Quando me contaram, pensei que era anedota. Mas não. Passos Coelho propôs mesmo uma revisão extraordinária da Constituição, de modo a permitir eleições “imediatamente”. O disparate começa no invocado carácter extraordinário. Tendo a última revisão ocorrido há mais de cinco anos, a próxima será sempre de natureza ordinária. E depois temos os prazos. Admitindo que o PS fizesse a vontade a Passos, porque sem os votos do PS nenhuma revisão se fará, nem extraordinária nem ordinária, subsistem os prazos estabelecidos. Claro que esses prazos podem, e devem (mas não neste momento), ser encurtados, mas a sua redução dificilmente iria além de 30 dias. Ou seja, com muito boa vontade de todas as partes, Parlamento e Presidente da República incluídos, e fazendo tudo a correr, nunca haveria eleições antes de Maio. Ora como elas se podem realizar em Junho, se o próximo Presidente da República decidir dissolver o Parlamento, o que poderá fazer a partir de 4 de Abril, a manobra tresanda a futilidade. Nisto tudo, o que me surpreende é o descaso relativamente ao OE 2016. Neste momento, atento o comportamento da PAF, ter ou não ter Orçamento de Estado parece ser tão irrelevante como escolher a cor da gravata.