terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

A TASK FORCE ALEMÃ

Ouvi ontem as declarações do coronel Jens-Peter Evers, o médico que coordena a equipa médica alemã que está em Portugal desde o passado dia 3.

Evers participou na conferência de imprensa dada no Hospital da Luz, de Lisboa, onde os 26 membros da equipa estão a trabalhar. Vieram ajudar na medicina intensiva e, desse modo, fazer baixar o rácio de transmissibilidade. Ocupam-se de doentes críticos transferidos de hospitais da Amadora, Loures, Almada e Cascais.

Fazem-no no Hospital da Luz por uma razão muito simples: boas instalações e equipamento de ponta não faltam, mas, no âmbito da pandemia, a escassez de recursos humanos é gritante, sobretudo na área dos intensivistas e dos enfermeiros.

O Dr. Jens-Peter Evers elogiou a metodologia das autoridades portuguesas de saúde — «Portugal não fez nada de errado...» — e a excelente comunicação com os profissionais da Luz. Também disse que as três semanas previstas seriam expandidas com novas equipas.

Quando ouvimos o PSD, o BE, o CDS, a IL e o CH, mais os patetas do costume (muitos deles médicos), a acusar Marta Temido de “não usar toda a capacidade instalada”, temos a noção do engodo.

Em Portugal, os grandes hospitais privados estão bem equipados, dispõem de profissionais qualificados e de instalações modernas, mas não estão preparados para situações críticas. Sempre assim foi e a pandemia nada mudou. No passado 31 de Janeiro faleceu um amigo meu, um amigo muito próximo, vítima de Covid-19. Tinha dado entrada num grande hospital privado, onde permaneceu poucas horas antes de ser transferido para Santa Maria. De que lhe serviu ter usado “toda a capacidade instalada”?

Nada tenho contra a medicina privada. A minha única experiência de internamento hospitalar ocorreu em 2014, numa unidade privada — o Hospital dos Lusíadas, de Lisboa —, e só tenho elogios a fazer a todos (médicos, enfermeiros e auxiliares) quantos, durante seis dias, zelaram pela minha saúde e pelo meu conforto. Sim, numa escala de zero a vinte, merece classificação máxima. Mas estamos a falar de uma intervenção cirúrgica programada com três meses de antecedência.