segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

A TRANQUIBÉRNIA

Por terem tido eco nos media, estes quatro exemplos são públicos. Mas como não nasci ontem e conheço a mentalidade indígena, presumo que o número de infracções deva ser multiplicado por cem. Deplorável.

Sim, não acontece só em Portugal. Mas o nepotismo dos outros não justifica o que se passa cá dentro.

O que vai na cabeça destas criaturas?

— José Calixto, presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz, fez-se vacinar, apesar de não pertencer a nenhum grupo prioritário. Alegou que, sendo cumulativamente presidente da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, entidade que gere o Lar do mesmo nome, tinha esse direito. Continua em funções.

— Natividade Coelho, directora do Centro Distrital de Setúbal do Instituto da Segurança Social, fez-se vacinar e mandou vacinar os 126 funcionários sob sua tutela. Nenhum dos vacinados pertence a qualquer grupo de risco. Demitiu-se do cargo no dia 29 de Janeiro.

— António Rui Barbosa, o médico de medicina desportiva que dirigia a Delegação do Norte do INEM (Porto), mandou vacinar o proprietário e os empregados da Pastelaria São Jorge, bem como o proprietário do Restaurante Transturística. Nenhum dos vacinados pertence a qualquer grupo de risco. Foi demitido ontem do cargo.

— Salazar Coimbra, administrador do Hospital de Riba de Ave, fez-se vacinar a si próprio, à mulher e à filha, mas também mandou vacinar uma recepcionista do hospital. O quarteto passou à frente de médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde. Nenhum dos vacinados pertence a qualquer grupo de risco. Continua no cargo.

Isto é o que veio nos jornais. Imagine-se o que nunca virá em qualquer media.