Com 1.170 infectados e um morto, números de ontem, a República da África do Sul impôs quarentena por 21 dias, com recolher obrigatório associado. A medida entrou ontem em vigor. Cyril Ramaphosa, o Presidente, foi claro: «Até à meia-noite de 16 de Abril, todos os sul-africanos terão que ficar em casa.»
Tenho recebido vídeos de amigos e familiares que ainda lá vivem. Joanesburgo, a maior cidade sul-africana, tem seis milhões de habitantes (na área metropolitana são nove milhões). É fácil imaginar a situação.
Mas o pior ocorre longe das grandes cidades. Há cinco ou seis dias encerraram as minas de ouro, onde trabalham milhares de moçambicanos. Sem emprego e sem alojamento (as minas encerraram os dormitórios), esses homens viram-se obrigados a regressar a Moçambique, a maioria deles a Maputo.
Chegados à fronteira, esperava-os uma surpresa: o pessoal de controlo tinha desaparecido. A fronteira de Komatipoort, porta de entrada para quem vai de Maputo para a África do Sul (e vice-versa), encontra-se aberta.
Habituada a abastecer-se nos supermercados da cidade sul-africana, situada a escassos 98 quilómetros da capital moçambicana, a classe média de Maputo terá de contentar-se com a oferta local.
Em Komatipoort, como também em Nelspruit e outras cidades próximas da fronteira, está tudo fechado. Agora é só imaginar o caos das grandes cidades, como Durban, Cape Town (sede do Parlamento) ou Pretória (a capital do país). Um filme de terror.
De Moçambique sabe-se pouco, infelizmente.