quarta-feira, 19 de maio de 2021

TAP & TJE


Em Junho do ano passado, por intermédio do Orçamento Suplementar ao OE 2020, o Governo fez um empréstimo à TAP no valor de 946 milhões de euros. Com o aval da Comissão Europeia, essa ajuda podia chegar a 1,2 mil milhões de euros. Sem esse dinheiro, a TAP fechava.

Na altura, a Associação Comercial do Porto interpôs providência cautelar contra o apoio estatal à TAP, mas o Supremo Tribunal Administrativo não deu provimento à demanda.

Quem também se queixou foi a Ryanair, companhia privada, irlandesa, que apelou para o Tribunal de Justiça Europeu. O veredicto soube-se hoje: 

«A decisão da Comissão que declara o auxílio de Portugal a favor da companhia aérea TAP compatível com o mercado interno é anulada por não estar suficientemente fundamentada.» 

Não obstante, o efeito do acórdão fica suspenso por dois meses. Até o processo estar dirimido, a TAP não é obrigada a devolver o dinheiro que recebeu desde Junho de 2020. Para já, a Comissão Europeia vai rever o teor da fundamentação que sustenta o apoio. 

Situação análoga se passa nos Países Baixos com a KLM. A companhia holandesa foi ajudada em 3,4 mil milhões de euros e o TJE também quer a ajuda melhor explicada.

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segunda-feira, 17 de maio de 2021

CONTRA A HOMOFOBIA



Hoje, 17 de Maio, Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia, a residência oficial do primeiro-ministro ostenta a bandeira arco-íris. Foi António Costa em pessoa quem a hasteou. 

O mesmo sucede na Câmara Municipal de Lisboa e no edifício onde funciona o conselho de ministros.

Imagens de São Bento e da CML.

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INTERCAMPUS


Sondagem da Intercampus para o CM, a CMTV e o Negócios, divulgada hoje:

PS 37,9% / PSD 21,7% / BE 8,3% / CH 8,3% / CDU 5,5% / PAN 4,8% / IL 4,2% / 

/ CDS 2,9%

A soma do PSD+CH+IL+CDS é inferior à do PS sozinho.

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domingo, 16 de maio de 2021

IRENE LISBOA


UM POEMA POR SEMANA — Para hoje escolhi Nova, Nova, Nova, Nova! de Irene Lisboa (1892-1958), poetisa que até 1942 assinou com o pseudónimo de João Falco.

Natural do Casal da Murzinheira, Arruda dos Vinhos, Irene Lisboa foi professora do ensino primário, pedagoga e, após estudos na Bélgica, em França e na Suíça, tornou-se especialista em Ciências da Educação. Mulher de Esquerda, o Estado Novo afastou-a do ensino e de todos os cargos públicos em 1940. Além de João Falco (em livro), Irene usou outros pseudónimos masculinos para colaborar na imprensa.

Além de poesia, escreveu novelas, contos infantis, ensaios, crónicas e três diários. Colaborou nas revistas mais importantes do seu tempo e fez conferências sobre pedagogia.

Entre outros, Régio, Nemésio, Sena, José Gomes Ferreira, Adolfo Casais Monteiro, José Rodrigues Miguéis e Óscar Lopes tinham-na em alta consideração. Foi Paula Morão quem, a partir de 1991, editou as suas obras completas, publicadas em vários volumes pela Editorial Presença.

O poema desta semana pertence a Outono Havias de Vir (1936). A imagem foi obtida a partir de Do Corpo: Outras Habitações, antologia de poesia identitária organizada por Ana Luísa Amaral e Marinela Freitas, publicada pela Assírio & Alvim em 2018.

[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia, Jorge de Sena, Glória de Sant’Anna, Mário de Sá-Carneiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, Florbela Espanca, António Gedeão, Fiama Hasse Pais Brandão, Reinaldo Ferreira, Judith Teixeira e Armando Silva Carvalho.]

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quinta-feira, 13 de maio de 2021

CESOP


Sondagem do Cesop da Universidade Católica para o Público e a RTP, divulgada hoje.

Esquerda = 54% / Direita+liberais+extrema-direita = 42% / Brancos e nulos = 4%

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quarta-feira, 12 de maio de 2021

MANUEL ALEGRE


Nos 85 anos de Manuel Alegre — Águeda, 12 de Maio de 1936 —, um dos seus magníficos sonetos.

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segunda-feira, 10 de maio de 2021

CICLO EM ALVALADE


No passado 23 de Abril, Dia Mundial do Livro, revelei ser eu, este ano, o autor homenageado em Alvalade Capital da Leitura. Hoje acrescento os nomes de quem participará nos vários momentos do ciclo literário, que tem curadoria de Carlos Vaz Marques.

A 31 de Maio | 14:30 | Colóquio sobre poesia, na Biblioteca Nacional de Portugal, com António Carlos Cortez, Fernando Pinto do Amaral, Helga Moreira, Joana Matos Frias, Nuno Júdice e eu próprio. 

A 1 de Junho | 17:00 | Inauguração de mural público, na Rua Flores do Lima. Poema meu, mural de Vanessa Teodoro. 

A 1 de Junho | 21:30 | Debate sobre crítica literária, no Mercado de Alvalade, com Helena Vasconcelos, Isabel Lucas, Manuel Frias Martins, Pedro Mexia e eu próprio. Moderação de Carlos Vaz Marques.

A 2 de Junho | 21:30 | Noite Laurentina (memórias coloniais), na Galeria 111, com Eugénio Lisboa, Isabela Figueiredo, José Gil e eu próprio. Moderação de Maria João Seixas.

A 3 de Junho | 21:00 | Exibição, no auditório do Caleidoscópio, do filme The Untold Tales of Amistead Maupin, de Jennifer M. Kroot, seguido de debate sobre literatura LGBT — Fractura exposta —,  com Ana Luísa Amaral, Marinela Freitas e eu próprio. Moderação de Miguel Vale de Almeida.

A 4 de Junho | 21:30 | Noite de poesia e música, nos jardins do Museu Palácio Pimenta, com Maria João Luís e Manuel Wiborg. Leitura de poemas de Alberto de Lacerda, Fiama Hasse Pais Brandão, Herberto Helder, Jorge de Sena, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Reinaldo Ferreira, Rui Knopfli, Sophia de Mello Breyner Andresen e Eduardo Pitta.

A 5 de Junho | 18:00 | No Museu Bordalo Pinheiro, lançamento de Devastação, o meu novo livro de contos, editado pela Dom Quixote. Teresa Sousa de Almeida apresenta e o actor Luís Lucas lerá um conto.

Oportunamente darei detalhes sobre as inscrições de quem quiser assistir presencialmente.

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domingo, 9 de maio de 2021

ARMANDO SILVA CARVALHO


UM POEMA POR SEMANA — Para hoje escolhi Citações perversas ou da poesia que se pode de Armando Silva Carvalho (1938-2017), poeta central da poesia portuguesa contemporânea.

Natural de Olho Marinho, Óbidos, Armando Silva Carvalho estreou-se com Lírica Consumível (1965). Poeta e ficcionista, exerceu várias profissões antes de dedicar-se a tempo inteiro à escrita: foi advogado, professor do ensino secundário, jornalista, tradutor, publicitário e consultor de marketing.

Além de poesia, publicou contos e narrativas de mais largo fôlego, entre elas, em 1977, Portuguex — obra que urge reeditar —, radiografia mordaz de um certo Portugal. Entre outros, traduziu Genet, Beckett e Mallarmé.

Homem de esquerda, homossexual discreto, foi uma figura respeitada da vida literária portuguesa. Várias vezes premiado, encontra-se representado nas mais importantes antologias de poesia.

O poema desta semana pertence a Sol a Sol (2005). A imagem foi obtida a partir de O Que Foi Passado A Limpo, volume que reúne poemas publicados entre 1965 e 2005, editado pela Assírio & Alvim em 2007.

[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia, Jorge de Sena, Glória de Sant’Anna, Mário de Sá-Carneiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, Florbela Espanca, António Gedeão, Fiama Hasse Pais Brandão, Reinaldo Ferreira e Judith Teixeira.]

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sábado, 8 de maio de 2021

ZMAR


Ainda o imbróglio do eco camping resort construído em cima de uma reserva ecológica e declarado insolvente no passado 10 de Março, por decisão do Tribunal de Odemira.

Com a falta de tacto que o caracteriza, o ministro da Administração Interna geriu o processo que levou à instalação, no referido resort, de alguns migrantes que trabalham em explorações agrícolas do concelho de Odemira. Trata-se de pessoas que viviam em condições de habitabilidade infra-humana.

Para resolver um problema que a pandemia (e a cerca sanitária que isola duas freguesias do concelho) agravou, o Governo accionou a requisição civil do Zmar, instalando ali, em dez bungalows — 10 dos 260 distribuídos por 81 hectares —, essas pessoas.

Caiu o Carmo e a Trindade. Bem vistas as coisas, não estamos a falar da Cova da Moura. Criado por Francisco de Mello Breyner, o Zmar tem (ou teve) Marcela de Mello Breyner como administradora da área financeira, Francesca de Mello Breyner como responsável pelas relações públicas, a ceramista Anna Westerlund (viúva do actor Pedro Lima) entre os proprietários indignados, Pedro Pidwell como administrador de insolvência, etc. Tanto bastou para pôr os media a salivar.

Ontem, na SICN, a advogada Rita Garcia Pereira explicou com detalhe as consequências da requisição civil, da eficácia do despacho, da falta de efeitos práticos da providência cautelar interposta por um grupo de proprietários dos bungalows amovíveis (o STA recusou o decretamento imediato), da resolução fundamentada a apresentar pelo Governo, do tempo da Justiça, etc. Coisa para anos.

Entre outras coisas, disse: «Ao contrário do que tem sido noticiado, a providência cautelar foi recebida e a isto se resume a atitude do tribunal. Verificou os pressupostos do ponto de vista formal e, depois disso, é que irá analisar inclusivamente os fundamentos da mesma. Estamos numa apreciação muito preliminar ainda...» Claro como água.

Imagem: Rita Garcia Pereira na SICN. Clique.

quarta-feira, 5 de maio de 2021

MADRID RECONDUZ AYUSO


A vitória do PP reconduz Isabel Díaz Ayuso como presidente da Comunidade de Madrid.

Juntos, o PP (com 65 lugares, mais do dobro do que em 2019) e a extrema-direita do VOX (com 13) obtiveram maioria absoluta: 78 em 136.

O PSOE ficou empatado com o Más Madrid: 24 cada. O PODEMOS obteve 10. Pablo Iglesias abandona o cargo e a vida política. CIUDADANOS sai de cena: zero lugares (em 2019 conseguiu 26). Tudo isto tendo votado ontem mais 11% dos madrilenos que votaram nas eleições anteriores.

Clique na imagem de El País.

terça-feira, 4 de maio de 2021

JULIÃO SARMENTO 1948-2021


Vítima de cancro, morreu hoje Julião Sarmento, o artista plástico português de maior projecção internacional. Doente há vários meses, Sarmento encontrava-se internado no Centro Clínico Champalimaud, em Lisboa.

Representado em museus e galerias de todo o mundo, a obra de Sarmento desdobra-se pela pintura, desenho, escultura, fotografia, vídeo, instalações e performance. No nosso país, obras suas podem ser vistas no MNAC (Lisboa), no Museu de Serralves (Porto), no CAM da Gulbenkian, no Museu Berardo e outras assinaladas partes.

Retrospectivas suas foram apresentadas em Lisboa (Gulbenkian), Porto (Serralves), Madrid (Museu Nacional Reina Sofia), Londres (Tate Modern), Roterdão (Witte de With Centrum voor Hedendaagse Kuns), Amesterdão (Stedelijk Museum), Nova Iorque (Guggenheim), etc. A partir dos anos 1980 participou nas mais importantes bienais de arte: Paris, São Paulo, Veneza e, por duas vezes, na Documenta de Kassel. 

Após ter vivido em Londres nos anos 1960, Sarmento viveu em Lourenço Marques — mais exactamente na Matola — entre 1972 e o início de 1974. Descobri-o na Galeria Texto, onde expôs Quartos em Maio de 1974 (a abertura agendada para 25 de Abril foi adiada). Se a memória me não falha, havia dépliant de Sílvia Chicó. Terá sido a sua primeira individual.

Em Portugal tornou-se notado após ter participado em Alternativa Zero (1977), o happening conceptual e multidisciplinar que Ernesto de Sousa organizou na Galeria Nacional de Arte Moderna, juntando artistas, músicos e escritores de várias gerações e tendências.

Afinidades Electivas (2015), exposição comissariada por Delfim Sardo, mostrou a colecção particular de Sarmento: mais de trezentas obras de artistas nacionais e estrangeiros com quem se cruzou e de quem foi amigo. Exposta em dois núcleos, um no Museu da Electricidade da Fundação EDP, outro na Fundação Carmona e Costa, encontra-se plasmada em álbum, como tantas outras das suas exposições e ciclos temáticos.

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domingo, 2 de maio de 2021

JUDITH TEIXEIRA


UM POEMA POR SEMANA — Para hoje escolhi Ausência de Judith Teixeira (1880-1959), primeira mulher a assumir, na poesia portuguesa, a sua condição de lésbica.

Natural de Viseu, Judith Teixeira foi um dos três poetas alvo da campanha promovida, em 1923, pela Liga de Acção dos Estudantes de Lisboa (com o patrocínio de Pedro Teotónio Pereira, Marcello Caetano e toda a imprensa conservadora), contra «os invertidos». Os outros eram António Botto e Raul Leal. No dia 5 de Março desse ano, o Governo Civil de Lisboa apreendeu as suas obras, mais tarde queimadas no Rossio. Marcello Caetano chamou-lhe “desavergonhada”.

A 28 Maio de 1926 deu-se em Braga o golpe militar que pôs fim à Primeira República.

Figura proeminente do Modernismo português, Judith Teixeira publicou três livros, um deles as novelas de Satânia (1927), fez conferências e dirigiu a revista Europa, tornando-se o bode expiatório da desordem social que o fascismo associava à Primeira República. 

Foi casada com dois homens, primeiro com um empresário, depois com um advogado de origem aristocrática. A partir da ditadura militar (1928-33) que antecedeu o Estado Novo, nunca mais publicou. Deixou dispersos, coligidos nos anos 1990. Viajou, terá feito vida boémia, e geriu um negócio de antiguidades.

Um estudo de António Manuel Couto Viana, publicado em 1974 — considerando-a «a única poetisa Modernista» —, continua a ser o texto de referência sobre a sua obra. Judith Teixeira não se encontra representada em nenhuma antologia de poesia portuguesa.

Morreu na casa de Campo de Ourique (Lisboa) onde residia, a 17 de Maio de 1959. Tinha 79 anos.

O poema desta semana pertence a Nua. Poemas de Bizâncio (1926). A imagem foi obtida a partir de Poemas, volume da obra completa organizado por Maria Jorge e Luis Manuel Gaspar, publicado pela & etc em Setembro de 1996.

[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia, Jorge de Sena, Glória de Sant’Anna, Mário de Sá-Carneiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, Florbela Espanca, António Gedeão, Fiama Hasse Pais Brandão e Reinaldo Ferreira.]

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sábado, 1 de maio de 2021

PRIMEIRO DE MAIO


Celebra-se hoje o Dia Internacional dos Trabalhadores. Tudo começou em 1886, quando, no âmbito da luta pelas oito horas de trabalho diário (metade da média horária praticada à época), os motins de Haymarket, em Chicago, levaram a Segunda Internacional a escolher a data por proposta da Federação Americana do Trabalho.

Em Portugal, hoje, talvez seja altura de reflectir sobre as condições de trabalho dos migrantes sem os quais a nossa indústria agrícola não teria expressão. Para eles não há sindicatos, nem contratos colectivos de trabalho, nem eco nos media.

Há pelo menos vinte anos que os trabalhadores por conta de outrem perdem direitos que nos anos 1970 eram dados por adquiridos. Mas a situação das populações deslocadas, aqui e em toda a parte, é especialmente revoltante.

Na imagem, o 1.º de Maio de 1974, em Lisboa. A primeira vez que a data foi celebrada sem bufos da Pide e cavalaria da GNR. Entre outros, vêem-se Sophia, Gastão Cruz, Armindo Rodrigues e, de barbas e boina, Fernando Grade.

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quinta-feira, 29 de abril de 2021

PASSAPORTE COVID


Por 540 votos a favor, 119 contra e 31 abstenções, o Parlamento Europeu aprovou esta manhã o passaporte Covid.

Dito de outro modo, um certificado em suporte digital ou em papel, comprovando que o portador foi vacinado, ou, não tendo sido, se um teste efectuado nas 48 horas anteriores à viagem deu resultado negativo. 

Teoricamente, sem o referido passaporte, o atravessamento de fronteiras obrigará a quarentenas. Em todo o caso, diz-nos a experiência, cada membro da UE fará o que os seus interesses ditarem. 

A ver vamos como a presidência portuguesa da UE gere os detalhes técnicos do assunto.

Imagem: tuíte da presidente da Comissão Europeia a saudar a aprovação. Clique.

quarta-feira, 28 de abril de 2021

NONSENSE


Se não comprou, já não compra. A Norton suspendeu a distribuição, incluindo a das versões digitais, e mandou retirar das livrarias a biografia de Philip Roth escrita por Blake Bailey, o conceituado biógrafo de John Cheever, Richard Yates e Charles Jackson. O livro estava à venda há três semanas.

Bailey é acusado por antigas alunas de má-conduta e assédio sexual. E Valentina Rice, uma executiva editorial de 47 anos, acusa-o mesmo de sexo não consentido.

Redes de livrarias e plataformas dominantes como a Amazon, a Barnes & Noble e a Recorded Books não aceitam mais livros do autor. Por exemplo, The Splendid Things We Planned, as memórias que Bailey publicou em 2014, já não estão disponíveis.

Julia A. Reidhead, CEO da Norton, vai doar a organizações que apoiam vítimas de assédio sexual uma soma equivalente ao adiantamento pago a Bailey, ou seja, cerca de um milhão de dólares.

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segunda-feira, 26 de abril de 2021

AUTARQUIAS & PANDEMIA

Para quem tanto barafusta com a dependência do Terreiro do Paço, Rui Moreira deu prova de que o Princípio de Peter se lhe aplica. Ou então é só descaso. Entre uma coisa e outra, venha o Diabo e escolha. Afinal, o Estado central sempre dá muito jeito.

Muito resumidamente: em 2020, a Câmara de Lisboa gastou 6,7% do seu orçamento em acções de combate à pandemia, enquanto a do Porto gastou 1,78%.

Dito de outro modo: em 2020, Lisboa investiu 77,7 milhões de euros, 55 dos quais a fundo perdido (restauração e comércio), enquanto o Porto apenas investiu 5,6 milhões. 

Mais: em 2020, para financiar acções de combate à pandemia, o investimento da Câmara do Porto foi inferior ao das Câmaras de Cascais e Sintra, que investiram, para o mesmo fim, 25 e 20 milhões de euros respectivamente.

O concelho de Lisboa tem cerca de 515 mil habitantes, o de Sintra cerca de 380 mil, o do Porto cerca de 240 mil e o de Cascais cerca de 215 mil.

HOPKINS & FRANCES


Sem grande surpresa, os Óscares foram para Nomadland, melhor filme, Chloé Zhao, melhor realizadora, Frances McDormand, melhor actriz, Anthony Hopkins, melhor actor, Yuh-Jung Youn, melhor actriz coadjuvante, Daniel Kaluuya, melhor actor coadjuvante, e Druk, do dinamarquês Thomas Vinterberg, melhor filme estrangeiro. Sobram mais uns tantos, importando destacar o de melhor fotografia [Erik Messerschmidt] para Mank.

Aos 83 anos, Hopkins ganhou pela segunda vez o Óscar de melhor actor. Desta vez por The Father. À beira de completar 74, a sul-coreana Yuh-Jung Youn ganhou o primeiro, como actriz coadjuvante. 

Chloé Zhao, 39 anos, nascida em Pequim, tornou-se a segunda mulher, em 93 anos, a ganhar o Óscar de melhor realização. Ms Zhao nasceu na China mas frequentou colégios privados ingleses e a Universidade de Nova Iorque. Vive nos Estados Unidos desde 1999.

Disponível na Netflix, Mank é uma seca, mas tem uma fotografia soberba. Frances McDormand, por quem nunca morri de amores, entra na galeria dos que receberam três Óscares.

Clique na fotografia de Hopkins.

domingo, 25 de abril de 2021

REINALDO


UM POEMA POR SEMANA — Para hoje escolhi Eu, Rosie, eu se falasse, eu dir-te-ia de Reinaldo Ferreira (1922-1959), nome destacado da poesia portuguesa escrita em Moçambique.

Começar por esclarecer: em Portugal, quase toda a gente confunde o poeta com seu pai, o mais famoso jornalista português dos anos 1920 e 30, que assinava com o pseudónimo de Repórter X. Além de jornalista, o Repórter X era também novelista, dramaturgo, realizador e produtor de cinema. [Em 1986, José Nascimento fez Repórter X, o filme.] Tendo ambos o mesmo nome civil, a confusão é de regra, até porque Reinaldo filho, o poeta, viveu em Lourenço Marques a partir dos 17 anos.

Estando seus pais radicados em Barcelona, foi ali que Reinaldo nasceu. Com a chegada ao poder de Primo de Rivera, a família regressou a Portugal. Mais tarde, por razões nunca devidamente esclarecidas, o futuro poeta foi terminar o liceu a Lourenço Marques, cidade onde viveu até morrer.

Funcionário da Administração Civil, Reinaldo foi publicando poemas nos suplementos literários da imprensa local, sem nunca ter organizado um livro em vida. Escrito no início dos anos 1950, Receita Para Fazer um Herói passou a integrar o cânone da Guerra Colonial.

Homossexual assumido, figura mítica da gay scene laurentina, tornou-se responsável, a partir de 1952, pela secção de teatro do Rádio Clube de Moçambique, para onde traduziu peças de vários autores.

Escreveu as letras de canções interpretadas por, entre outros, Amália [Uma Casa Portuguesa] e Zeca Afonso [Menina dos Olhos Tristes], bem como, sob o pseudónimo de Reinaldo Porto, o guião e as canções de musicais exibidos em Lourenço Marques.

Vítima de cancro no pulmão, morreu antes de completar 37 anos.

O poema desta semana pertence a Um Voo Cego a Nada, primeira sequência da obra poética completa, coligida no volume Poemas, publicado pela Imprensa Nacional de Moçambique no primeiro aniversário (1960) da sua morte. A imagem foi obtida a partir desse livro. Em Portugal estão publicadas outras duas edições (1962 e 1998), prevendo-se para breve uma terceira.

[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia, Jorge de Sena, Glória de Sant’Anna, Mário de Sá-Carneiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, Florbela Espanca, António Gedeão e Fiama Hasse Pais Brandão.]

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47 ANOS


Passam hoje 47 anos sobre a queda da ditadura. Quem nasceu em democracia não tem noção de como era viver num país miserável.

Não concebe sequer o totalitarismo de Estado, o regime de Partido único, os malefícios da censura (no ensino, imprensa, literatura, música, teatro, rádio, cinema, televisão, etc.), as arbitrariedades da polícia política, os treze anos de guerra colonial, a rígida hierarquia de classes, o ostracismo de grande parte da comunidade internacional. O inventário é longo, não fica por aqui.

Clique na fotografia de Alfredo Cunha, tirada quando ainda não se sabia se a Fragata F-743 bombardearia o Terreiro do Paço.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

ALVALADE CAPITAL DA LEITURA


Agora que é oficial, torno público: este ano serei o autor homenageado em Alvalade Capital da Leitura.

A semana começa no dia 31 de Maio, com um colóquio na Biblioteca Nacional de Portugal, terminando no dia 5 de Junho com o lançamento do meu livro Devastação, no Museu Bordalo Pinheiro, onde será apresentado pela professora Teresa Sousa de Almeida e o actor Luis Lucas lerá um dos contos.

Estou naturalmente feliz por se terem lembrado de mim. Sobretudo por suceder a três dos mais ilustres dos meus pares — José Cardoso Pires (2018), Aquilino Ribeiro (2019), Lídia Jorge (2020), todos antigos ou actuais moradores em Alvalade —, reunindo à minha volta um conjunto de personalidades que admiro: poetas, ficcionistas, ensaístas, críticos, professores de Literatura, cientistas sociais, actores, especialistas em estudos de género, jornalistas e gestores culturais.

Além do colóquio de abertura, sobre poesia, a realizar na BNP, e do lançamento do livro, haverá sessões temáticas: crítica literária, literatura LGBT, memórias de Lourenço Marques. Mas também uma noite de poesia e um mural público, de Vanessa Teodoro, inspirado num dos meus poemas. Tudo isto em locais icónicos de Alvalade, que divulgarei assim que o programa estiver impresso.

Embora estejam todos confirmados, não revelo nomes por enquanto. Uma coisa sei: não podia estar em melhor companhia.

Carlos Vaz Marques é o curador do evento.

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