sábado, 12 de dezembro de 2015

INDEX ANGOLANO


A Tinta da China já deu à estampa a tradução portuguesa do livro que levou à prisão, em Luanda, de dezassete activistas pró-democracia. Como diz a cinta, uma obra perigosa em ditaduras. Clique na imagem.

CATAVENTO?

Toda a gente se lembra: Passos Coelho não queria em Belém «um catavento mediático com opiniões erráticas». Isto não foi dito numa feira de enchidos. Consta da moção apresentada ao último Congresso do PSD. Com fair play, Marcelo assumiu publicamente que tinha registado o recado. Era o tempo em que o PSD sonhava com Rui Rio para sucessor de Cavaco. Mas Marcelo avançou e o PSD não teve outro remédio senão recomendar o voto no irrequieto professor. Sobre o tema, a entrevista que Passos Coelho dá hoje ao Público é um exercício de malabarismo digno do Portas mais irrevogável.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

PRÉMIO PESSOA


Rui Chafes, 49 anos, artista plástico, venceu o Prémio Pessoa 2015. Desde 1990, quando Menez (Maria Inês da Silva Carmona Ribeiro da Fonseca, 1926-1995) foi laureada, nenhum outro artista plástico tinha sido distinguido com o prémio. Clique na imagem.

MALGRÉ


Sondagem do Expresso divulgada ao meio-dia. Mas então os eleitores do PS não tinham ficado traumatizados com a aliança pós-eleitoral que levou Costa a primeiro-ministro? Enfim, o que interessa: Esquerda=51%. PAF=41%. Clique na imagem.

MAIS DO MESMO


Sondagem da Universidade Católica, realizada nos dias 5 e 6 de Dezembro, divulgada hoje no Diário de Notícias, JN, RTP e Antena Um. Os indecisos são 40%. Clique na imagem para ver bem os resultados.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

MÁRIO CLÁUDIO


Hoje na Sábado escrevo sobre Astronomia, a autobiografia de Mário Cláudio (n. 1941). É enorme a quota de romances biográficos, em todas as épocas e literaturas. Mais raro é que uma autobiografia assuma o protocolo do romance e como tal seja publicada. Também se pode colocar a questão ao contrário: um romance que, de forma ostensiva, decalca a biografia do autor. É o que sucede em Astronomia. Omitindo nomes, datas e locais, o autor transforma a sua vida num romance. Dividido em três núcleos, Astronomia inverte a designação dos narradores: Velho, Rapaz e Menino. O primeiro fala da remota infância (casa, rituais de família, medos); o segundo faz o inventário dos dias atribulados da idade adulta (identidade sexual, serviço militar, carreira literária); e o terceiro expõe sem rebuço as agruras da velhice. Um leitor familiarizado com a cena literária não terá dificuldade em identificar vários autores contemporâneos. Dois exemplos: Eugénio de Andrade, «príncipe dos poetas nacionais» e inspector da Segurança Social (Cláudio e Andrade foram colegas na mesma repartição); e David Mourão-Ferreira, «impropenso aos efebos pindários [porém] entusiástico cultor da frequência das cortesãs…» Há mais. Mas nem todos gozam de grau de afecto equivalente. E ainda os de subtexto, como acontece com o dramaturgo britânico Joe Orton. As citações, em verso e prosa, intercalam obras do autor com a de terceiros: os irmãos Grimm, Perrault, Carroll, Proust, Wordsworth, Rabelais, Milton, Píndaro, Camões, Sena, Blake, Álvaro de Campos e outros. Diversa iconografia pontua a passagem do tempo. Astronomia é a fala de um homem que se conta. A meninice na casa ancestral, fobias, rezas, jogos de criadas; o momento em que o rapaz encontra outro rapaz vindo dos «nevoeiros nórdicos», doravante nomeado como namorado; a deriva hippie; a guerra em África com o seu cortejo de horrores («heróis que esmagam a cabeça dos meninos no capot do Unimog…») no intervalo de orgias homossexuais; a queda da ditadura e os estrangeirados; as sessões de psicanálise em Lisboa; escatologia pessoal; a passagem por serviços sob tutela da secretaria de Estado da Cultura; manual de como sobreviver no Meio literário; o dogma dos incontornáveis (em regra autores «que ninguém lê...»), o crítico pensante fautor de pactos e cumplicidades que fazem e desfazem reputações «com rapidez apenas equiparável à da cópula dos coelhos…»; viagens, tédio, fétiches, consagração, rotinas. A escrita barroca mantém a tensão do relato bem calibrada. O sarcasmo faz o resto. Quatro estrelas.

Escrevo ainda sobre Bronco Angel, o Cow-Boy Analfabeto, de Fernando Assis Pacheco (1937-1995), aliás William Faulkinway, híbrido de Faulkner e Hemingway. Foi no jornal humorístico O Bisnau, entre Março e Outubro de 1983, que o folhetim foi publicado. Com este livrinho, a Tinta da China dá início à publicação de toda a obra do autor, notabilíssimo poeta, mas também ficcionista, crítico literário, cronista e jornalista. Bronco Angel, o Cow-Boy Analfabeto são vinte e oito sketches bem escarolados que parodiam o Portugal da primeira metade dos anos 1980. Aqui e ali, referências directas a personalidades da vida política e social: Santana Lopes, Maria João Avillez, Pinto da Costa, Nuno Abecasis, Alberto João Jardim, Helena Roseta, etc., sem esquecer «os índios Lukaspiris». A sucessão de erros ortográficos dá o tom da irrisão: «Nem a copiar pelo formulário assertas, meu çacana! Olha lá, o teu pai não te mandou ao menos aprender as vogais?» Em suma, um divertissement na melhor tradição da zombaria indígena. O volume tem edição e prefácio de Carlos Vaz Marques e ilustrações inéditas de João Fazenda. Três estrelas.

DIREITOS HUMANOS


Faz hoje 67 anos que foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, vulgarmente designada por Direitos do Homem. Portugal não votou pois só em 1955 aderiu à ONU. Votaram a favor 48 países. Abstiveram-se oito: África do Sul, Arábia Saudita, Bielorrússia, Checoslováquia, Jugoslávia, Polónia, Ucrânia e URSS. Nenhum país votou contra, mas dois (as Honduras e o Iémen) faltaram à votação.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

COMO É?

Tenho uma visão minimalista da função presidencial. Representação externa do Estado, chefia honorária das Forças Armadas e pouco mais. Um PR não deve ter programa. Tem apenas a obrigação de respeitar e fazer respeitar a Constituição. Ponto.

A revisão constitucional de 1982, a primeira das sete efectuadas até 2005, tendo retirado poderes ao Presidente da República, ainda lhe deixa a margem de manobra que justifica a eleição por sufrágio directo e universal. Exemplo corrente: poder dissolver a Assembleia da República. Todos o fizeram. Embora o Artigo 195.º admita, desde 1982 nenhum PR demitiu o primeiro-ministro, porque a Constituição é peremptória: «O Presidente da República só pode demitir o Governo quando tal se torne necessário para assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas, ouvido o Conselho de Estado.» Não é isto que me preocupa. Um PR sensato abstém-se de tentações caudilhistas.

Por isso não gostei nada de ouvir Marcelo dizer que, sendo eleito, tenciona ouvir permanentemente os partidos, os agentes económicos e os parceiros sociais. Permanentemente. Nenhum Governo se aguenta nesse frenesi. Em Abril, quando Sampaio da Nóvoa avançou, muita gente ficou de pé atrás com o “programa” do candidato.  Daqui até 24 de Janeiro temos todos de saber com o que contamos.

COMEÇOU O CAMPEONATO


Sondagem da Aximage, realizada entre 28 de Novembro e 2 de Dezembro, publicada hoje no Correio da Manhã. Entretanto, Marcelo foi entrevistado pela SIC a 7 de Dezembro, tendo repetido várias vezes que pretende ser um Presidente hiperactivo, ouvindo permanentemente os partidos, agentes económicos e parceiros sociais. Permanentemente. Uma pessoa sensata percebe que isto é uma receita para o desastre.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

DISCURSO DIRECTO, 31


José Pacheco Pereira, no Abrupto, Aviso a tempo por causa do tempo.

«Antes que a comunicação social me torne “propriedade” de qualquer candidatura presidencial, informo que tenho já prevista a participação em debates e colóquios organizados pelas candidaturas de Sampaio da Nóvoa e Marisa Matias e tenho falado pessoalmente sobre a questão presidencial com outros candidatos. Como são conversas privadas ficam privadas. Faço-o com inteiro à vontade, visto que não me furto a discutir Portugal e os portugueses, na medida das minhas capacidades, e considero que estas eleições têm vários candidatos que as dignificam. Não é por ecletismo, a que sou avesso, nem por querer pairar acima das opções políticas concretas. Se entender vir tomar posição pública, toma-la-ei, até lá interessa-me mais a discussão e o debate público que terei o gosto de fazer, para já “ao lado” das candidaturas que me honraram com esse convite

Imagem do jornal i.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

DISCURSO DIRECTO, 30

António Costa entrevistado pelo Público. Excertos, sublinhados meus:

«Os cidadãos elegeram os deputados e este Governo é aquele que dispõe de um suporte parlamentar maioritário. Aliás, durante vários meses, ouvimos o Presidente explicitar que era necessário um Governo que tivesse um suporte parlamentar maioritário

«Por que se há-de entender que um deputado do CDS vale mais do que um deputado do BE? Isso é que era a subversão completa das regras democráticas

«A sua pergunta demonstra como a expressão reforma estrutural foi poluída ideologicamente pela direita. Portanto, só é capaz de conceber como reformas as reformas da direita. O nosso programa é muito reformista, não tem é as reformas da direita. As reformas que são necessárias não são as da direita. A direita acreditou que, baixando salários e destruindo direitos laborais, o país se tornava competitivo. A verdade é que o país andou 30 anos para trás em matéria de investimento e regrediu nos índices de competitividade. Nós temos uma agenda reformista. Em que enunciamos as reformas que é necessário fazer na área da educação, da formação, da modernização científica e tecnológica, na reforma da Administração Pública e do sistema de Justiça, nas políticas de emprego. Essas são as reformas necessárias para melhorar as políticas de emprego. O que não subscrevemos são as ilusões que a direita alimentou de que essa agenda ideológica contribuiria para melhorar a competitividade. Não contribuiu para a competitividade, para o crescimento, para defender as empresas, a única coisa para que contribuiu foi para empobrecer o país, destruir emprego e destruir empresas

«Não sei se percebeu bem o objectivo deste Governo. Não é prosseguir com outras caras a política do anterior Governo. O nosso objectivo é mudar de política, e ela passa por termos instrumentos de política distintos dos que foram empregues pelo anterior Governo

FUTUROLOGIA


O nível de confiança em António Costa parece estar em alta. Ainda bem. A sondagem é da Aximage e a imagem do Jornal de Negócios. Clique.

ACABOU O CHAVISMO?

Em contrapartida, na Venezuela, a oposição ganhou as Legislativas, obtendo 99 dos 145 lugares do Parlamento. É a primeira vez que tal contece nos últimos 16 anos. Nicolás Maduro reconheceu a derrota nestes termos: «Na Venezuela não triunfou a oposição, triunfou um plano contra-revolucionário para desmantelar o Estado social-democrático de justiça e de direitos.» A abstenção foi de 24%.

domingo, 6 de dezembro de 2015

ACONTECEU


Um dia acontecia. Foi hoje. A Frente Nacional terá obtido 30% dos votos. Veremos se, no próximo domingo, dia da segunda volta, uma aliança de republicanos (Sarkozy) e socialistas (Hollande) impede que a extrema-direita tome conta de França.

A imagem é do Expresso. Clique.