Transcrevo de um ensaio meu de 2008: «Não é fácil falar de Herberto, porque Herberto queima pontes, dando a ler uma suma com um pé no romantismo alemão, outro no imagismo russo, fora tradições inesperadas como a dos ameríndios.»
Natural do Funchal, Herberto foi quase toda a vida um nómada: funcionário do Observatório Meteorológico do Funchal, guia de marinheiros em Amesterdão, operário metalúrgico, empacotador de aparas de papel, bartender, policopista, delegado de propaganda médica, empregado da Caixa Geral de Depósitos, encarregado do serviço de bibliotecas itinerantes da Gulbenkian, colaborador do Anuário Comercial Português, da Emissora Nacional, da RDP e da RTP, publicitário, revisor tipográfico na Arcádia, editor na Estampa, jornalista em Angola, etc. (este resumo não é cronológico). Viveu alguns períodos em França, na Bélgica, nos Países Baixos e em Angola.
Estreou-se em livro em 1958, com O Amor em Visita. Além de poesia, publicou prosa — Os Passos em Volta, obra-prima de 1963, e Apresentação do Rosto, de 1968 —, bem como os ensaios de Photomaton & Vox (1979). Depois da sua morte foi publicado em minúsculas (2018), selecção de crónicas (1971-72) publicadas na revista Notícia, de Luanda.
Organizou antologias, a mais famosa das quais Edoi Lelia Doura (1985), e editou a revista Nova (1975-77), de que se publicaram dois números.
Recusou todos os prémios, incluindo o Pessoa, em 1994.
Faleceu vítima de ataque cardíaco, na casa de Cascais onde residia há mais de vinte anos. Um dos seus filhos é o comentador político Daniel Oliveira.
O poema desta semana pertence ao livro Lugar, publicado em 1962. A imagem foi obtida a partir de Ofício Cantante (2009), publicado pela Assírio & Alvim.
[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia, Jorge de Sena, Glória de Sant’Anna, Mário de Sá-Carneiro e Sophia de Mello Breyner Andresen.]
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