Entre agitadores avençados, comentadores conspícuos como Marçal Grilo e Miguel Sousa Tavares, ex-governantes (casos de Santana Lopes e Alberto João Jardim), o líder do PSD e antigos “exilados de esquerda” que nunca perdoaram ao PS o desprezo com que o Partido os tratou depois de 1974, sobe de tom a pressão sobre Marcelo. O Presidente devia substituir o Governo de António Costa por um de iniciativa presidencial. Além de inconstitucional, a manobra equivaleria a um golpe de Estado.
Hoje, no Público, António Barreto, adversário do Governo e alguém que não gosta do primeiro-ministro, diz o óbvio:
«Mudar o Governo? Fazer novo Orçamento? Repartir cargos pelos diferentes partidos? Distribuir os directores pelos partidos apoiantes? Voltar aos debates programáticos no Parlamento? Nem pensar nisso! Não há tempo, nem necessidade. Nem se compreenderia uma monumental perturbação política no meio da pandemia, da terceira ou quarta vaga. A não ser que se pretenda pura e simplesmente esquecer a democracia, congelar direitos e deveres, impor autoridade sem limites…»
Querem ir ao pote? Façam aprovar no Parlamento uma moção de censura, ou chumbem o próximo Orçamento de Estado. Verdade que nenhuma destas circunstâncias inibiria Marcelo de voltar a convidar Costa (creio que o faria). Mas, nesse caso, presumo eu, seria Costa o primeiro a exigir eleições antecipadas.
É escusado tentar pôr o carro à frente dos bois.