sábado, 19 de outubro de 2019

PRÉMIO PRINCESA DAS ASTÚRIAS


A escritora norte-americana Siri Hustvedt, 64 anos, recebeu ontem o prémio Prémio Princesa das Astúrias de Letras. Siri Hustvedt, mulher de Paul Auster, tem origem norueguesa, mas tanto ela como os pais já nasceram nos Estados Unidos.

Siri Hustvedt é romancista, contista e ensaísta, mas também publicou um livro de poemas. Em Portugal estão traduzidos seis dos seus livros de ficção.

Refiro o facto porque o Prémio Princesa das Astúrias de Letras tem mantido, desde a sua criação, em 1981, um assinalável nível de coerência.

Entre outros, foram laureados José Hierro, Gonzalo Torrente Ballester, Juan Rulfo, Mario Vargas Llosa, Camilo José Cela, Günter Grass, Doris Lessing, Arthur Miller, Susan Sontag, Claudio Magris, Nélida Piñón, Paul Auster, Amos Oz, Margaret Atwood, Ismail Kadaré, Amin Maalouf, Leonard Cohen, Philip Roth, John Banville, Leonardo Padura, Richard Ford e Adam Zagajewski.

Entre 1981 e 2013, o prémio designou-se Príncipe das Astúrias. A partir de 2014, com a subida ao trono de Filipe VI, a titularidade passou para a herdeira da Coroa, a princesa Leonor, princesa das Astúrias.

Além das Letras, o prémio distingue as Humanidades, as Ciências Sociais, as Artes, a Investigação Científica, a Cooperação Internacional, a Paz e os Desportos.

Ontem, o prémio das Artes foi atribuído a Peter Brook, 94 anos, considerado por muitos o maior encenador vivo. Brook foi durante muitos anos a imagem de marca da Royal Shakespeare Company,

A cerimónia decorreu como sempre em Oviedo, capital das Astúrias, com a presença da família real (incluindo a rainha-mãe), do duque de Alba, e de vários líderes políticos.

Clique nas imagens de El País. Siri Hustvedt, a chegar; e Peter Brook a receber o diploma das mãos de Leonor, princesa das Astúrias.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

GANZA


O PSD pediu a recontagem dos votos da emigração. Para quê? Por desconfiar que não são dois mais dois? Por achar que são três mais um? Por achar que tem direito aos quatro? Nada disso.

Rui Rio aceita o resultado que deu 2 ao PS e outros 2 ao PSD.

O que o PSD quer saber é se os nulos contam como nulos ou, como o partido defende, como votos da abstenção, caso em que a percentagem do PSD subiria para 27,8%.

Isto não é um sketch dos Monty Python.

Clique na imagem do Expresso.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

NOVO GOVERNO

Ainda não tomou posse, mas o elenco de ministros e secretários de Estado com assento em Conselho de Ministros suscita-me alguns comentários.

— Quatro ministros de Estado não será excessivo?
— Augusto Santos Silva demonstra fair play por aceitar passar de número 2 para número 3.
— Pedro Siza Vieira é o representante dos Illuminati?
— A continuação de Mário Centeno, Mariana Vieira da Silva, Tiago Brandão Rodrigues, Nelson de Souza, João Gomes Cravinho, Graça Fonseca e Pedro Nuno Santos (este último com competências acrescidas), é uma excelente notícia.
— A continuação de Eduardo Cabrita desaponta-me.
— A continuação de Manuel Heitor surpreende-me. No mundo académico e científico diz-se dele o que Mafoma não disse do toucinho.
— A continuação de João Pedro Matos Fernandes (com competências acrescidas) deixou perplexo o milieu ambiental. Desconheço de que lado está a razão.
— A continuação de Francisca Van Dunen deitou por terra as especulações mais rasteiras.
— Sobre Marta Temido não sei o que pensar.
— A criação do ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública impunha-se. Oxalá Alexandra Leitão possa fazer o que se espera que faça.
— A entrada de Ana Mendes Godinho para o lugar que foi de Vieira da Silva levanta todas as interrogações.
— Duarte Cordeiro não deveria ter subido a ministro?
— André Moz Caldas, antigo presidente da Junta de Freguesia de Alvalade (onde fez um excelente trabalho), vai com certeza ser um bom secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros.
— Ana Abrunhosa, Maria do Céu Albuquerque, Ricardo Serrão Santos, Tiago Antunes: quatro nomes sobre os quais não tenho opinião.

NÚMEROS OFICIAIS

Encerrada ontem à noite a contagem da votação dos emigrantes, o PS ganhou mais dois deputados e o PSD outros dois. Cada um dos partidos elegeu um deputado pelo círculo da Europa e um deputado pelo círculo Fora da Europa.

Nos últimos vinte anos, é a 1.ª vez que o PS elege um deputado pelo círculo Fora da Europa.

Os 230 deputados ficam assim distribuídos: 

PS com 108
PSD com 79
BE com 19
PCP com 10
CDS com 5
PAN com 4
PEV com 2
CHEGA com 1
IL com 1
LIVRE com 1

Dos pequenos partidos, o mais votado foi o PAN. 

Por esta ordem, BE, CDS e CDU tiveram menos votos que o PAN.

A abstenção final global foi de 48,5%. Votos nulos foram 22,3%.

O atraso ficou a dever-se à contagem dos votos de Macau.

BREXIT FECHADO?


Tudo preparado para 31 de Outubro. A UE percebeu que, com Boris, se não fosse a bem, ia a mal. O tuíte de Jean-Claude Juncker é claro.

Clique na imagem.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

HAROLD BLOOM 1930-2019


Harold Bloom, o crítico literário mais influente dos últimos cem anos, morreu ontem à noite no hospital de New Haven (Connecticut) onde se encontrava internado.

Professor de Yale, Bloom deixou uma obra extensa, com vários livros publicados em Portugal, entre eles A Angústia da Influência, 1973, com tradução de Miguel Tamen, e O Cânone Ocidental, 1994, close reading da obra dos 26 escritores mais importantes da literatura ocidental, de Dante a Thomas Pynchon, com tradução de Manuel Frias Martins. Há outros.

Em língua portuguesa, publicadas no Brasil, estão traduzidas três obras incontornáveis: Poesia e Repressão, 1976, com tradução de Cillu Maia, Shakespeare: A Invenção do Humano, 1998, e Génio, 2002, ambas com tradução de José Roberto O’Shea. Sobre peças de Shakespeare escreveu vários outros livros. No famoso The Book of J., 1990, sustenta que longos trechos da Bíblia foram escritos por uma mulher.

Politicamente incorrecto, combateu a crítica marxista, o afrocentrismo e o feminismo, ou seja, aquilo que designava por escola do ressentimento. Admirava profundamente Emily Dickinson, Jane Austen, George Eliot, Virginia Woolf, Toni Morrison, Maya Angelou e Amy Tan. Detestava a saga Harry Potter e, de um modo geral, a cultura popular. Mas gostava de Álvaro de Campos e não desgostava de Saramago. Tinha 89 anos.

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segunda-feira, 14 de outubro de 2019

IRONIA TRÁGICA

Toda a gente se lembra do desastre nuclear de Fukushima, em consequêndia do tsunami de Tōhoku, ocorrido a 11 de Março de 2011, o qual provocou no imediato 18 mil mortos e cerca de 7 mil feridos (continuando desaparecidas mais de 3 mil pessoas). Foi há oito anos.

O Governo japonês fez o que pôde, mas o desastre nuclear de Fukushima ficou sem solução.

Mais de um milhão de toneladas de água contaminada começou a ser armazenada, embora a capacidade dos tanques esgote em 2022.

Yoshiaki Harada, ex-ministro do ambiente do Governo japonês, deu no mês passado uma entrevista onde dizia que a única solução era... despejar a água radioactiva no Pacífico.

Não me lembro de ouvir nenhum ambientalista, ou políticos de países da UE, ou políticos de países terceiros, comentarem estas declarações, que podem ser lidas no Guardian do passado 10 de Setembro.

Agora, o Tufão Hagibis começou a resolver o assunto de forma expedita. Destroços contaminados da antiga central nuclear de Fukushima estão a ser arrastados para o mar.

PRIORIDADE: SAIR


Westminster reabriu hoje com o tradicional discurso da rainha. Prioridade do Governo de Sua Majestade: tirar o Reino Unido da UE até ao próximo 31 de Outubro, de preferência com um acordo de comércio livre.

Serão estabelecidas novas regras para aceitar imigrantes. O reino agradece a todos os que para lá foram, e podem continuar, mas doravante haverá leis para acabar com a livre circulação, que ficará restrita à imigração altamente qualificada, com rendimento anual sujeito a plafond mínimo.

Outros tópicos: combate à violência doméstica, alterações à lei penal, novo enquadramento fiscal, melhoramento do NHS (o serviço nacional de saúde), novas leis ambientais, novos regimes de pesca e agricultura, apoio à habitação, etc.

O Governo já enviou aos media o texto completo do discurso da rainha e um dossier de 130 páginas relativo às leis a aprovadas.

Clique na imagem do Guardian.

A SENTENÇA


Foram hoje lidas no Supremo Tribunal de Espanha as sentenças a que foram condenados doze responsáveis pelo movimento independentista catalão.

Oriol Junqueras, antigo vice-presidente da Generalitat, teve a pena mais alta: 13 anos. Carme Forcadell, antiga presidente do Parlamento catalão, ficou por 11 anos e 6 meses. O promotor público tinha pedido penas de 25 anos para quase todos.

Foram condenados a prisão efectiva os nove que já estavam presos preventivamente.

Sánchez, presidente do Governo de Espanha, descartou publicamente a possibilidade de um indulto ou amnistia: As penas são para cumprir na íntegra. Reitero o seu completo cumprimento.

Os embaixadores acreditados em Madrid foram convocados para comparecer esta tarde na Moncloa onde serão esclarecidos sobre os trâmites do processo.

Clique na imagem de El País.