sexta-feira, 18 de março de 2022

PORQUÊ?

O grande dilema dos historiadores que, no futuro, tentarem perceber a invasão da Ucrânia de 2022 radica no móbil que terá levado Putin a ordenar uma guerra em moldes que, sendo plausíveis há 80 anos ou mais anos, não fazem hoje sentido.

Admitindo que alguém o tenha convencido de que Zelensky fugia para o Ocidente assim que os tanques entrassem no Donbass, mesmo nessa hipótese absurda, havia que contar com a resistência de um povo determinado. Se Zelensky fosse abatido, ou fugisse (como em 2014 fugiu Víktor Yanukóvytch), outro ucraniano anti-Moscovo ocuparia o seu lugar. O mito dos russófilos que receberiam as tropas russas de cravos na mão foi engendrado por quem?

Tentar ocupar a Ucrânia, um país maior do que a França, com 150 mil homens (desconhecedores do terreno) e divisões panzer, ultrapassa toda a lógica. Claro que, como tem estado a ser feito, o país pode ser arrasado de Leste a Oeste e de Norte a Sul. Mas de que servirá uma tão vasta extensão de terra queimada?

Sim, há que contar com os mísseis. E não podemos descartar a hipótese de que, para vergonha de todos nós, Kiev venha a ser a nova Hiroshima. 

«Vou cumprir até ao fim todos os meus objectivos, e sei como fazê-lo», reiterou ontem Putin, no Estádio Luzhniki, de Moscovo, durante o comício em que celebrou a anexação da Crimeia.