Sem que nada o fizesse prever, morreu esta madrugada o músico José Mário Branco, autor do mítico Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades (1971), álbum que junta letras suas com poemas de Camões, Natália, O’Neill e Sérgio Godinho.
Compositor, letrista e cantor, mas também produtor de vários artistas, entre eles Camané, José Mário Branco nasceu no Porto, foi dirigente da Acção Católica até 1958, militou no PCP [«saltei de uma igreja para a outra»], foi perseguido pela PIDE, exilou-se em Paris em 1963 e regressou a Portugal depois do 25 de Abril.
Em Maio de 1974 fundou o GAC — Grupo de Acção Cultural Vozes na Luta. Colaborou activamente com grupos de teatro, em especial A Comuna, e compôs música para duas dezenas de filmes de, entre outros, Luís Galvão Teles, Solveig Nordlund, Jorge Silva Melo, Paulo Rocha, Noémia Delgado e João Canijo.
Em 2018 foi editado Inéditos, juntando canções do período de 1967 a 1999.
Numa das últimas entrevistas que deu, afirmou: «O mundo está mesmo muito diferente. Deixámos de ter um projecto, aquela coisa ideológica do futuro.»
Tinha 77 anos.
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