sexta-feira, 3 de julho de 2015

O DINHEIRO OU DISPARO


Capa do jornal alemão Handelsblatt, especializado em assuntos económicos. Clique.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

A ESPIRAL


Um grupo de 246 professores gregos de Economia tornou público um dramático apelo ao Sim no referendo de domingo (se houver referendo). A imagem é do Ekathimerini. Clique na imagem.

CARLA HILÁRIO QUEVEDO


Hoje na Sábado escrevo sobre As Mulheres que Fizeram Roma, de Carla Hilário Quevedo. Apoiada em sólida bibliografia, a autora faz o retrato de catorze mulheres que moldaram Roma. Como refere o subtítulo, trata-se de “14 histórias de poder e violência”, cobrindo um extenso arco cronológico: de 753 a.C. (o mito de Reia Sílvia, mãe de Rómulo e Remo) ao ano 450, quando morre a imperatriz Gala Placídia. Entre ambas, seguimos o percurso de Lucrécia, Cornélia, Clódia Metela, Cleópatra VII, Lívia Drusa, Valéria Messalina, Júlia Agripina, Domícia Longina, Víbia Sabina, Faustina (a Jovem), Júlia Domna e Helena de Constantinopla. Mulheres, portanto, no lugar que a História tem reservado a imperadores, senadores, generais e poetas. A linguagem é clara, a informação bem sustentada e a narrativa sedutora. O volume inclui retratos das catorze protagonistas, bem como esclarecedoras notas de fim de texto que ajudam a situar o leitor menos versado. Três estrelas.

CONTRADIÇÃO NOS TERMOS

A ver se falamos português. Tsipras diz que votar no Não, como ele pretende, não significa sair da zona euro. Verdade que, dos 28 Estados-membros da UE, apenas 19 adoptam o euro. Os restantes não abdicaram das moedas nacionais. Mas é uma manobra de prestidigitação (a palavra certa é vigarice) induzir o eleitorado no sentido do Não, tendo como pressuposto a manutenção do status quo. O Não obrigará a Grécia a romper com o protocolo do Eurogrupo. Votar no Não e recomeçar no dia seguinte a ponte aérea para as reuniões de Bruxelas é uma contradição nos termos.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

JESSE BERING


Jesse Bering, 40 anos, professor de psicologia, homossexual assumido, autor de obras polémicas como Why is the Penis Shaped Like That? (2012), colaborador da Scientific American, Slate, The New Republic, Guardian, etc., é também autor deste magnífico Perversões, publicado em 2013 e agora traduzido por Pedro Garcia Rosado. O tema parece estafado? Engano. O pensamento, a escrita, o humor, a mordacidade, a irreverência e o fair play de Bering tornam a leitura compulsiva. O volume inclui índice remissivo.

NÃO HAVIA NECESSIDADE

Com quase 30% de desempregados (número que sobe para 60% entre os jovens), funcionários e pensionistas que em dois anos perderam cerca de metade dos seus rendimentos líquidos, meio milhão de pessoas sem acesso a electricidade, hospitais onde faltam as coisas mais básicas, farmácias à míngua de medicamentos, centenas de empresas encerradas, a economia paralisada, um rombo de 25% no PIB, etc., jornalistas portugueses que estão em Atenas fazem entrevistas nas lojas e cafés trendy dos bairros elegantes da capital grega.

IRREVOGÁVEL


No dia em que a Grécia entrou oficialmente em default, Yannis Dragasakis (Syriza), vice-primeiro-ministro e responsável pela coordenação económica do Governo, foi à televisão dizer que o referendo pode ser cancelado. Zoe Konstantopoulou (Syriza), a presidente do Parlamento, diz que não: «Uma vez convocado, não pode ser cancelado.» Varoufakis disse aos colegas do Eurogrupo que Atenas cancelava o referendo em troca de dinheiro. Tudo no mesmo dia. Esta trapalhada não tem nome. A imagem é do Diário de Notícias.

terça-feira, 30 de junho de 2015

CAMBALHOTA


A proposta partiu de Atenas. Aparentemente, o referendo foi pelo cano. A imagem é do Guardian. Clique.

DISCURSO DIRECTO, 5

Sócrates em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, hoje. Brevíssimos excertos, sublinhados meus:

«A Justiça não pode ser confundida com as autoridades judiciárias.» / Sobre a manutenção da prisão preventiva: «Você repare que, com este episódio, diversos advogados conhecidos pela sua experiência e sabedoria [...] abandonaram a sua tradicional prudência e reserva e vieram explicar com toda a clareza porque a atuação do Ministério Público e do Juiz de Instrução foi ilegal, ilegítima e insensata.» / «Seis meses de prisão preventiva e sem acusação. Seis meses de uma violenta campanha de difamação efectuada e dirigida pela acusação. Seis meses impedido de me defender. Seis meses de ameaças e intimidação [...] Seis meses de abuso, de arbítrio e mentiras. Seis meses de caça ao homem. Ainda assim, não venceram. [...] bem sei que a lei lhes permite um ano de prisão preventiva sem acusação. Mas nem sempre o que a lei permite, a decência autoriza.» / «Fui detido e preso sem que ao longo de uns intermináveis seis meses me tivesse sido apresentado um único indício — digo indício, já não falo de factos ou provas — de que tivesse praticado o crime de corrupção. Esta situação é, em si, tão inacreditável e tão reveladora da perseguição pessoal e política que motivou este inquérito, que poucos a aceitaram como credível. Mas não se pode sustentar durante muito tempo tamanho embuste.» / «O Ministério Público não tem o direito — repito, não tem o direito — de fazer imputações sem apresentar os factos que as justificam ou as provas que as fundamentam. Quando esquece este seu dever elementar e assim procede não está a agir como acusador público mas como difamador e como caluniador. E insultar e caluniar não são competências do Ministério Público. Numa palavra, este comportamento do Ministério Público não é sério.» / «Ora, se a tese do Ministério Público fosse correcta, se o senhor engenheiro Carlos Santos Silva fosse meu “testa-de-ferro” (ou “homem de palha”, ou “cabeça de turco”, como a acusação gosta de lhe chamar nos romanceados relatos que faz para os jornais), então seria necessariamente o meu nome que constaria como beneficiário no caso de qualquer acidente que impedisse o titular de movimentar as contas. E isso seria assim por uma boa razão: ninguém deixaria que uma fortuna dessas permanecesse durante vários anos (desde, julgo eu, 2005) sem meios de a reclamar no caso de qualquer desgraça pessoal acontecer ao titular.» / «Julgo que o senhor procurador perdeu qualquer sentido da sua responsabilidade. Quando me deteve e prendeu assegurou que tinha contra mim um caso sólido e fundamentado. Não disse a verdade. Passados seis meses, diz que a prova está consolidada. Tornou a não dizer a verdade. Finalmente, reconhece que nem daqui a seis meses — isto é, um ano depois de me prender — conseguirá apresentar a acusação.» / «A verdadeira intenção da minha detenção abusiva e da minha prisão sem fundamento não foi perseguir crime nenhum mas tão só impedir o PS de ganhar as próximas eleições legislativas.» / A política para si acabou? — «Oh, pelo contrário. Isto ainda agora começou.»

segunda-feira, 29 de junho de 2015

LUZ VERDE PARA O CAOS

 
Os bancos da Grécia ficam fechados nove dias, estando a reabertura prevista para 8 de Julho. Hoje não funcionará nenhum terminal de ATM. A partir de amanhã, cada cartão poderá levantar até 60 euros por dia. Os pensionistas idosos que não têm cartão de débito poderão levantar parte das suas pensões em data e locais a anunciar oportunamente. Enquanto isso, O Banco Central da Suíça desvalorizou a moeda nacional e Cameron manifestou preocupação com a situação dos pensionistas britânicos residentes na Grécia. A imagem é do Diário de Notícias. Clique.

domingo, 28 de junho de 2015

DONE

Por 179 votos a favor, 120 contra e uma abstenção, o Parlamento grego aprovou ontem à noite o referendo do próximo 5 de Julho. Quem não gostou nada da iniciativa do Governo de Tsipras foram Merkel, Hollande, Juncker, Lagarde, Draghi, Tusk e dezoito ministros das Finanças do Eurogrupo, que ontem mesmo rejeitou o pedido da Grécia que pretendia ver prorrogado por alguns dias o programa de ajuda. Dijsselbloem foi claro: «As negociações terminaram. Não há extensão. O programa caduca na próxima terça-feira.» E sugeriu que Varoufakis abandonasse a reunião. O ministro grego das Finanças fez-lhe a vontade e saiu da sala, dizendo aos media que aquele era «um dia triste para a Europa». Os seus dezoito parceiros deram então início à segunda parte da reunião, começando a preparar a blindagem da UE às previsíveis consequências do default grego.