sábado, 18 de abril de 2020

HOSPITAIS DE CAMPANHA



Os edis de Lisboa e do Porto voluntariaram-se para fazer hospitais de campanha.

Em parceria com a Universidade de Lisboa, que cedeu o espaço do Estádio Universitário, com o Exército, que cedeu as camas, e com o corpo clínico dos três centros hospitalares da cidade, que se responsabilizam por assegurar a logística, Fernando Medina pôs de pé, em frente ao Hospital de Santa Maria, um hospital de campanha com 500 camas.

A Câmara de Lisboa assegurou a instalação de ar condicionado, revestimento próprio para o chão, sistema de renovação do ar, wi-fi, reforço de energia eléctrica, saneamento e higiene urbana.

Abriu no dia 28 de Março, mas ainda não recebeu nenhum doente.

Em parceria com a Ordem dos Médicos, Rui Moreira instalou um hospital de campanha, com 300 camas, no Pavilhão Rosa Mota, do Porto. Destina-se a apoiar os hospitais de São João e de Santo António daquela cidade. A montagem ficou a cargo do Exército.

Abriu no dia 14 de Abril mas, que se saiba, ainda não recebeu nenhum dos 12 (doze) doentes previstos para a 1.ª semana de funcionamento.

Isto são boas notícias. Significa que a capacidade dos hospitais pré-existentes tem sido mais do que suficiente. Como sabemos, o número de doentes internados (enfermaria e cuidados intensivos) corresponde a 7,4% dos infectados, estando portanto 92,6% em casa.

Mas como mais vale prevenir que remediar, são duas iniciativas meritórias. Ninguém nos garante que não venham a ser necessários mais tarde.

Nas imagens, os referidos hospitais: em cima o de Lisboa, em baixo o do Porto. Clique.

COVID-19


Portugal, 18 de Abril de 2020.

O NOVO NORMAL

Em diferentes graus, a Europa tenta pôr de pé a nova normalidade. Alguns exemplos.

— Apesar de 20 mil mortos, Espanha reabriu a indústria e alguns sectores do comércio no passado dia 13.

— A Dinamarca reabriu creches, jardins de infância e escolas do ensino básico no passado dia 13.

— Apesar de quase 25 mil mortos, Itália reabriu livrarias, lavandarias e pequeno comércio no passado dia 14. Restaurantes e cafés abrem a 4 de Maio.

— A Áustria reabriu todos os estabelecimentos com menos de 400 (quatrocentos) metros quadrados no passado dia 14. A partir de 1 de Maio abrem os maiores.

— A Noruega vai reabrir creches e o ensino básico na próxima segunda-feira, dia 20, e o resto das escolas no dia 27.

— A Suíça vai reabrir cabeleireiros no próximo dia 27, as escolas a 11 de Maio, e o resto a 8 de Junho.

— Apesar de quase 20 mil mortos, hoje, a França pondera reabrir as escolas a 11 de Maio.

— E nós por cá? O Governo tenciona anunciar no próximo dia 30 o calendário do regresso à normalidade.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

USA EM PÉ DE GUERRA

Com mais de 700 mil infectados e cerca de 40 mil mortos, grande parte da população dos Estados Unidos não concorda com os confinamentos que, neste momento, afectam os 50 Estados, mais o Distrito de Columbia (Washington), as 23 tribos índias e os 5 territórios do país.

E tem-se manifestado de forma agressiva, exigindo a reabertura de escolas, comércio, restaurantes, cinemas, teatros, discotecas, etc. Dito de outro modo, Trump tem o apoio de uma parte significativa da população.

A título de exemplo, no Michigan e no Ohio os protestos estão a assumir proporções de insurreição civil, e a situação tende a agravar-se com os tuítes incendiários do Presidente — LIBERATE MICHIGAN / LIBERATE MINNESOTA / LIBERATE VIRGINIA —, desautorizando Governadores que não pensam como ele.

Embora no discurso da Casa Branca tenha dito que cada Governador faria o que quisesse, acrescentou que os Estados teriam de o fazer com os seus próprios meios. Claro como água: Washington lava daí as suas mãos.

COVID-19


Portugal, 17 de Abril de 2020.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

ATÉ 2 DE MAIO


Nova prorrogação do estado de emergência passou no Parlamento.
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COVID-19


Portugal, 16 de Abril de 2020.

LUIS SEPÚLVEDA 1949-2020


Vítima de Covid-19, morreu hoje Luis Sepúlveda, escritor chileno residente em Espanha desde 1997.

Sepúlveda abandonou o Chile em 1977, quatro anos depois do golpe de Pinochet. Fez o périplo do exílio na Argentina, Uruguai, Brasil, Paraguai, Bolívia, Perú, Equador, Nicarágua (onde participou da Revolução Sandinista) e, por fim, na Alemanha, país onde casou com a primeira mulher, mãe dos seus filhos. Viveu catorze anos em Hamburgo.

Além de militante comunista e escritor, foi também jornalista, guionista e ocasional cineasta. Deixa uma obra extensa, iniciada em 1969. Publicado em 2019, Historia de una ballena blanca é o livro mais recente.

Estava internado desde 29 de Fevereiro, no Hospital Universitário de Oviedo, depois de ter participado no Festival Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim.

Deixa viúva a poetisa chilena Carmen Yáñez.

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quarta-feira, 15 de abril de 2020

RUBEM FONSECA 1925-2020


Vítima de ataque cardíaco, morreu hoje Rubem Fonseca, o maior escritor brasileiro do século XX e, nessa medida, um dos grandes nomes da literatura de língua portuguesa.

Como disse o argentino Tomás Eloy Martínez, «Fonseca instala o medo ou o mal no próprio interior da linguagem.» Poucas vezes um juízo crítico foi tão exacto.

Formado em Direito, Rubem Fonseca foi polícia entre 1952 e 1958, experiência que paira como uma sombra sobre toda a obra. A dose de malignidade da sua ficção é indissociável da passagem do autor pelas esquadras do Rio de Janeiro.

Estreou-se tarde: tinha 38 anos quando os primeiros contos foram publicados, e 48 quando saiu o primeiro romance. Depois não parou. Cerca de quarenta livros, metade dos quais publicados em Portugal, fizeram dele um guru das letras brasileiras. Destacaria Lucia McCartney (1967), O caso Morel (1973), Feliz Ano Novo (1975), O cobrador (1979), A Grande Arte (1983), Bufo & Spallanzani (1985), Agosto (1990, sobre o atentado contra Carlos Lacerda que em 1954 precipitou o suicídio de Getúlio Vargas) e O seminarista (2009). A obra posterior tem pouco interesse.

Seis vezes laureado com o Prémio Jabuti, o mais importante do Brasil, recebeu outros, entre eles o Camões, em 2003.

Conservador, Rubem Fonseca apoiou o golpe militar de 1964 e era homofóbico declarado. Faria 95 anos em Maio.

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MAGALHÃES

A ver se a gente se entende. Quando se fala (ou, pelo menos, quando eu falo) do computador portátil Magalhães, comercializado e/ou distribuído em 2009, não se pretende realçar a hipotética excelência da sua performance.

O que era e continua ser decisivo era o Plano Tecnológico da Educação. Por que razão o Governo PSD-CDS o pôs de lado?

Não são os detalhes técnicos que importam. Para os resolver, existem empresas de ponta nacionais (algumas até trabalham com a NASA, o CERN, etc.), e felizmente também existe massa crítica em todos os quadrantes ideológicos da sociedade portuguesa.

O Magalhães não respondia a todas as exigências dos mais sofisticados? A solução era fazer upgrade, nunca descontinuar.

A decisão política de o descontinuar é que está em causa. Portanto, caem por terra as lamúrias de quem agora verifica haver tantas crianças sem acesso a computador.

COVID-19


Portugal, 15 de Abril de 2020.

terça-feira, 14 de abril de 2020

COVID-19


Portugal, 14 de Abril de 2020.

MARIA DE SOUSA 1939-2020


Vítima de Covid-19, morreu ontem à noite a cientista Maria de Sousa, professora catedrática jubilada do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto.

Morreu nos cuidados intensivos do Hospital São José, de Lisboa, após uma semana de internamento. Tinha 81 anos.

Natural de Lisboa, onde se formou, imunologista de reputação internacional — a ela se deve a caracterização, como ecotaxis, da migração dos linfócitos de diferentes origens —, autora de artigos publicados nas mais importantes revistas médicas, Maria de Sousa fez o doutoramento na Escócia, tendo trabalhado largos anos em Glasgow, Londres, Nova Iorque e na Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard.

Regressou a Portugal em 1984, criando, na Universidade do Porto, o Programa Graduado em Biologia Básica e Aplicada.

O seu vasto espólio científico e artístico foi há vários anos doado à Câmara Municipal de Cascais.

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segunda-feira, 13 de abril de 2020

COVID-19 NO PAÍS


Tenho lido muitos comentários acerca do número de infectados (casos confirmados), remetendo grande parte deles para o maior ou menor índice de testagem.

Como alguém já disse, «o fim-de-semana prolongado impediu os laboratórios de colocarem cá fora muitos resultados.» Faz todo o sentido.

Mas há um número que não depende de fins-de-semana nem de laboratórios, que é o das mortes, assim distribuídas:

303 — NORTE / 123 — CENTRO / 96 — Lisboa e Vale do Tejo / 9 — Algarve / 4 — Açores / 0 — Alentejo / 0 — Madeira

O mapa da DGS é de hoje, 13 de Abril.

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COVID-19


Portugal, 13 de Abril de 2020.

LUÍS & JENNY


Nos seus noticiários de hoje, a Sky News destaca Luís Pitarma, o enfermeiro de Aveiro que a PAF  (o Governo Passos & Portas) empurrou para fora do país, e de Jenny McGee, a neo-zelandesa que também tratou de Boris Johnson.

Imagem da Sky News. Clique.

domingo, 12 de abril de 2020

BORIS SAIU DO HOSPITAL


Boris Johnson saiu hoje do St Thomas’Hospital, de Londres, tendo feito um elogio rasgado a dois enfermeiros que cuidaram de si, a neo-zelandeza Jenny e o português Luís:

«That is how I also know that across this country, 24 hours a day, for every second of every hour, there are hundreds of thousands of NHS staff who are acting with the same care and thought and precision as Jenny and Luis...»

Luís Pitarma, o enfermeiro português que zelou por Boris, é um dos mais de dois mil enfermeiros empurrados para a emigração pelo Governo PSD-CDS: «Não sejam piegas e saiam lá da vossa zona de conforto...» Lembram-se?

Luís licenciou-se em 2013 e seguiu à risca a recomendação do Governo Passos/Portas: em 2014 já estava em Londres.

O primeiro-ministro britânico vai agora repousar para Chequers, a residência de campo dos chefes do Governo britânico.

Clique na imagem do Guardian.

FAMILY SUMMIT

Até ao surto da pandemia terei usado o WhatsApp meia dúzia de vezes, se tanto, e sempre induzido por terceiros. Mas nas últimas semanas uso bastante. E hoje até fizemos uma family summit no fim do almoço.

Quatro casas em rede, uma delas em Espanha, pudemos falar todos (cães e gatos incluídos) do inesperado Blade Runner em que estamos metidos. Foi uma bela experiência, mas preferia voltar ao normal.

TEMPOS FELIZES


No passado 18 de Janeiro, um sábado, participei num almoço que reuniu cem pessoas (metade família, metade amigos) algures no Oeste.

Falou-se da tragédia de Wuhan, naturalmente, até porque um terço dos comensais conhece a China, tendo muitos deles vivido largos anos em Macau, e outros feito turismo em Hong Kong, Pequim, Xangai, etc. Mas nenhum de nós imaginava vir a entrar, sete semanas mais tarde, no filme distópico que tem sido o nosso quotidiano desde 11 de Março.

E chegámos a Domingo de Páscoa, uma data que não me diz nada, mas que servia de pretexto para um almoço de família alargado. Hoje não pode ser, com cada um trancado no seu covil. Há coisas piores.

Na imagem, vista de Enxara do Bispo, no Oeste. Clique.

COVID-19


Portugal, 12 de Abril de 2020. Domingo de Páscoa.