sábado, 13 de junho de 2015

DISCURSO DIRECTO, 1

Francisco Louçã, no Público. Excerto, sublinhado meu:

«[...] Sugiro ao leitor que se mova então pela única certeza que podemos ter: este processo está a ser conduzido sem respeito pela justiça ou até pela decência. Não há acusação e passaram meses, não há acesso da defesa aos documentos e provas e isto ainda se pode prolongar mais uma eternidade [...] o caso Sócrates importa menos do que esta regra geral: esta justiça mete medo. [...] E isso já é com os candidatos – os das legislativas e sobretudo os das presidenciais. Digam-nos o que querem fazer ou fiquem de lado, porque se estão calados então não têm solução para os problemas de Portugal. É uma questão de regime, é mesmo convosco, senhores candidatos e senhoras candidatas

A CEM DIAS DO ACTO


Resultados da Eurosondagem para o Expresso e a SIC divulgados ontem à noite. Afunila-se a diferença entre o PS e o PAF [PSD+CDS]. As propostas do PS merecem o apoio de 42,9% dos inquiridos enquanto as do PAF apenas obtêm 24,6%. A popularidade de Costa (38,8% de avaliação positiva e 21,6% negativa) mantém-se superior à de Passos Coelho (29,1% de avaliação positiva e 33,8% negativa). Se o LIVRE não descolar de 2% não conseguirá eleger nenhum deputado. Clique na imagem para ler melhor.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

JAMES SALTER


Esta semana, na Sábado, escrevo sobre Tudo o que Conta, o romance mais recente de James Salter (n. 1925), nome de referência dos dois lados do Atlântico. Vá-se lá saber porquê, os editores portugueses ignoraram durante quase sessenta anos a obra deste autor de culto. Nós por cá fizemos agora a primeira tradução. Nascido no seio de uma família judaica, Salter frequentou a Academia Militar de West Point, tendo combatido como piloto durante a Guerra da Coreia, experiência vertida em 1957 no romance de estreia, The Hunters. Ao abandonar a Força Aérea, o coronel Horowitz tornou-se escritor a tempo inteiro, passando a assinar Salter. A exactidão da escrita, seca e bem sincopada, encontra em Thomas Wolfe (não confundir com Tom Wolfe) um predecessor ilustre. Salter faz gala na genealogia e a obra não o desmente. A forte componente memorialística de Tudo o que Conta faz de Philip Bowman, o protagonista, um alter-ego do autor. Bowman sobreviveu a Pearl Harbour, conheceu o horror das batalhas navais no Pacífico e, no regresso à vida civil, foi para o milieu literário de Manhattan, tornando-se leitor e, em pouco tempo, editor. Dois temas dominam o livro: sexo e cena literária. O primeiro tem recorte exacto, sem recurso ao vernáculo. O segundo é o trivial: gossip entre escritores, «autopromoção, adulação e trocas de favores», etc. Num romancista menos apetrechado, seria um desastre. Mas Salter tem traquejo, faz bom uso da mnemónica (a passagem do tempo flui com naturalidade), e calibra cada parágrafo como deve ser, tornando plausíveis as recordações de Bowman. De certa forma, uma autobiografia romanceada. Poucos o fazem com tanta sabedoria e parcimónia. Quatro estrelas e meia.

Escrevo ainda sobre a terceira edição de Obra Poética de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), que incorpora, além de inéditos, um prefácio de quarenta e cinco páginas de Maria Andresen Sousa Tavares, texto datado de Dezembro de 2014 que faz a close reading biográfica da obra de Sophia: «Havia na casa da Travessa das Mónicas uma arca de cânfora [onde] estavam escondidos vários cadernos, os mais antigos cadernos de poemas seus.» Carlos Mendes de Sousa, o editor da obra na Assírio & Alvim, assina uma breve Nota de Edição sobre novas correcções introduzidas na fixação do texto. O facto de a cada poema corresponder uma página, evita os erros da divisão estrófica, óbice das edições de 2010 e 2011. Num país de “lentes”, não admira que a bibliografia final omita o nome de Luis Manuel Gaspar como co-responsável (com a filha da autora) pela fixação do texto dos catorze volumes publicados pela Caminho em 2003 e 2004. Os inéditos agora coligidos recuam até à pré-adolescência de Sophia (1933), facto que não impede a irrupção de versos reveladores de grande maturidade. Sirvam de exemplo: E a cidade como cães nos perseguia e, noutro poema, Tomaste em tua mão o sopro / Como um fruto ou como um rosto. É bom voltar a Sophia. Publicou a Assírio & Alvim. Cinco estrelas.

domingo, 7 de junho de 2015

CÁRCERE OU ANILHA?


E se o antigo primeiro-ministro preferir continuar na prisão de Évora até ser acusado, coisa que ainda não aconteceu apesar de ter sido detido há mais de seis meses? A imagem é do Diário de Notícias. Clique.