Nas palavras do júri, o livro faz a «síntese de um percurso poético ancorado na celebração do corpo e do desejo, que estabelece um diálogo transgressor com a tradição lírica e medieval e renascentista [...] fazendo-as implodir num erotismo vital, que se exerce numa contínua experimentação dos limites da nudez e mistério da palavra.»
Poeta e ficcionista, Maria Teresa Horta, nascida em Lisboa em 1937, publicou o primeiro livro de poesia em 1960, e o primeiro romance em 1970. Com Tatuagem integrou o núcleo fundador do grupo Poesia 61. Feminista heterodoxa, foi co-autora de Novas Cartas Portuguesas (1972), obra pela qual teve de responder em tribunal, num processo — conhecido como das Três Marias — que suscitou ressonância mediática planetária. Da sua vasta bibliografia poética destacaria Candelabro (1964), Minha Senhora de Mim (1971), Educação Sentimental (1975), Os Anjos (1983), Poemas para Leonor (2012), A Dama e o Unicórnio (2013) e o livro ora laureado.
Na área da ficção o destaque não pode ir senão para As Luzes de Leonor (2011), monumental romance sobre a marquesa de Alorna, sua ancestral. Mas Ema (1984) e A Paixão Segundo Constança H. (1994), dois exemplos entre outros, são prova de que alguma da melhor ficção portuguesa tem sido escrita por poetas.
Mulher de Esquerda, Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, Maria Teresa Horta foi jornalista durante mais de trinta anos, tendo, no vespertino A Capital, coordenado o suplemento Literatura e Arte. Foi ainda crítica de cinema e dirigente do ABC Cineclube de Lisboa. Um dos seus poemas mais celebrados, Verão Coincidente (1962), deu origem a uma curta-metragem de António de Macedo. Como tradutora, devemos-lhe Ópio, de Cocteau.
Entre outros prémios e distinções, recebeu em 2011 o Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus. Em 2017 recusou receber o Prémio Oceanos que lhe fora atribuído ex-aequo com o escritor brasileiro Bernardo Carvalho.
Parabéns, Teresa.
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