sexta-feira, 19 de julho de 2019

AXIMAGE


Sondagem Aximage divulgada hoje no Correio da Manhã e no Negócios. A continuar assim, está tudo dito.

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quinta-feira, 18 de julho de 2019

VIENA


Impressões minhas de Viena, hoje na Sábado.

A literatura e o cinema ajudam-nos a conhecer as cidades muito antes de as visitarmos. Nova Iorque, Paris e Londres são exemplos extremos, onde nos orientamos com facilidade. Não se pode dizer o mesmo de Viena. Sucede com a capital austríaca o que acontece com certos livros: toda a gente cita sem os ter lido.

Resisti o mais que pude. A minha geração não esqueceu o Anschluss (a conexão nazi), nem, mais tarde, o estatuto de satélite adormecido de Moscovo. Verdade que o Círculo de Viena faz parte do nosso imaginário, não tanto por causa dos fundadores, mas pela irradiação internacional deste grupo de filósofos, cientistas, artistas plásticos e escritores que durante grande parte da primeira metade do século XX fizeram de Viena um dos epicentros da política e da cultura europeia. O domínio do Terceiro Reich alemão e a ideologia nacional-socialista levaram à diáspora os seus membros mais ilustres, mas o mundo académico anglo-americano, que os acolheu, preserva o legado.

Viena, portanto. Ficamos em Hofburg, o anel central da cidade, a dois passos de tudo o que interessa: museus e galerias de arte, grandes hotéis, livrarias sofisticadas, lojas de luxo, três cafés históricos — Mozart, Central e Sacher —, o Loos American Bar, vários dos melhores restaurantes, mercearias gourmet, chocolatarias para todos os gostos, o Palácio Palfy, sala de concertos low cost, a famosa Graben, artéria pedonal com casino e comércio de todo o tipo, a Spanische Hofreitschule (escola de arte equestre), o parque Burggarten e a elegante Kohlmarkt, que desemboca em Michaelerplatz, entrada principal do Palácio Imperial de Hofburg para onde convergem todos os nostálgicos de Sissi, a imperatriz imortalizada por Romy Schneider. Dito de outro modo: explorar Hofburg é conhecer o essencial de Viena.

Por exemplo, é no vasto complexo do Palácio Imperial que estão instalados os museus canónicos: o Kunsthistorisches, ou Museu de História da Arte, e o Museu de História Natural. Situados defronte um do outro, são obra da mesma dupla de arquitectos, Karl von Hasenauer e Gottfried Semper. Em Viena, tudo o que é relevante saiu das mãos deles.

No Kunsthistorisches há sempre grandes exposições temporárias, de Bruegel (embora A Torre de Babel faça parte das colecções permanentes), Rothko, Caravaggio e outros que tais. O acervo é riquíssimo. Há de tudo, do antigo Egipto à pintura flamenga, sem esquecer o mundo grego e romano, os renascentistas italianos, pintura inglesa, joalheria e até o extravagante Arcimboldo. A escadaria central é dominada por Teseu e o Centauro, a monumental escultura de Canova. Os magníficos painéis do tecto são de Klimt, também presente com o célebre Nuda Veritas. Os despojos escultóricos de Éfeso estão depositados no Castelo Novo, denominado Ephesos Museum, uma extensão do Kunsthistorisches, onde funciona a Biblioteca Nacional Austríaca.

Mas há mais. Após uma caminhada de cinco minutos, ocupando o espaço outrora reservado aos estábulos imperiais, o Museum Quartier (com cinco entradas viradas à Museumplatz) alberga mais de meia centena de instituições, de que fazem parte quatro museus importantes: o Leopold, incontornável para quem gosta de Schiele, Klimt e restante arte austríaca; o Mumok, de arte moderna e contemporânea; o Kunsthalle, feudo dos performativos abstractos; e o Architekturzentrum, ideal para perceber a evolução da arquitectura. Separados por talvez cem metros, o Leopold e o Mumok são edifícios modernos, muito diferentes entre si, construídos de raiz no vasto pátio central, coberto de neve no Inverno e de esplanadas no Verão.

No Leopold tive a grata surpresa de descobrir a obra de Richard Gerstl, o primeiro modernista da Áustria, suicidado aos 25 anos quando Schönberg rompeu a ligação amorosa de ambos e o expulsou do Círculo de Viena. Quem prefere Schiele a Klimt, como acontece comigo, encontra no Leopold a razão dessa preferência. Ainda no Leopold, Ferdinand Georg Waldmüller foi outra descoberta auspiciosa. Como notou um amigo atento, Waldmüller é uma espécie de Henrique Pousão ‘mais luminoso’. O Mumok acolhe parte da obra de Ernst Caramelle. No Kunsthalle há muita fotografia e vídeos: Andrzej Steinbach, Ingel Vaikla, Joanna Piotrowska (que tem uma galeria em Lisboa), Peter Wächtler, Tobias Zielony, Ian Wallace e outros. À chegada ou partida do Museum Quartier deve visitar-se o MQ Point, que tem uma das melhores livrarias de arte que me lembro de ter visto dos dois lados do Atlântico. Infelizmente não é para todas as bolsas. Saí de mãos vazias e a ranger os dentes: o álbum de Lucian Freud custa 750 euros.

Mais afastado, mas ainda em Hofburg, instalado no Palais Erzherzog Albrecht, o Museu Albertina é do melhor que há na Europa: Dürer, Chagall, Lichtenstein, Magritte, Kandinsky, Degas, Kirchner, Rubens, Bosch, Monet, Picasso, Warhol (o retrato Mao), Brassaï, Rafael e Leonardo são alguns dos artistas melhor representados. Estes e a nata da arte austríaca, que inclui o pouco citado mas insigne Kokoschka. O museu fica em Albertinaplatz — morada do Café Mozart, onde Graham Greene, nos seus tempos de espião, marcava encontros com outros agentes do MI6 —, e é porventura o melhor museu ‘moderno’ de Viena.

Na fronteira de Hofburg temos Stephansdom, a imponente catedral medieval de Santo Estevão. Assombrosa, com uma nave espectacular, fica ‘entalada’ entre edifícios vulgares. Portanto, a melhor forma de apreciar a torre gótica e as telhas de vidro colorido que forram o telhado é ir tomar um copo ao bar do 6.º andar do DO&CO, mesmo em frente.

Pelo contrário, a Karlskirche, igreja barroca dedicada a Carlos Borromeu, mandada construir por Carlos VI, imperador do Sacro Império Romano, está enquadrada pelo cenário desafogado de Karlsplatz. Lá dentro, os frescos de 1726 que Johann Michael Rottmayr pintou na cúpula são impressionantes. Uma estrutura metálica, com elevador, leva-nos a uma plataforma elevada a mais de trinta metros que permite apreciar os detalhes. Quem não queira subir, vê os frescos reflectidos em dois globos transparentes de grande diâmetro. Na Karlskirche também se realizam concertos de música clássica: no dia em que fomos era Ave Maria, de Schubert.

Karlsplatz é um parque de grandes proporções que tem na sua moldura a fabulosa Karlskirche, a Universidade Técnica de Viena, o Wien Museum, o cubo de vidro que serve de extensão ao Kunsthalle e, do lado oposto, já em Innere Stadt, a Musikverein, sede da Filarmónica de Viena, conhecida sala de concertos que toda a gente identifica por causa da gala de Ano Novo. Não confundir com a Staatsoper (imagem ao alto), a mítica ópera de Viena, que domina Ringstrasse e fica ali perto. A enorme mais-valia de Viena é essa: podermos ir a quase todo o lado a pé, sem necessidade de táxis ou metro. Por falar em ópera: não é um espectáculo barato em lado nenhum, a Staatsoper tem uma programação invejável, mas pratica preços de extorsão, superiores aos de Nova Iorque e Londres.

Voltando a Karlsplatz, o discreto Wien Museum é muitíssimo recomendável. Vimos uma notável exposição documental e fotográfica sobre a implosão do Império Austro-Húngaro (1918) e subsequente proclamação da República (1919), organizada por Anton Holzer: Die erkämpfte Republik. As maquetas da cidade, desde 1400, são outro atractivo. A sala dedicada aos indígenas ilustres dá a medida daquilo que Viena representou até 1940.

No outro extremo de Karlsplatz, já em Friedrichstrasse, fica a Wiener Secession, fundada em 1897 por Klimt, Moser e outros adversários da arte conservadora que então dominava. Conhecido simplesmente como ‘a Secessão’, trata-se de um dos edifícios mais pequenos e belos de Viena, rapidamente identificado pela cúpula dourada de Olbrich (a sua efígie está cunhada nas moedas austríacas de 50 cêntimos). Serviu de escola de arte e ofícios de artistas novos. É lá que podemos ver os famosos murais de Klimt, bem como exposições temporárias vanguardistas, como são as de Kris Lemsalu, Ed Ruscha e Philipp Timischl. Pelo tipo de visitantes percebe-se que estamos num museu muito exclusivo. Se atravessar a rua encontra o confortável Café Museum, poiso de Musil e outros intelectuais da cidade.

Não é despiciendo falar de cafés, traço distintivo da cultura vienense. A UNESCO classificou-os como património imaterial da humanidade. Já referi o Mozart, o Central e o Sacher, que têm filas homéricas à porta (assunto que se resolve fazendo reserva online), mas o Sperl, o Frauenhuber e o Landtmann são igualmente de visita “obrigatória”. Acoplado ao hotel homónimo, o Sacher serve a famosa tarte e, dizem os entendidos, a melhor melange da cidade. Além de bolos, o Mozart serve pratos da cozinha local, como Wiener Schnitzel com salada de batata e compota de framboesas, ou Tafelspitz, o prato preferido do imperador Francisco José, com puré de maçã. No Central come-se um Goulash decente e Apfelstrudel aquecido a nadar em creme de baunilha. A cozinha mais elaborada é a do Landtmann. Habitué, Freud tinha a mesma opinião. Paul McCartney e Hillary Clinton corroboram. Se quer ver rapaziada jovem e descontraída tem de ir ao Sperl, fora do anel central.

Os restaurantes propriamente ditos são outra coisa. Mesmo ao lado do Landtmann fica o Burgtheater, o esplêndido teatro ‘alemão’ desenhado por Hasenauer e Semper. É no Burgtheater, virado à Universitätsring e ao Rathaus (a Câmara Municipal de Viena), que fica o Vestibül, um dos melhores restaurantes da cidade, elegante, formal, absolutamente Habsburgo, porém acessível a bolsas portuguesas — tal como o Dstrikt, o DO&CO, o Eight e o feérico Palmenhaus, que fica na antiga estufa imperial, mesmo atrás do Museu Albertina. Noutro patamar, com preços proibitivos, o Steirerek, do chef Heinz Reitbauer, divide com o Opus, de Stefan Speiser, o pódio dos eleitos. Mas Le Ciel, de Toni Mörwald, e Konstantin Filippou, do próprio, também estão em alta. Conseguem todos a proeza de serem mais caros que os equivalentes de Londres.

A visita não ficaria completa sem conhecer o Palácio de Schönbrunn, residência de Verão dos Habsburgos, situado em Hietzing, a cerca de oito quilómetros do centro de Viena. A comparação com Versailles torna-se inevitável, mas, apesar das suas mil e quinhentas divisões, a casa de Maria Tereza ganha em escala humana. No topo dos jardins, a Gloriette, epifania absoluta. Quem não queira ir tão longe tem muito para ver no Belvedere, em especial no Belvedere Superior, que acolhe arte moderna (Klimt, Gerstl, Kokoschka) em alas de estatuária barroca. Os jardins do Belvedere estão no centro da cidade, e são, juntamente com o Prater — o parque de diversões onde se realizou a Exposição Mundial de 1873 —, dois hot spots durante a Primavera e o Verão. Em 1949, Orson Welles filmou ali, na roda gigante do Prater, O Terceiro Homem

Não vi centros comerciais, mas decerto haverá. O mais parecido foram as arcadas Freyung e Ferstel, com lojas de gama alta e pequenos cafés, ambas em Herrengasse. Também não vi sinais da comunidade LGBTI ou fumadores.

Aquela que foi a última fronteira entre o Ocidente e a Cortina de Ferro mantém-se suspensa no tempo. Se lá voltasse, Graham Greene encontraria quase tudo na mesma. O século XXI ainda não chegou ali.

Clique na imagem da Staatsoper.

THEROUX & BARNES


Hoje na Sábado escrevo sobre a reedição de Viagem por África, de Paul Theroux (n. 1941), autor de uma obra muito extensa, conhecido sobretudo pelos livros de viagem. Vem muito a propósito, na medida em que entre 2002 e a actualidade nada mudou no quotidiano dos povos que vivem de Norte a Sul do continente. Utilizando o comboio, camionetas e carros de toda a espécie, a viagem começa no Cairo e acaba na Cidade do Cabo. Durante o percurso — ele chama-lhe safari —, Theroux confirmou os perigos de visitar países como a Etiópia, o Quénia e a Zâmbia, a bipolaridade religiosa do Sudão, a falta de estradas no Congo e na Tanzânia, a ditadura dos «senhores da guerra» na Somália, as sequelas do Ruanda após o genocídio de 1994 (em três meses, membros da etnia hutu chacinaram um milhão de membros da etnia tutsi), as ocupações selvagens no Zimbabué, a relativa acalmia em Moçambique e a “prosperidade” da África do Sul, malgré a criminalidade urbana que afecta Joanesburgo. Teroux não é um colono saudosista, embora tenha vivido e trabalhado no Malawi e no Uganda. Conhece bem os países que descreve e, se não tem ilusões acerca da violência como modo de vida, da fome e das epidemias (em especial a Sida), também não as tem acerca do papel do voluntariado “humanitário” praticado pela maioria dos funcionários das poderosas ONG internacionais, toleradas, decerto não por acaso, pelas plutocracias nacionais. Por exemplo, sobre a devastação de Moçambique provocada pelos quinze anos de guerra civil (1977-1992) que sucederam à independência, diz que, ao arrepio da retórica mediática, as ONG nada fizeram: «Eu suspeitava de que tinham inventado este sucesso para justificar a sua própria existência.» Contudo, são muito interessantes as páginas dedicadas ao país. A estação ferroviária de Maputo, com a abóboda de bronze (e não de ferro) desenhada por Eiffel, é considerada «a mais bela de África». A narrativa inclui relatos de conversas com (e comentários sobre as respectivas obras) o egípcio Naguib Mahfouz e a sul-africana Nadine Gordimer, dois Prémios Nobel da Literatura que não abandonaram os países de origem. Quatro estrelas. Publicou a Quetzal.

Escrevo ainda sobre A Única História, o romance mais recente de Julian Barnes (n. 1946). Os incondicionais do autor, entre os quais me incluo, atribuem-lhe a responsabilidade de, em 2011, ter salvo a reputação do Man Booker Prize. Porquê? Porque um júri presidido por Stella Rimington fez dele o vencedor. Vai nisto alguma dose de ironia, mas o facto é que Barnes nunca decepciona. A intriga é velha como o mundo: rapaz de 19 anos torna-se amante de mulher casada, com mais do dobro da sua idade, e duas filhas mais velhas do que ele. A acção tem lugar no Sussex, região dilecta das classes altas inglesas ou com pretensões a sê-lo. Tudo se passa nos azougados anos 60 britânicos, pretexto para analisar o amor e o sexo à luz dos códigos e tiques dos súbditos de Sua Majestade. Para Susan Macleod, Paul é um brinquedo muito apetecido com prazo de validade curto (como descobrirá mais tarde). Não acaba bem, mas a mordacidade e o virtuosismo de Barnes valem a leitura. Cinco estrelas. Publicou a Quetzal.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

GRANDES DEVEDORES

Sabemos hoje que entre 2010, no Governo Sócrates, e 2012, no Governo PAF, os grandes devedores passaram de seis para dezassete. Um deles, identificado com o número de código 088, é responsável por perdas efectivas de 542 milhões de euros, o correspondente a 40% do total de 1.334 milhões de euros perdidos em créditos pela CGD.

Que raio andaram as equipas da troika (constituída pelo FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) a fazer em Portugal, entre 2011 e 2015? Para as contas dos Bancos não olharam. Nem sequer para as da Caixa Geral de Depósitos, que pertence ao Estado.

Serviram de bode expiatório para o guião PSD-CDS que aumentou os impostos de forma brutal, cortou subsídios, incluindo o de doença e o de reinserção social (sujeito a condição de recursos), taxou os reformados e os aposentados com a famigerada CES, fez disparar o desemprego para 15%, etc. Não nos esquecemos.

terça-feira, 16 de julho de 2019

QUEM RESPONDE POR ISTO?


E ninguém é responsável?

Clique na notícia e imagem do Expresso.

URSULA CONFIRMADA


Por 383 votos a favor, 327 contra, 22 abstenções e um nulo, o Parlamento Europeu confirmou Ursula von der Leyen, ministra alemã da Defesa, como Presidente da Comissão Europeia.

É a primeira vez que uma mulher ocupa o cargo.

Depois do discurso desta manhã, em que prometeu este mundo e o outro (neutralidade carbónica até 2050, salário mínimo europeu, taxar os gigantes tecnológicos a operar na União Europeia, flexibilização da política fiscal, respeito inalienável pelo Estado de Direito, apoio efectivo aos imigrantes, etc.), era difícil não obter a confirmação.

Ficou-me no ouvido a frase: «a economia existe para servir os cidadãos». Sobre um eventual salário mínimo europeu, aguardar para ver.

Clique na imagem do jornal belga Le Soir.

IMPASSE NA MONCLOA


Espanha está muito perto de novas eleições legislativas ainda neste Verão. Em Abril, o PSOE foi o partido mais votado. Mas 28,7% e 123 deputados são insuficientes para a maioria absoluta. Mesmo juntando os 42 deputados do PODEMOS, a Esquerda institucional fica aquém. Só juntando os votos dos pequenos partidos autonómicos isso se consegue.

Desde a primeira hora, Sánchez foi claro: o PSOE aceita o apoio parlamentar do PODEMOS, mas recusa um Governo de coligação. Faz muito bem. Isto anda a ser repetido há três meses. No limite, o PSOE aceita que o PODEMOS indique personalidades independentes, de reconhecido prestígio, para ocupar lugares na máquina do Estado, ao nível de director-geral.

Neste momento, com 123 deputados, o PSOE está empatado com a Direita: os 66 do PP mais os 57 de CIUDADANOS. Para já, PP e CS recusam aliar-se à extrema-direita do VOX, que tem 24 deputados. Também não servia para nada, neste momento, mas pode servir para investir Casado ou Rivera após novas eleições.

A votação da investidura de Sánchez está marcada para o próximo dia 22. Sem maioria, repete-se a 23. E numa terceira e última oportunidade, a 25. A abstenção de um grande grupo (o PP ou o CS) seria suficiente para trocar as voltas à teimosia de Pablo Iglésias. A ver vamos.

Havendo novas eleições em Setembro, receio que aconteça ao PODEMOS o mesmo que aconteceu ao SYRIZA grego. Os espanhóis estão fartos de tanta coreografia. O impasse vai sair caro à Esquerda.

Clique na imagem.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

GORDIEVSKY POR MACINTYRE


A capa engana. Reproduz a edição original hardcover, mas nem por isso deixa de parecer um bestseller série B. Nada mais errado. The Spy and the Traitor: The Greatest Espionage Story of the Cold War (2018), do historiador britânico Ben Macintyre, é uma excelente biografia de Oleg Gordievsky, ex-coronel do KGB que trabalhou para o MI6 britânico entre 1974 e 1985. Com outra identidade, Gordievsky, actualmente com 80 anos, vive hoje algures na Inglaterra.

O livro é viciante. Macintyre não é Le Carré, mas anda lá perto. Condenado à morte após a deserção para Londres, Gordievsky sobreviveu em 2007 a uma tentativa de envenenamento quando vivia no Surrey. O volume inclui dezenas de fotografias e uma minúcia informativa pouco comum em obras do género. Da bibliografia de Macintyre constam livros sobre (entre outros) Eddie Chapman, o famoso agente Zigzag, e Kim Philby, o mítico espião britânico oriundo do grupo de Cambridge que desertou para Moscovo em 1963.

Se gosta de thrillers, este tem a vantagem de ser sobre factos verídicos.