Morreu hoje o estilista alemão Karl Lagerfeld, director da Chanel desde 1982 e, nessa medida, um dos mandarins da haute couture francesa.
Natural de Hamburgo, mas criado na quinta que os pais possuíam perto de Bad Bramstedt, na região de Schleswig-Holstein, Lagerfeld transferiu-se para Paris em 1952. Discípulo de Balmain, passou por várias casas importantes (como a Fendi, que dirigiu a partir de 1965), teve a sua própria marca, mais tarde vendida, e um companheiro — Jacques de Bascher, personagem do beau monde parisiense, falecido em 1989, vítima da sida — com quem viveu dezoito anos.
Por, durante quinze anos, ter recusado pagar impostos em França, protagonizou e perdeu um litígio fiscal que o levou a pagar, em 2000, cerca de cem milhões de euros, valor inferior à dívida (260 milhões), graças ao perdão fiscal concedido por Dominique Strauss-Kahn, à época ministro das Finanças. Nessa altura vendeu parte da sua colecção de pintura e mobiliário, pondo ponto final no escândalo.
É de sua autoria a colecção de pronto-a-vestir denominada cápsula, da empresa sueca H&M. Trabalhou com vários realizadores de cinema, como Almodóvar e Zeffirelli, bem como directores de ópera e ballet.
Excêntrico, misantropo, ícone pop, proprietário de duas bibliotecas (a da mansão de Paris, onde morreu, e a da casa dos arredores de Hamburgo) que no seu conjunto acolhem para cima de trezentos mil volumes, não gostava de revelar o ano de nascimento. Nos anos 1990 submeteu-se a uma dieta que o fez perder 43 quilos. Se, como os documentos indicam, nasceu a 10 de Setembro de 1933, tinha 85 anos.
Desapareceu o Kaiser de Paris.
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