sábado, 23 de novembro de 2019

CADÊ AS MULHERES?

Por 179 votos a favor, 26 brancos e 9 nulos, a Assembleia da República elegeu ontem os seus representantes no Conselho de Estado. Dezasseis deputados não compareceram à votação.

Foram eleitos Carlos César (PS), Francisco Louçã (BE), Domingos Abrantes (PCP), Rui Rio e Francisco Pinto Balsemão (ambos do PSD). Louçã e Abrantes foram indicados pelo PS.

Além dos membros por inerência — o Presidente da Assembleia da República, o primeiro-ministro, o presidente do Tribunal Constitucional, o Provedor de Justiça, os presidentes dos Governos Regionais dos Açores e da Madeira e os antigos Presidentes da República —, e dos representantes da AR eleitos ontem, o Conselho de Estado integra também as cinco personalidades designadas pelo Presidente da República em 2016, quando iniciou o mandato.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

SEIS LIVROS


Hoje na Sábado.

Com as livrarias entupidas, há muito por onde escolher em todos os géneros literários. Seleccionei seis títulos: a biografia ficcionada de Augusto, um thriller centrado no Vaticano, o primeiro volume de uma trilogia famosa, um clássico irlandês, uma viagem ao inferno das crianças adoptadas e um policial heterodoxo.

Começar por um clássico, Augustus, última obra do norte-americano John Williams (1922-1994). Até à tradução de Stoner, feita com 50 anos de atraso, Williams era praticamente desconhecido do público português. Depois, aqui como em toda a parte, tornou-se muito citado. Augustus, que em 1973 venceu o National Book Award de Ficção, justifica todas as expectativas. Trata-se da biografia do filho adoptivo de Júlio César, ou seja, do homem que se tornou o primeiro imperador romano. Utilizando a forma epistolar (Cícero é um dos correspondentes), Williams traça o quadro das relações de força do império, tendo Roma como epicentro. Uma narrativa viciante. Publicou a Dom Quixote.

Mantendo Roma como ponto de referência, mas noutro registo, David I. Kertzer (n. 1948) escreveu um romance sobre O Rapto de Edgardo Mortara. Ou seja, ficcionou a história do rapaz judeu raptado em Bolonha, em 1858, pelo Santo Ofício, tornando-se protégé do Papa Pio IX. Factos que abalaram a Europa da época — Napoleão III tomou parte na controvérsia — e ainda hoje suscitam querela. Encontra-se em fase de produção um filme de Spielberg sobre o caso. Kertzer, especialista em história vaticana, recebeu o Pulitzer de 2015 por The Pope and Mussolini: The Secret History of Pius XI and the Rise of Fascism in Europe. Porém, O Rapto de Edgardo Mortara não é um ensaio histórico, é um thriller inspirado em factos verídicos. Publicou a Presença.

Quem prefira ficção pura deve ler O Jornalista Desportivo, de Richard Ford (n. 1944), romance que volta às livrarias com nova tradução. É o primeiro volume da famosa Trilogia Bascombe, na realidade um quarteto, pois saiu um quarto volume. Tudo gira em torno de Frank Bascombe, escritor em crise: morte do filho Ralph, divórcio, relações equívocas. Embora se trate de uma ficção sombria (a instituição familiar não escapa à mordacidade), Ford, voz ímpar da literatura contemporânea, prende o leitor ao longo de quatrocentas páginas. Publicou a Porto Editora.

O triplo homicídio de uma mulher, do filho de três anos, e de um padre, crime que chocou a Irlanda em 1994, serviu de pretexto para Edna O’Brien (n. 1930) escrever o portentoso Na Floresta. Romancista, contista, dramaturga, poeta e ensaísta, O’Brien é considerada a mais importante escritora irlandesa viva, tão hábil a escrever sobre o IRA como sobre as idiossincrasias sexuais da sociedade irlandesa (a trilogia Country Girls é um clássico do feminismo avant la lettre). No romance, Mich O’Kane, o kinderschreck perturbado por sucessivos abusos, ocupa o lugar que na vida real foi o de Brendan O'Donnell. O mesmo sucede com outros personagens, mas o plot segue a par os acontecimentos. Quem melhor do que O’Brien para transformar o horror em literatura? Publicou a Cavalo de Ferro.

O que significa adoptar uma criança? As agressões físicas e psicológicas ocorrem exclusivamente nas famílias de integração? Serão as casas de acolhimento eufemismos de guetos? A lei como tábua de salvação? Foi para responder a estas e outras perguntas que Patrícia Reis (n. 1970) escreveu As Crianças Invisíveis. Não é uma narrativa amável. Tratado com seriedade, o tema isenta-se de pieguice. A vida como ela é, crua, desapiedada, sem as arestas boleadas. Conceição é o único interstício de afecto que o romance se permite. Acompanhamos o percurso de M. — para cada criança uma inicial —, igual ao de tantos institucionalizados. O adjectivo é uma agressão. A invisibilidade é de regra. Chutado de casa para casa como criatura descartável, bola de pingue-pongue humana, M. terá de crescer sozinho. Ou sozinha? A escrita clara da autora domina com precisão o melindre do inominável. Publicou a Dom Quixote.

Com novo título — está nas salas o filme realizado por Edward Norton —, mas mantendo a tradução original, foi reeditado o livro mais conhecido de Jonathan Lethem (n. 1964), Os Órfãos de Brooklyn, thriller policial que celebrizou o detective Lionel Essrog. Laureado com o prestigiado National Book Critics Circle Award, o livro tem tudo para agradar a quem gostou de O Que Diz Molero, de Dinis Machado (a escala é outra, mas, à boleia da síndrome de Tourette, o delírio semântico tem semelhanças). Lethem já provou ser capaz de fazer melhor. Publicou a Lua de Papel.

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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

A LENDA


Contrariamente ao que alguns supõem, o manager dos estábulos reais e amigo íntimo de Isabel II, designado por Porchie, existiu mesmo, não é uma invenção da série de Peter Morgan.

Porchie é o diminutivo de Henry George Reginald Molyneux Herbert, ou seja, Lord Porchester, 7.º Conde de Carnarvon. Foi membro dos Royal Horse Guards e tornou-se responsável pelas corridas de cavalos reais em 1969. Tinha então 45 anos.

Em Maio desse ano, Porchie acompanhou a rainha numa viagem privada a França e aos Estados Unidos, países onde visitaram os melhores criadores de cavalos. A prolongada ausência da monarca coincidiu com reuniões preparatórias de um golpe de Estado contra o primeiro-ministro Harold Wilson, arquitectado por Cecil King (magnata da imprensa), a pretexto do caos económico e consequente desvalorização da libra esterlina.

Mas as pretensões do patrão do Daily Mirror esbarraram com a recusa final de Lord Mountbatten, primo da rainha, último vice-rei da Índia, envolvido na conspiração desde 1968. Assim que foi informada da tentativa de golpe, Isabel II interrompeu a viagem e regressou a Londres, metendo o primo na ordem. (Em 1974 haveria uma segunda tentativa para depor Wilson à força.)

A forma como a série ilustra a relação de Porchie com Isabel corrobora a lenda de um romance entre ambos. Porém, Dickie Arbiter, antigo secretário pessoal da rainha, foi peremptório: trata-se de um boato «very distasteful and totally unfounded.» Então ficamos assim.

Nas duas primeiras temporadas, Porchie é interpretado pelo actor Joseph Kloska. Na terceira, por John Hollingworth.

Na imagem, da esquerda para a direita, o príncipe Filipe, Porchie e a rainha. Clique.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

JOSÉ MÁRIO BRANCO 1942-2019


Sem que nada o fizesse prever, morreu esta madrugada o músico José Mário Branco, autor do mítico Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades (1971), álbum que junta letras suas com poemas de Camões, Natália, O’Neill e Sérgio Godinho.

Compositor, letrista e cantor, mas também produtor de vários artistas, entre eles Camané, José Mário Branco nasceu no Porto, foi dirigente da Acção Católica até 1958, militou no PCP [«saltei de uma igreja para a outra»], foi perseguido pela PIDE, exilou-se em Paris em 1963 e regressou a Portugal depois do 25 de Abril.

Em Maio de 1974 fundou o GAC — Grupo de Acção Cultural Vozes na Luta. Colaborou activamente com grupos de teatro, em especial A Comuna, e compôs música para duas dezenas de filmes de, entre outros, Luís Galvão Teles, Solveig Nordlund, Jorge Silva Melo, Paulo Rocha, Noémia Delgado e João Canijo.

Em 2018 foi editado Inéditos, juntando canções do período de 1967 a 1999.

Numa das últimas entrevistas que deu, afirmou: «O mundo está mesmo muito diferente. Deixámos de ter um projecto, aquela coisa ideológica do futuro

Tinha 77 anos.

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segunda-feira, 18 de novembro de 2019

THE CROWN, AGAIN


Vi os dois primeiros episódios da série de Peter Morgan. Magníficos.

Isabel II está com 38 anos e Olivia Colman é perfeita no papel. Não diria o mesmo de Helena Bonham Carter, que faz um retrato histriónico de Margarida (a personalidade da actriz acentua o lado antipático). Tobias Menzies devolve-nos um Filipe mais sarcástico. Etc.

O mais interessante, porém, são os temas abordados. Por exemplo:

No Outono de 1964, sem dinheiro para honrar os compromissos com o FMI, e portanto à beira da bancarrota, o Reino Unido vê-se obrigado a pedir mil milhões de libras aos Estados Unidos. O trabalhista Harold Wilson, primeiro-ministro desde Outubro, não consegue que Lyndon B. Johnson autorize o empréstimo. Quem desfaz o nó? Margarida, a irmã da rainha, durante uma visita (1965) aos Estados Unidos na companhia do marido, Antony Armstrong-Jones. Tudo se resolve num jantar na Casa Branca, no meio de anedotas porcas e muito álcool. As peripécias que conduzem ao jantar são deveras interessantes, mas não vou contar tudo.

O caso Blunt não é ignorado. Isabel II fica atónita ao descobrir que Sir Anthony Blunt, historiador de arte e Surveyor of the King and Queen’s Picture, era o 4.º homem do anel de cinco espiões de Cambridge. Ela desconfiava de Wilson, saiu-lhe Blunt. Sobre Blunt, além da extensa bibliografia histórica, existe um romance notável de John Banville, O Intocável. Foi também ele quem deu origem ao personagem Maurice, no romance The Climate of Treason de Andrew Boyle.

Voltando à série. A rainha fica indignada mas, em nome dos interesses do Reino, prefere fingir que nada aconteceu.

Blunt, que ocupava o cargo desde 1945, a convite de George VI, permanecerá no lugar até 1972. Só será publicamente exposto em Novembro de 1979, na Câmara dos Comuns, por Margaret Thatcher. Perdeu os títulos mas nada lhe aconteceu até morrer, pois tinha imunidade. O actor Samuel West é o Blunt da série.

E um dos momentos altos é a conversa que mantém com Filipe, o príncipe consorte, durante um vernissage. Filipe diz-lhe que devia ser denunciado, mas Blunt recorda-lhe a existência de fotografias comprometedoras do Caso Profumo (as fotos desapareceram de casa de Stephen Ward, o osteopata da alta sociedade responsável pela rede de prostituição de luxo que serviu de pano de fundo ao escândalo), fotos que estariam em mãos seguras, embora pudessem surgir a qualquer momento.

Sempre se suspeitou que Filipe fosse o membro sénior da família real... envolvido no caso, mas creio que é a primeira vez que isso é dito com todas as letras.

De resto, fotografia, diálogos, recriação de ambientes, guarda-roupa, reconstituições (como o interior dos Vickers VC 10 da BOAC), etc., tudo superlativo.

Clique na imagem: o casal real na série e na realidade.

domingo, 17 de novembro de 2019

THE CROWN, TRÊS


O dia está impossível, mas temos uma consolação de peso: a Netflix estreia hoje a 3.ª temporada da série de Peter Morgan que descreve e analisa o reinado de Isabel II. Em boa verdade, The Crown é um documento para a História. O projecto prevê seis temporadas.

A primeira temporada abrange o período que vai do casamento de Isabel e Filipe (1947) ao fim da ligação “inconveniente” de Margarida com o capitão Peter Townsend, por imposição de Churchill (1955). A segunda vai da Crise do Suez e consequente demissão de Anthony Eden (1956) ao nascimento de Edward (1964).

A terceira, novamente em 10 episódios, está disponível a partir de hoje e cobre os dois mandatos de Harold Wilson como primeiro-ministro, indo de 1964 a 1977.

Foi preciso mudar o elenco porque 20 anos é muito tempo na vida de qualquer pessoa. Assim, Claire Foy, que foi Isabel II nas temporadas anteriores, vê-se substituída por Olivia Colman; Matt Smith, que foi Filipe, dá o lugar a Tobias Menzies; e Vanessa Kirby, a irreverente Margarida, passa a bola a Helena Bonham Carter. E assim sucessivamente.

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sábado, 16 de novembro de 2019

DOUCE FRANCE


Cerca de três mil sequazes de Étienne Chouard, o professor do ensino técnico que lidera a ala radical dos Gilets Jaunes, celebraram o primeiro aniversário do movimento instalando o caos na Place d'Italie e outras áreas do 13.º bairro de Paris, mas também fora desse anel, em especial nas Praças da Bastilha e da República.

Os confrontos com a polícia começaram às 10 da manhã e ainda não terminaram.

Barricadas, carros incendiados, cafés, restaurantes e lojas vandalizadas, granadas de gás lacrimogéneo, vinte estações de metro encerradas, dezenas de feridos e mais de duzentas pessoas detidas.

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sexta-feira, 15 de novembro de 2019

CONTRA CORBYN


Um grupo de 24 personalidades da vida cultural britânica fez publicar no Guardian uma carta na qual declara não poder votar no Labour porque isso significaria apoiar o anti-semitismo de Corbyn.

Entre os signatários, na sua maioria votantes tradicionais do Labour, estão os historiadores Antony Beevor, Tom Holland e Dan Jones, os escritores John Le Carré, Fay Weldon, William Boyd e Frederick Forsyth, o empresário Jimmy Wales, fundador da Wikipedia, os actores Joanna Lumley, Simon Callow e Tom Holland, o activista Fiyaz Mughal, fundador do grupo Tell Mama (Measuring Anti-Muslim Attacks), o consultor internacional Ghanem Nuseibeh, presidente da associação britânica dos muçulmanos que lutam contra o anti-semitismo, o radialista Maajid Nawaz, o realizador Dan Snow, autor dos principais programas de História da BBC, e o jornalista-cineasta Oz Katerji.

Primeiro e último parágrafos da carta:

«The coming election is momentous for every voter, but for British Jews it contains a particular anguish: the prospect of a prime minister steeped in association with antisemitism. Under Jeremy Corbyn’s leadership, Labour has come under formal investigation by the EHRC for institutional racism against Jews. Two Jewish MPs have been bullied out of the party. Mr Corbyn has a long record of embracing antisemites as comrades. [...]

Opposition to racism cannot include surrender in the fight against antisemitism. Yet that is what it would mean to back Labour and endorse Mr Corbyn for Downing Street. The path to a more tolerant society must encompass Britain’s Jews with unwavering solidarity. We endorse no party. However, we cannot in all conscience urge others to support a political party we ourselves will not. We refuse to vote Labour on 12 December

Imagem: Guardian, jornal apoiante do Labour. Clique.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

SIEMPRE DENTRO DE LA CONSTITUCIÓN


Sánchez e Pablo Iglesias assinaram ao fim da manhã um pré-acordo de coligação.

Diz o texto: «El PSOE y Unidas Podemos hemos alcanzado un preacuerdo para conformar un Gobierno progresista de coalición que sitúe a España como referente de la protección de los derechos sociales en Europa, tal y como los ciudadanos han decidido en las urnas. [...] Los detalles del acuerdo se harán públicos en los próximos días. Actualmente, estamos avanzando conjuntamente en una negociación encaminada a completar la estructura y funcionamiento del nuevo Gobierno [...]»

O paper tem dez pontos. O n.º 9 estabelece: «El Gobierno de España tendrá como prioridad garantizar la convivencia en Cataluña y la normalización de la vida política. Con ese fin, se fomentará el diálogo en Cataluña, buscando fórmulas de entendimiento y encuentro, siempre dentro de la Constitución. También se fortalecerá el Estado de las autonomías para asegurar la prestación adecuada de los derechos y servicios de su competencia. Garantizaremos la igualdad entre todos los españoles

Não acredito na eficácia da solução. E gostava de saber onde vão buscar os 21 deputados que lhes faltam para a investidura e aprovação dos orçamentos de Estado.

Clique na imagem de El País.

ATLAS DOURADO


Foi agora traduzido o fabuloso Atlas Dourado do historiador britânico Edward Brooke-Hitching. Ao longo de 256 páginas encontramos mapas raros coloridos à mão, pinturas e gravuras antigas que nos revelam como o mundo se tornou conhecido.

Os 39 capítulos da obra abordam, entre outros, temas como a cartografia da antiguidade, a descoberta da América pelos vikings, as viagens de Marco Polo, os descobrimentos portugueses (em três capítulos), a circum-navegação de Magalhães, a viagem de Francis Drake, a descoberta da Nova Zelândia, a expedição de Vitus Bering, a era das mulheres viajantes e a corrida ao Polo Norte.

O apuro gráfico da edição faz justiça à qualidade das imagens (algumas são deslumbrantes) e o índice remissivo é um precioso auxiliar de leitura. A Bertrand está de parabéns.

Agora é preciso traduzir a obra mais famosa do autor, The Phantom Atlas: The Greatest Myths, Lies and Blunders on Maps.

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BOLÍVIA


Foi nestas condições que Evo Morales passou as últimas horas antes de partir para o México, país que lhe concedeu asilo político. O antigo Presidente deixou ontem a Bolívia, a bordo de um avião militar mexicano.

A imagem é do Twitter de Morales.

Recordar que, anteontem, por imposição dos militares, Morales renunciou ao cargo que ocupava desde Janeiro de 2006.

Nos quase catorze anos de exercício presidencial, Morales fez recuar de 37% para 17% o segmento da população que vivia abaixo do limiar da pobreza.

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segunda-feira, 11 de novembro de 2019

RIVERA SAI DE CENA


Em consequência do resultado eleitoral — perdeu 2,5 milhões de votos e 47 deputados —, Rivera demitiu-se há pouco de líder do CIUDADANOS.

O desaire eleitoral é resultado da teimosia dos últimos sete meses, bloqueando a investidura de Sánchez.

No dia em que sai de cena, recordar os cartazes de Setembro de 2006, nos quais posava nu para enfatizar que só as pessoas interessavam.

Clique na imagem de El País.

NOVO IMPASSE


Resultados oficiais das eleições em Espanha, com 99,9% dos votos escrutinados:

— Com 6,7 milhões de votos e 120 deputados eleitos, o PSOE venceu as eleições.

— Com 5 milhões de votos, o PP elegeu 88.

— Com 3,6 milhões de votos, o VOX (extrema-direita) elegeu 52 e tornou-se o terceiro partido de Espanha, sendo o vencedor absoluto na Comunidade Autónoma de Múrcia.

— Com 3 milhões de votos, o PODEMOS elegeu 35 deputados.

— Com 1,6 milhões de votos, CIUDADANOS apenas elegeu 10 deputados.

Rivera, líder do CIUDADANOS, é o grande derrotado da noite. Perdeu 47 deputados e 2,5 milhões de votos.

A almejada coligação do PP com o VOX não serve para nada.

A abstenção foi de 30,13%.

Clique na imagem de El País.

sábado, 9 de novembro de 2019

MURO, 30 ANOS


Completam-se hoje 30 anos sobre a queda do Muro de Berlim.

Eram onze da noite de 9 de Novembro de 1989 quando Günter Schabowski, porta-voz da comissão política do Sozialistische Einheitspartei Deutschlands (o partido único da RDA), declarou aberta, com efeitos imediatos, a fronteira entre a RDA e a RFA.

À medida que a conferência de imprensa prosseguia, dezenas de milhares de berlinenses do Leste dirigiram-se para o Checkpoint Charlie e para as várias passagens do Muro. Sem ordens superiores para agir, os militares renderam-se à evidência.

Embora parecesse um lapsus linguae, Schabowski, número dois do SED, sabia o que estava a fazer. O protocolo sobre a abertura da fronteira previa discussões a partir do dia seguinte, no Politburo, onde a situação poderia ser revertida ou, na melhor das hipóteses, adiada para as calendas.

Foi assim, deste modo, que tudo mudou nas duas Alemanhas.

A 3 de Outubro de 1990, menos de um ano passado sobre a abertura do muro, a RDA foi dissolvida e concretizou-se a reunificação alemã, voltando Berlim a ser a capital do país.

Trinta anos passados, os Estados comunistas que faziam parte da antiga RDA votam maioritariamente na extrema-direita.

Para memória futura, Berlim conserva pedaços dos 155 quilómetros do Muro original.

Na imagem, a secção do muro junto às Portas de Brandemburgo. Clique.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

LULA LIBERTADO

Eram 18:00 em Curitiba [21:00 em Lisboa] quando Lula da Silva saiu da cadeia.

«Eu saio com o maior sentimento de agradecimento. Eu tenho vontade de provar que esse país pode ser muito melhor a hora que ele tiver um governo que não minta pelo Twitter como Bolsonaro mente

Foi o juiz Danilo Pereira Júnior, da 12.ª Vara Federal de Curitiba, quem decidiu que a libertação seria hoje mesmo, menos de 24 horas transcorridas sobre o acórdão do Supremo.

Após 580 dias em cativeiro, o ex-Presidente foi recebido e aplaudido por centenas de apoiantes.

Sergio Moro, ex-juiz e actual ministro da Justiça, disse à imprensa que é necessário alterar a Constituição para impedir estas golpadas.

BRASIL EM TRANSE


Por 6 votos contra 5, o Supremo Tribunal Federal do Brasil estabeleceu que ninguém pode ser preso antes de esgotados todos os recursos previstos na Constituição.

A medida beneficia cerca de cinco mil presos, sendo um deles Lula da Silva, preso em Curitiba desde Abril de 2018.

A decisão foi tomada ao fim quatro sessões plenárias, iniciadas em 17 de Outubro, constituindo uma derrota clamorosa dos procuradores da Operação Lava Jato.

Aguarda-se para hoje a libertação do ex-Presidente.

Bolsonaro e os filhos lamentaram publicamente a decisão do Supremo.

Imagem: sessão do STF que exarou o acórdão.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

GEORGE MONTEIRO 1932-2019


Morreu ontem, aos 87 anos, o poeta e ensaísta George Monteiro, professor emérito da Brown University, de Providence.

Filho de pais portugueses, Monteiro nasceu na vila de Valley Falls, em Rhode Island, mas tinha poucos meses de idade quando, na companhia da mãe, Maria Augusta Temudo, veio para Portugal. E foi na Beira Alta que passou parte da infância, regressando aos Estados Unidos assim que a mãe obteve autorização de residência. Desde então viveu sempre nos Estados Unidos, salvo um intervalo (nos anos 1960) de dezoito meses, no Brasil.

Depois de frequentar as escolas públicas de Cumberland, Monteiro formou-se nas universidades de Brown e Columbia, tornando-se professor de literatura.

Da sua vasta obra ensaística destacam-se estudos sobre, entre outros, Fernando Pessoa, Elizabeth Bishop, Stephen Crane, Emily Dickinson, Henry James e José Rodrigues Miguéis. Traduziu para inglês autores como Pessoa, Miguéis, Torga e Sena.

Em 1975 tornou-se director do Centro de Estudos Brasileiros e Portugueses da Brown University.

Poeta tardio — terá começado a escrever poemas depois dos 40 anos de idade —, reuniu em The Pessoa Chronicles. Poems 1980-2016, da Bricktop Hill Books, o essencial da sua poesia.

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quarta-feira, 6 de novembro de 2019

SOPHIA, CEM ANOS


Faz hoje cem anos que nasceu Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), poeta, contista, ensaísta e tradutora.

Sophia nasceu no Porto, mas veio viver para Lisboa em 1937. Em 1946 casou com o advogado Francisco Sousa Tavares, de quem teve cinco filhos e de quem se divorciou em 1985. Entre 1975-76 foi deputada, eleita pelo PS, à Assembleia Constituinte.

Entre muitos outros, recebeu o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças (1992), o Prémio Camões (1999) e o Prémio Rainha Sofia (2003).

Por razões familiares, recusou dois cargos institucionais propostos por Mário Soares: o de secretária de Estado da Cultura e o de embaixadora de Portugal em Paris. Mas, em 1987, aceitou ser nomeada Chanceler das Ordens Nacionais.

Em 1998 foi doutorada honoris causa pela Universidade de Aveiro.

Organizada por Carlos Mendes de Sousa, a obra poética completa [1944-2001] foi publicada pela Editorial Caminho em 2010, num volume reeditado a partir de 2015 pela Assírio & Alvim.

Em 2014, os restos mortais de Sophia foram trasladados para o Panteão Nacional.

A foto da imagem é de 1996. Clique.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

FOIE GRAS OUT

Se gosta de foie gras e vai a Nova Iorque já sabe que não o encontrará em nenhum restaurante. Depois de Los Angeles (e de outras cidades da Califórnia), foi a vez de Nova Iorque proibir o foie gras.

Londres prepara-se para fazer o mesmo com o foie gras importado. A produção britânica está há muito interdita. Mas a Conservative Animal Welfare Foundation quer proibir a importação.

INTERCAMPUS


Tanto alarido com a orgânica e o tamanho do novo Governo, e o resultado da sondagem mais recente da Intercampus, hoje divulgada pelo Negócios e pelo Correio da Manhã, é este.

O PS cai 0,7% mas o PSD cai 3%, É obra! O partido que mais sobe é o PAN, ultrapassando o CDS.

Clique na imagem do Negócios.