O statement que o Presidente da República fez ontem de manhã (aos media que o abordaram na rua) foi uma desautorização clara do ministro da Defesa.
João Gomes Cravinho havia proposto a demissão do Chefe de Estado-Maior da Armada, colocando no seu lugar o vice-almirante Gouveia e Melo. Aparentemente, o PR fora apanhado de surpresa. Afinal não foi assim.
Como se soube mais tarde, o almirante Mendes Calado, actual CEMA, foi reconduzido no cargo no passado mês de Fevereiro com o compromisso de sair em Fevereiro de 2022, compromisso que era do conhecimento do PR. Mais: Mendes Calado fora informado pessoalmente pelo ministro da antecipação da sua saída.
O primeiro-ministro não gostou do bruá e, na companhia do ministro, foi a Belém. Após a reunião, a Presidência esclareceu: «O Presidente da República recebeu, a seu pedido, o Primeiro-Ministro, que foi acompanhado pelo Ministro da Defesa Nacional. Ficaram esclarecidos os equívocos suscitados a propósito da Chefia do Estado-Maior da Armada.» O laconismo diz mais que mil palavras.
Repito um breve trecho do que escreveu o deputado Porfírio Silva: «Hoje ouvi o PR dizer que se tinha combinado com um altíssimo responsável de uma prestigiadíssima instituição nacional, aquando da respectiva nomeação, que não cumpriria o seu mandato até ao fim... para dar a oportunidade a outro camarada de ocupar esse lugar de altíssima responsabilidade antes de abandonar o activo.»
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