sábado, 17 de agosto de 2019

MÁRIO


Tenho tido a sorte de ver grandes actores e actrizes em cena, aqui e lá fora. Mas nunca a performance de alguém me arrasou tanto com a de Flávio Gil, em Mário.

Durante 70 minutos, sozinho no palco, Flávio Gil faz o retrato da repressão homofóbica que foi a imagem de marca de Portugal durante o Estado Novo.

A partir da biografia do bailarino Valentim de Barros (1916-1986), internado no Hospital Miguel Bombarda, de Lisboa, por decisão de um tribunal, o actor e encenador Fernando Heitor escreveu e encenou a peça que está em cena no São Jorge — Mário.

Acusado de «psicopatia homossexual e pederastia passiva», vítima de lobotomia executada por Egas Moniz, o malogrado bailarino esteve preso naquele hospital durante 38 anos consecutivos: entre 1948 e 1986. Foi a partir destes factos que Mário — a peça de Fernando Heitor a que Flávio Gil dá corpo — nasceu.

Um monólogo perturbador servido por um actor de excepção.

Clique na imagem de Flávio Gil fotografado por Fernando Heitor.