segunda-feira, 14 de março de 2022

JORGE SILVA MELO 1948-2022


Vítima de doença prolongada, morreu esta noite Jorge Silva Melo, actor, encenador, dramaturgo, editor dos Livrinhos de Teatro, realizador de cinema, guionista, tradutor, cronista, memorialista, crítico, professor na Escola Superior de Teatro e Cinema e director da companhia de teatro Artistas Unidos.

Natural de Lisboa, Silva Melo passou a infância e o início da adolescência em Angola, onde seus pais estavam radicados. Frequentou a Faculdade Letras da Universidade de Lisboa e, a partir de 1969, a London Film School. Fez teatro em Berlim, Paris e Milão. 

Antes de partir para Inglaterra foi um dos fundadores do Grupo de Teatro de Letras. Mais tarde (1973) fundou com Luís Miguel Cintra o Teatro da Cornucópia, onde permaneceu até 1979. Como bolseiro da Gulbenkian estagiou em Berlim com Peter Stein, em Paris com Jean Jourdheuil e em Milão com Giorgio Strehler. Em 1995 fundou os Artistas Unidos (verdadeira escola de teatro), exigente companhia que dirigiu até morrer.

Como realizador de cinema integrou a cooperativa Grupo Zero (1975-79), tendo realizado mais de uma dúzia de filmes, entre eles o mítico António, Um Rapaz de Lisboa (2000). Como actor de cinema trabalhou com Manoel de Oliveira, Paulo Rocha, João César Monteiro, Alberto Seixas Santos, Joaquim Pinto, Manuel Mozos, José Álvaro Morais, João Botelho e outros. Da sua filmografia constam filmes sobre diversos artistas plásticos: António Palolo, Nikias Skapinakis, Álvaro Lapa, Sofia Areal, Joaquim Bravo, Ângelo de Sousa e Fernando Lemos.

Deixa-nos dois excepcionais livros de memórias: O Século Passado (2007) e A Mesa Está Posta (2019). Da restante bibliografia consta o libreto de Le Château dês Carpathes de Philippe Hersant. Entre outras, traduziu obras de Pasolini, Goldoni, Pirandello, Brecht, Oscar Wilde, Harold Pinter, H.P. Lovecraft, Georg Büchner, Heiner Müller e Ramón Gómez de la Serna.

Em Maio de 2021 foi doutorado honoris causa pela Universidade de Lisboa.

Muito mais haveria a dizer, mas a morte de um amigo deixa-nos sempre interditos. Até sempre, Jorge.

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