sábado, 12 de dezembro de 2020

O NOME DAS COISAS


Estou orgulhoso do André Caldas, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros. Conheço-o desde o tempo em que foi Presidente da Junta de Freguesia de Alvalade, funções que acumulava com as de chefe de gabinete de Mário Centeno, quando este foi ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo.

Antes de entrar a tempo inteiro na política, o André foi professor de Direito Romano na Universidade de Lisboa, presidente da OPART (organismo que tutela a Orquestra Sinfónica Portuguesa, o Teatro Nacional de São Carlos e a Companhia Nacional de Bailado), integrou a direcção da Associação Musical Lisboa Cantat, em suma, era um homem da Cultura.

O facto de sermos amigos não me inibe de manifestar publicamente a minha admiração pela entrevista (sobre vários temas) dada à revista da Universidade de Lisboa.

Excerto:

«Não sei exatamente porque é que a homofobia existe. Acho que é um jugo do qual a sociedade se libertará, mas ainda há algum caminho para lá chegar. O que é que podemos fazer? As pessoas públicas viverem a sua homossexualidade com naturalidade. Sou o primeiro membro do governo casado com uma pessoa do mesmo sexo e não faço disso especial alarde público, mas também não sinto que seja apenas um aspeto da minha vida pessoal. E espero que isso possa significar, para os jovens portugueses, que não estão condenados a um ostracismo. Se houver um jovem que, pelo meu exemplo, se possa sentir mais livre para viver a sua orientação sexual abertamente, eu ficaria muito feliz. Nunca me senti vitimizado em razão da minha orientação sexual, mas tenho consciência de que, sendo de Lisboa e de um contexto social e familiar progressista, a minha experiência não se compara com a de outras pessoas homossexuais. Não nos podemos permitir vitimizar-nos, e devemos desarmar os nossos adversários vivendo abertamente a sexualidade. Ninguém me pode aviltar em função da minha orientação sexual, porque não o admito. Se alguém me aviltar, não me posso sentir diminuído – sinto, pelo contrário, que o outro é diminuído. Enquanto sociedade, temos de perceber que existe diversidade e que as pessoas não são diminuídas por integrarem uma minoria, de índole sexual ou outra. E quem pertence a uma minoria tem de ter uma grande energia para se dar permanentemente ao respeito

Ora bem. Parabéns, André.

Clique na imagem do Observador.