em Lisboa, em Maio de 1968, antes de viajar para Londres, onde seria finalmente preso. A partir do assassinato de Luther King, influente pastor protestante e activista dos direitos dos negros norte-americanos, Molina mistura reminiscências pessoais com factos reais: «Passei demasiadas horas imerso na sua vida, dias inteiros, desde que cheguei a Lisboa.» A introspecção em torno do romance O Inverno de Lisboa (o terceiro livro) acompanha os detalhes desse intervalo lisboeta de Ray. Uma coisa serve a outra. Molina tenta imaginar Ray à deriva na capital portuguesa: um americano pobre, racista, alegadamente sem amigos ou qualquer espécie de contactos em Portugal. Faz isso à boleia da sua experiência de jovem escritor de visita a Lisboa, em 1987 (com apenas dois livros publicados, Molina era então funcionário subalterno da Câmara Municipal de Granada). Terreno escorregadio: dose elevada de autobiografia, dose residual de ficção e ‘reportagem’, nos interstícios uma da outra. Nada que o autor não tenha feito antes. O narrador, Molina himself, cita autores, filmes, actrizes, realizadores, músicos, canções, exegeses de Nabokov, lembranças de Juan Carlos Onetti a pretexto de Lolita, etc., sem que esse estendal de ‘erudição’ tenha relevância para a intriga. Nem sequer serve para contextualizar o caldo de cultura de onde surgem homens como Ray. Mas o exercício deve estar na moda, porque Salman Rushdie faz exactamente o mesmo no seu último romance. Não havia necessidade. A pulcritude de Lisboa é outro óbice. O retrato de Ray é contraditório. Não é plausível ver um fugitivo a encher a bagagem com livros. Um homem que nem tinha a noção de quem era Luther King. Matou-o porque era negro, e os tribunais do Tennessee tendiam a ser benevolentes com assassinos de negros. Em suma, não faz sentido. Três estrelas. Publicou a Ponto de Fuga.

Escrevo ainda sobre O Archote no Ouvido, segundo volume da autobiografia do búlgaro Elias Canetti (1905-1994). Não obstante o Nobel da Literatura, e o facto de ser um dos grandes autores de língua alemã dos últimos cem anos, Canetti tem uma presença discreta na edição portuguesa. O Archote no Ouvido, agora traduzido, é uma boa oportunidade para compreender a sua vida e obra. Este volume reporta aos anos que vão de 1921 a 1931, entre Frankfurt, Viena, Berlim e de novo a capital austríaca. Antes disso tinha havido Manchester, Lausanne e Zurique, cidades onde Canetti viveu a infância, mas O Archote… começa com a chegada à Alemanha, onde o autor fará a sua formação. Descendente de judeus sefarditas, Canetti foi toda a vida um nómada. Em 1938, o Anschluss provocou a fuga de Viena para Londres, tornando-se cidadão britânico em 1952. Massa e Poder (1960), estudo do domínio da multidão sobre o indivíduo, fez de Canetti um nome de referência. Desembaraçadas, eruditas, fluentes, estas memórias corroboram o prazer do texto. Ler Canetti é ler o mundo. Cinco estrelas. Publicou a Cavalo de Ferro.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

INCÊNDIOS GREGOS


O número de mortos subiu para 80. Mas continuam desaparecidas cerca de 100 pessoas. Evangelos Bournous, presidente da Câmara de Rafina-Pikermi, confirmou terem sido destruídas mais de 1.500 residências. A área florestal ardida é superior a dois mil hectares.

Clique na manchete do jornal grego Kathimerini.

terça-feira, 24 de julho de 2018

GRÉCIA ARDE


Morreram até ao momento 62 pessoas, vítimas dos incêndios que deflagraram ontem na Grécia, três dos quais às portas de Atenas. Feridos com queimaduras são mais de 170, metade em estado grave. Este número inclui crianças.

Foram retirados dos arredores da cidade de Rafina, uma das áreas mais afectadas, os corpos carbonizados de 26 pessoas. O Governo decretou o estado de emergência e pediu ajuda internacional. A autoestrada Olympia, que liga Atenas ao Peloponeso, foi encerrada.

Na imagem, uma rua da estância balnear de Mati, na costa da Ática.

Foto de El País. Clique.

COMENTÁRIOS PARA QUÊ?


Argumento da Academia: enquanto Provedor da Santa Casa, financiou com meio milhão de euros a edição, pelo Círculo de Leitores, da obra completa do padre António Vieira.

Clique na imagem do Expresso.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

PEDRÓGÃO GRANDE


Pedrógão Grande recebeu até ao momento 18,5 milhões de euros de donativos em dinheiro. Desse total, 15 milhões já foram aplicados. A maior fatia saiu do Fundo Revita (o 'Fundo de Apoio às Populações e à Revitalização das Áreas Afectadas' pelos incêndios de Junho de 2017), fundo estatal que agrega a recolha de donativos em dinheiro. Talvez esteja na altura de prestar contas ao país.

A infografia é do Jornal de Notícias. Clique.

domingo, 22 de julho de 2018

AXIMAGE


Sondagem da AXIMAGE divulgada hoje pelo Correio da Manhã e pelo Jornal de Negócios.

Maioria de Esquerda = 55,5%. Sozinho, o PS ultrapassa o PSD em 11,8% (e a PAF em 4,4%). A abstenção é de 35,4%.

Clique no gráfico do Negócios.